Apesar de estar bem posicionado para expandir a cadeia do hidrogênio verde (H2V), o Brasil enfrenta uma série de desafios para se consolidar como uma potência global de combustíveis limpos. Uma delas é a qualificação técnica e capacitação de profissionais para atender a crescente demanda do país.
Pesquisa recente divulgada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com o projeto H2 Brasil, mostrou que o país precisará formar três mil profissionais por ano para ampliar a produção. A pesquisa foi realizada com 128 especialistas em parceria com acadêmicos da Alemanha e considerou três níveis de ocupação: médio, baixo e alto.
Para 48% dos entrevistados, as condições para a transição já estão sendo implementadas no país. Outros 37% citaram a importância das plantas piloto para a produção do elemento, e 35% defenderam a ampliação de acordos internacionais na área.
No nível médio, que inclui técnicos e trabalhadores qualificados, são necessários 2.863 novos profissionais a cada ano. No nível baixo, que inclui trabalhadores semiqualificados e não qualificados, 2.248 anualmente. No alto nível, formado por cientistas e engenheiros altamente qualificados, a pesquisa não traz números, apenas indica que a demanda é relativamente menor e concentrada em universidades e centros de pesquisa.
“Teremos um primeiro movimento, de especialização de quem tem nível superior nas áreas que vão trabalhar com pesquisa, desenvolvimento tecnológico e regulação. O segundo movimento é de instalação e operação das usinas, o que exigirá profissionais com nível técnico”, explica o superintendente de Ensino Profissional e Superior do Senai, Felipe Morgado.
Os inquiridos avaliaram positivamente o progresso do setor nos últimos 18 meses, com 48% a indicar que as condições para a criação de uma economia do hidrogénio já estão a ser implementadas. Outros 37% destacaram a importância das plantas piloto na produção de hidrogênio e 35% mencionaram a expansão da cooperação internacional.
Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de 60 projetos de hidrogênio de fontes renováveis foram anunciados no país, com investimentos que somam R$ 188,7 bilhões. O Porto do Pecém (CE) se destaca como destino, e deverá receber o maior volume desses aportes financeiros, cerca de R$ 110,6 bilhões.
(foto: Pacífico)
Quadro jurídico
Em agosto deste ano, o governo federal sancionou a Política Nacional de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, que é considerada um marco legal para o setor. O documento não só cria mecanismos de incentivo à produção de energia, com redução de impostos, como também define leis para emissão de certificações.
Olhando para o cenário promissor, o Banco do Nordeste (BNB) tem trabalhado com governos e setor privado para desenvolver a cadeia produtiva de gases renováveis na região. Segundo o diretor de Planejamento da instituição financeira, Aldemir Freire, o país já superou o desafio regulatório, agora o obstáculo é alavancar os investimentos. “A fase em que estamos no movimento do hidrogénio verde no país ainda é a fase de estruturação do projeto”, destacou.
“Alguns estados, como Ceará e Rio Grande do Norte, já estão em fase de licenciamento e modelagem ambiental, para garantir viabilidade financeira. Então, o primeiro grande desafio é o de mercado, de atração de investimentos, e estamos prontos para agir nesta área”, acrescentou.
Para cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, a capacidade global de eletrólise (processo de transformação da molécula em hidrogênio verde) deve atingir mais de 550 Giga Watts (GW) até 2030. Para superar gargalos estruturais e destravar a produção de hidrogênio verde no Brasil, fechar será necessária a colaboração entre os setores público e privado, afirma João Pratas, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Danfoss Power Electronics & Drives no Brasil.
Segundo ele, os governos estaduais e federal precisam trabalhar em mecanismos de financiamento que permitam a criação de infraestrutura básica de apoio à produção. “Há um objetivo claro a atingir para garantir o futuro das próximas gerações, e esse objetivo só será alcançado se houver uma sinergia clara entre os diferentes poderes”, avaliou.
O executivo destacou ainda que a cooperação entre os setores é essencial para superar desafios logísticos e financeiros, possibilitando a expansão da produção de hidrogênio verde no Brasil. “Os investimentos em infra-estruturas de transporte e armazenamento são essenciais, assim como o desenvolvimento de um ambiente regulatório favorável. Além disso, é importante promover a cooperação entre os sectores público e privado para financiar e implementar projectos de grande escala”, acrescentou.
E, para discutir as oportunidades e desafios do setor, acontecerá amanhã o evento Hidrogênio Verde: o combustível do futuro, realizado pelo Instituto Cultura em Movimento, com patrocínio do Banco do Nordeste, Caixa Econômica e Governo Federal; com apoio da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra); e suporte de comunicação de Correio Braziliense.
O encontro reunirá autoridades, entidades do sector produtivo e especialistas, num modelo de debate, para abordar as potencialidades e desafios para a escalada da produção de gás no país.
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