Para o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace) e presidente da Câmara do Setor de Hortaliças do Ministério da Agricultura, Rafael Corsino, o Brasil enfrenta uma dificuldade muito grande: as importações ilegais que levam afastar a competitividade do produtor nacional. Para o CB.Agro – parceria entre Correspondência e TV Brasília —nesta sexta-feira (7/5), ele argumentou que principalmente no caso do alho, onde 40% do consumo vem do exterior, é muito difícil fiscalizar o contrabando que entra através das fronteiras.
Diferentemente do alho, Rafael Corsino destaca que o Brasil consome praticamente toda cebola que produz, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) dessa hortaliça pode chegar a R$ 5 bilhões. No caso do alho, ele acredita que seja em torno de R$ 3 bilhões.
“Levamos o contrabando ao conhecimento das autoridades, mas elas não conseguem toda a entrada. E isso afetou muito a produção da região Sul, que plantou cerca de 5 mil hectares de alho. E este ano vai plantar 1.800, ou 2.000 hectares por conta dessa concorrência desleal”, alerta.
Além do produto chegar ilegalmente ao país, importá-lo legalmente também pode ser um problema. O produto vem de dois países principais, 75% da Argentina e cerca de 25% da China. Para o presidente da Anace, o alho estrangeiro muitas vezes não paga tarifa sobre o custo de importação e acaba chegando ao país com um preço injusto ao produto nacional.
“O governo brasileiro impôs a tarifa antidumping para evitar que a China praticasse dumping no mercado brasileiro, mas os importadores levam essa discussão ao judiciário, que cancela o imposto. O governo recorre e em muitas situações conseguimos reverter e em outras situações não revertemos”, afirma.
O consumo de alho aumentou cerca de 17% durante a pandemia, porque as pessoas entendem que o alimento ajuda na imunidade, na proteção contra doenças como gripe e covid-19. Rafael afirma ainda que as características do alho brasileiro são cerca de 5 vezes mais concentradas que as dos produtos estrangeiros. “Nosso alho tem cinco vezes mais alicina, substância responsável pela imunidade e que, junto com outras, confere mais sabor. Se você usar um dente de alho roxo brasileiro, vai precisar de 5 dentes para que o estrangeiro tenha o mesmo sabor”, destaca.
*Estagiário sob supervisão de Talita de Souza
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