O Banco Central (BC) revisou para cima, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, as projeções de crescimento econômico, consumo das famílias, superávit comercial e investimento direto neste ano. Segundo o relatório, divulgado nesta quinta-feira (26), a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 passou de 2,3% para 3,2%. Este aumento de quase 1 ponto percentual — faltando apenas um quarto para o final do ano — reflete as expectativas da autoridade monetária em relação ao crescimento dos principais setores da economia brasileira (oferta) e do consumo das famílias (demanda). Para o próximo ano, a estimativa do BC é que o PIB cresça 2%.
Do lado da oferta, o BC prevê expansão dos serviços (de 2,4% para 3,2%) e da indústria (de 2,7% para 3,5%), e reduziu a estimativa negativa para o agronegócio (de -2% para -1,6%). Em relação ao consumo das famílias, a nova previsão aponta aumento de 3,5% para 4,5%, enquanto a estimativa para o consumo do governo aumentou de 1,8% para 2,7%. A revisão do PIB, na ótica da autoridade monetária, acompanha as expectativas do mercado, apesar do boletim Focus desta semana indicar que o mercado projeta um crescimento ligeiramente inferior, de 3%. O Ministério da Fazenda, por sua vez, está alinhado ao BC, e também prevê que a economia cresça 3,2% este ano.
Na esteira do crescimento, as exportações deverão fechar o ano com um salto de 3,2%, contra projeção anterior de apenas 0,5%. Mas as importações também deverão chegar ao final do ano com um forte aumento em relação às estimativas anteriores. Segundo o RTI, as compras do exterior deverão aumentar 11,3% (a projeção anterior indicava praticamente metade desse valor: 6%). A nova estimativa considera um superávit comercial de US$ 68 bilhões neste ano, ante US$ 59 bilhões do relatório anterior.
A previsão de entrada líquida de Investimento Direto no País (PDI) aumentou de US$ 65 bilhões para US$ 70 bilhões. A expectativa para o saldo líquido dos investimentos estrangeiros em carteira, incluindo ações e títulos de renda fixa, passou de zero para US$ 12 bilhões. O BC também apresentou, no relatório do terceiro trimestre, as primeiras projeções para o balanço de pagamentos no próximo ano, quando o saldo de transações correntes deverá ficar negativo em US$ 60 bilhões. A balança comercial deve registrar superávit de US$ 64 bilhões, mas a conta de serviços tende a ficar negativa em US$ 49 bilhões —apesar disso, o resultado negativo da conta corrente deve ser integralmente financiado pelo PDI, segundo o BC.
Inflação
As projeções de curto prazo do Banco Central (BC) indicam que a inflação brasileira atingirá 1,42% entre setembro e dezembro, ante 1,03% no quadrimestre maio/agosto. As estimativas mensais do BC para o comportamento do IPCA, divulgadas ontem no RIT, apontam para taxa de 0,57% em setembro; 0,36% em outubro; 0,04% em novembro; e 0,44% em dezembro. Nos 12 meses, a inflação alcançaria 4,56% neste mês e 4,69% em outubro. Cairia então para 4,43% em novembro e 4,31% em dezembro.
“Nos próximos meses, a inflação acumulada em 12 meses deverá permanecer próxima do limite superior do intervalo de tolerância, em meio a taxas mais elevadas”, informa o RIT. “A principal contribuição para o aumento da inflação mensal deverá vir da variação positiva dos preços dos alimentos no domicílio, que caíram significativamente no trimestre encerrado em agosto”.
Para o BC, a sazonalidade desfavorável, aliada a uma possível restrição de oferta devido ao tempo seco, deverá pressionar os preços dos alimentos. Outro fator que contribui para a aceleração das taxas de inflação é o aumento dos preços no setor de serviços, principalmente passagens aéreas. Os bens industriais também deverão ficar mais caros a partir de agora, devido ao aumento do IPI sobre cigarros, à desvalorização cambial e ao aumento dos preços ao produtor. Nos preços administrados, a gasolina deverá ter variação moderada devido à queda dos preços do petróleo no mercado internacional, mas a energia poderá ficar pressionada.
Acima do centro
O Banco Central estima que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanecerá acima do centro da meta, de 3%, pelo menos, até o primeiro trimestre de 2027, segundo o Relatório Trimestral de Inflação. Os modelos indicam que não haverá convergência para o centro da meta mesmo após o horizonte relevante da política monetária, que atualmente é o primeiro trimestre de 2026. A projeção de inflação acumulada em quatro trimestres neste período é de 3,5%, conforme já era o caso. foi informado nas últimas comunicações do Comitê de Política Monetária (Copom). Depois, o BC espera que a taxa fique em 3,5% no segundo trimestre de 2026 e caia lentamente, para 3,4% no terceiro e 3,3% no quarto trimestre. Entre janeiro e março de 2027, a previsão é de 3,2%. Todas as projeções para 2026 aumentaram em relação ao relatório anterior, entre 0,1 e 0,3 ponto percentual, mesmo considerando aumento da taxa Selic utilizada na conta, conforme extraída do Focus.
“O aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente de uma atividade econômica mais forte do que o esperado, que levou ao aumento do hiato do produto estimado (capacidade ociosa), à depreciação cambial e ao aumento das expectativas de inflação”, justificou o BC. Segundo a autoridade monetária, estes fatores — aliados ao aumento da inércia, devido ao reajuste das projeções de inflação de curto prazo — mais do que compensaram a queda dos preços do petróleo e a subida das taxas de juro. “O aumento dos juros foi fundamental para evitar um aumento mais significativo nas projeções”, afirmou o BC.
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