Em audiência pública no Congresso Nacional, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, minimizou o patamar atual da taxa básica da economia (Selic), de 10,50% ao ano, ao não admitir que as taxas de juros do Brasil são exorbitantes. Segundo ele, a média de vários países é maior.
“Não dá para dizer que temos uma taxa de juros exorbitante, apesar de termos uma inflação muito baixa. Na verdade, temos uma taxa Selic menor que a média de outros países. E temos uma inflação menor que a média, mesmo estando passando por um período de inflação global muito elevada”, disse Campos Neto, ontem, na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), na Câmara dos Deputados. Ele destacou que, entre 2019 e 2024, o Brasil teve inflação mais baixa com taxas de juros mais baixas.
O presidente do município reforçou que o Brasil realmente teve uma desancoragem das expectativas de inflação, o que é preocupante. “Ainda é verdade que as taxas de juros (dos empréstimos) no Brasil são absurdamente altas, não discutimos isso. O que estamos tentando mostrar aqui é que, ao longo do tempo, conseguimos trabalhar com taxas de juros básicas mais baixas em comparação com a outros intervalos da história, tanto na parte real (após a inflação) quanto na parte nominal”, afirmou.
Campos Neto afirmou ainda que o Brasil tem uma taxa de juros neutra – uma taxa de juros real que não impacta a atividade – superior à de alguns outros países. Vale lembrar que, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC elevou a taxa de juros neutra de 4,5% para 4,75% ao ano.
Campos Neto disse aos deputados que, à medida que o processo de desinflação desacelera no país, a autoridade monetária manterá o foco no processo de convergência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, em direção à meta, de 3% ao ano, com teto de 4,5%. “O Banco Central tem atuado de forma técnica e autônoma no cumprimento de suas missões”, disse Campos, lendo um slide preparado para a Comissão. “Mais recentemente, as decisões têm sido unânimes no Comitê de Política Monetária”, acrescentou, referindo-se às duas últimas reuniões, que foram consensuais para a manutenção da Selic no patamar atual.
Segundo dados do IBGE, o IPCA de junho acelerou acima do esperado e registrou alta de 4,5% nos últimos 12 meses, despertando alarmes entre analistas de mercado que não descartam alta da Selic neste ano, caso o dólar continue em alta. a partir de R$ 5,60 até dezembro.
Otimismo na Bolsa de Valores
Um dia depois do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo — um dos nomes mais populares para substituir Campos Neto a partir de janeiro de 2025 — repetiu o presidente do BC em seu discurso na ata do Copom que o colegiado “não hesitará” em aumentar as taxas de juros, se necessário, o mercado financeiro permaneceu mais otimista.
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) subiu 0,98% e fechou o dia aos 132.378 pontos, impulsionada pelos dados da inflação no atacado dos EUA que vieram dentro do esperado. O dólar comercial caiu 0,85% e fechou o pregão cotado a R$ 5,449 para venda.
Na audiência na Câmara, o presidente do BC lembrou que Galípolo, indicado pelo presidente Lula, também manteve seu discurso de que os juros poderão subir caso haja necessidade de a inflação convergir para a meta no horizonte relevante, ou seja, até o primeiro trimestre de 2026. Posteriormente, questionado por jornalistas sobre a fala de Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi inflexível quanto a essa possibilidade. “A melhor resposta nem sempre é aumentar as taxas de juro”, frisou.
Enquanto isso, as projeções para o IBovespa no final deste ano voltaram a ser mais otimistas, com metade dos gestores da América Latina esperando que o índice fique entre 130 mil e 140 mil pontos até dezembro. Segundo o economista Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a alta do IBovespa ontem foi impulsionada principalmente pelos bancos, que divulgam balanços com lucros bilionários.
Segundo Felipe Martins Passero CFA e especialista em investimentos, o mercado tem vivido uma sequência de altas, impulsionado pela alta das ações dos bancos, que tiveram resultados positivos divulgados nos últimos dias, e pelo otimismo no exterior pela perspectiva de aumento dos juros nos os Estados Unidos. “As bolsas de Nova York também operaram no campo positivo. Há medo de recessão nos EUA. Mas isso não prejudicou as ações brasileiras.”
O presidente do Banco Central destacou ainda que o cenário internacional continua adverso e que existem problemas relacionados com o aumento da dívida global e riscos associados às eleições nos Estados Unidos e ao abrandamento da economia chinesa. Ele destacou que há maior preocupação com alguns casos, como o da Austrália, onde a inflação voltou a subir.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
ra soluções financeiras
blue cartao
empresa de crédito consignado
download picpay
brx br
whatsapp bleu
cartão consignado pan como funciona
simulador crédito consignado
como funciona o cartão consignado pan
ajuda picpay.com