O mercado financeiro começa hoje (18/9) com grande expectativa em torno da “Super Quarta-feira”, marcada pelas decisões de política monetária dos bancos centrais do Brasil (Copom) e dos Estados Unidos (Fomc). Especialistas apontam que o cenário tende a apresentar movimentos opostos nas duas economias, com efeitos diretos nas taxas de juros.
Nos Estados Unidos, a Reserva Federal (Fed) deverá anunciar uma nova redução das taxas de juro, possivelmente em 0,25 pontos percentuais. Esta expectativa foi reforçada pelas recentes declarações do presidente da Fed, Jerome Powell, que sinalizou uma política de flexibilização gradual, procurando estimular a economia americana.
O especialista em Finanças da Fipecafi, Felipe Nasciben, comenta que os dados norte-americanos continuam abaixo das expectativas à medida que a economia vem crescendo, mas em um ritmo mais lento do que se imaginava e previa. Para ele, o Fomc já deveria ter iniciado o ciclo de redução dos juros na reunião anterior, mas optou por esperar e manteve a faixa entre 5,25% e 5,50% —o que os coloca “atrás” da curva, atrás da curva das necessidades de incentivos.
“No entanto, a próxima reunião deverá finalmente trazer o início do relaxamento monetário. A verdade é que o que é necessário deveria ser um relaxamento um pouco maior, de 0,50%, e continuo acreditando que esse poderia ser mesmo o movimento. Parte do mercado começa a acreditar mais nessa ação mais intensa”, aponta Nasciben.
Por outro lado, no Brasil, o consenso entre os analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) seguirá o caminho oposto. Com a Selic atualmente em 10,50% ao ano, a expectativa é que o Banco Central do Brasil promova um novo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, em mais uma decisão unânime. Esse movimento busca conter as pressões inflacionárias, principalmente após o surpreendente crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, superando as expectativas do mercado e do governo.
Especialistas acreditam que esse aumento da Selic é praticamente certo, pois visa garantir a estabilidade econômica e evitar ruídos no mercado financeiro, principalmente após o forte desempenho recente da economia brasileira. O aumento das taxas de juros no Brasil reflete uma política de controle da inflação, enquanto os Estados Unidos caminham em direção à flexibilidade para estimular o crescimento.
Para o professor de finanças da Fipecafi, Rogério Paulucci Mauad, embora a inflação de agosto tenha sido negativa (-0,02%), há pressão para os próximos meses devido, por exemplo, ao futuro aumento nas contas de luz. e taxas de câmbio, que podem ter impacto no aumento dos preços das matérias-primas.
“Com a deflação de agosto, há pressão dos setores produtivos para que o Banco Central mantenha a Selic estável. Porém, mesmo com essa pequena deflação de agosto, o mercado espera que o BC inicie um ciclo de aumento da taxa Selic e a eleve entre 0,25% e 0,5%”, argumentou Mauad.
A “Super Quarta-feira” promete, no entanto, ser decisiva para os rumos das economias brasileira e norte-americana, com impactos significativos para os investidores e para o cenário econômico global.
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