A Caixa Econômica Federal definiu que pelo menos 30% dos cargos de gestão sejam ocupados por mulheres. A alteração dos estatutos do banco foi anunciada, em primeira mão, pelo seu presidente, Carlos Vieira Fernandes, em entrevista ao CB.Powerna terça-feira (27/8). Aos jornalistas Denise Rothenburg e Carlos Alexandre de Souza, Vieira comentou sobre os investimentos na área socioambiental. Ele também comemorou lucro de R$ 6,2 bilhões no primeiro semestre, impulsionado principalmente pelo crédito habitacional.
“Minha Casa, Minha Vida é uma política governamental de muito sucesso, porque promove a criação de empregos, a redistribuição de renda, a redução do déficit habitacional e a melhoria da qualidade de vida”, afirmou. Abaixo trechos do programa:
No primeiro semestre, a Caixa teve lucro 36% superior ao mesmo período do ano passado, com valor de R$ 6,2 bilhões. Como ocorreu esse lucro?
Esse resultado foi construído a partir de recursos recorrentes, ou seja, da atividade fim do banco, sem nenhuma ação de venda de ativos ou qualquer outra forma de construção desse resultado. A habitação contribuiu muito para a margem financeira do nosso negócio. Neste semestre, batemos recorde de quase R$ 113 bilhões em pedidos habitacionais. Além disso, acreditamos que a participação e dedicação dos 87 mil colaboradores do banco foi fundamental para esses resultados.
Em relação ao setor habitacional, qual a sua avaliação do Minha Casa, Minha Vida neste primeiro semestre?
A Caixa entende que o Minha Casa, Minha Vida é uma política governamental de muito sucesso, porque promove a geração de empregos, a redistribuição de renda, a redução do déficit habitacional e a melhoria da qualidade de vida. Existe um estudo da Fundação João Pinheiro que caracteriza a melhoria emocional das pessoas quando têm casa própria. Então, com a volta do programa, agora no terceiro mandato do presidente Lula, isso foi feito com muita maestria e com a ajuda da Caixa, que administra 99,5% do programa. Em setembro chegaremos a 800 mil unidades do programa já produzidas desde o início do governo. O Minha Casa, Minha Vida é espetacular do ponto de vista da geração de empregos. Para cada 100 unidades existentes no Minha Casa, Minha Vida, são gerados 67 empregos no entorno daquela comunidade. Acredito que seja um programa extremamente bem-sucedido. Vale ressaltar que esta visão governamental é muito coerente com o que os maiores países do mundo fazem com suas economias, sempre colocando a habitação como carro-chefe da economia.
Como está a questão da agricultura dentro da Caixa Econômica?
Hoje a Caixa está entrando no chamado Pronaf B, que é uma linha de financiamento, onde o banco tem uma localização bem específica, que são famílias de baixa renda ligadas à agricultura. Nossa meta este ano é destinar algo em torno de R$ 30 ou 40 bilhões para esse público. O governo está totalmente alinhado com esse plano e a Caixa será o novo player da agricultura familiar.
A Caixa chegou a acordo com o Ibama, como o banco atuará em situações de incêndio?
Esse acordo que firmamos com o Ibama é uma forma de direcionar alguns recursos ao órgão, para aquisição de equipamentos, para agilizar o tempo de resposta dos profissionais em situações de incêndios e outras tragédias. Outro aspecto muito importante é a disponibilização de transporte para que os profissionais do Ibama possam realizar avaliações ambientais em locais onde o Ibama geralmente não consegue ir. Então, a Caixa vai dar esse apoio ao Ibama nessas situações.
Como funciona o fundo socioambiental da Caixa, com R$ 2 bilhões de reais?
Existem diversos editais dentro do fundo para que a população possa ser beneficiada. A Caixa entende que se trata de um estímulo que o banco está dando à economia. Um exemplo é o que fizemos para ajudar na calamidade no Rio Grande do Sul, com um edital específico para que o estado receba projetos da sociedade civil que possam melhorar a qualidade de vida após a tragédia. Além disso, temos uma clareza muito efetiva na Caixa da Economia Circular, ou seja, a melhoria da economia acontece com os aspectos sociais e ambientais. Outro exemplo é o incentivo aos catadores de lixo. Para esse segmento de reciclagem estimamos um valor de R$ 55 milhões. Além de outros segmentos que buscamos apoiar, como microempreendedores com conta digital Mei. Existem diversas formas de apoiar o ambiente socioambiental e existe uma economia próspera que pode ser alcançada através desses incentivos para esses segmentos da sociedade.
Em relação aos segmentos lotéricos, como a Caixa quer se inserir no mercado de apostas online?
Seguindo a regulamentação ocorrida no ano passado, no Brasil e no mundo, esse mercado de apostas começou a crescer e o banco entendeu que precisávamos nos organizar em torno de um mercado que será regulado pelo governo. Então, a Caixa se qualificou para ser um desses investidores e temos certeza que, pela nossa vocação em loterias, seremos muito representativos neste mercado.
Em relação à mobilização do Feminicídio Zero, como a Caixa está contribuindo para esta campanha?
Fomos procurados pela Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, para discutir o assunto e ficamos extremamente emocionados com a campanha e aderimos ao pacto. É um tema muito relevante na sociedade brasileira e precisa ser enfrentado com consciência e educação em nossa sociedade. Apesar de ser amplamente caracterizado como um crime cometido mais em famílias de baixa renda, temos exemplos de feminicídios em classes altas. O feminicídio é um problema que atinge todas as classes sociais. É um assunto muito complexo, mas que precisa ser encarado de frente.
Quais são as iniciativas da Caixa para mulheres que querem empreender?
Temos diversas ações voltadas para a qualificação feminina. No site da Caixa há tarifas diferenciadas para mulheres que desejam empreender, mas, se preferirem, os funcionários das agências podem orientá-las sobre planos que viabilizem o empreendedorismo. Além disso, o processo de independência financeira da mulher é muito importante, é um fator que leva à liberdade, no aspecto financeiro. O papel da Caixa é ser indutor dessa liberdade. Quero aproveitar para dizer, em primeira mão, que estamos alterando o estatuto da Caixa para permitir que pelo menos 30% dos cargos de gestão sejam ocupados por mulheres. Então, é um trabalho desenvolvido pela Caixa para aumentar a conscientização interna, além de dar espaço para as mulheres ocuparem esses cargos de poder.
Confira a entrevista completa
*Estagiário sob supervisão de Edla Lula
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