O crime cibernético, especialmente os ataques de hackers de negação de serviço distribuído (DDoS), continua a crescer fortemente em 2024. De acordo com o relatório de inteligência sobre ameaças DDoS da NetScout, houve um aumento significativo nas invasões de sistemas visando infraestruturas críticas em todo o mundo, com um aumento de 43% em ataques em nível de aplicação (visando esgotar os recursos do alvo) e 30% em ataques volumétricos (visando sobrecarregar a rede). Estes números são particularmente significativos na Europa e no Médio Oriente, com os hacktivistas a intensificarem os ataques multi-vectoriais contra bancos, serviços financeiros e organismos governamentais.
O Brasil também foi duramente atingido, registrando mais de 372 mil ataques DDoS no primeiro semestre de 2024, um aumento de 4,3% em relação ao segundo semestre de 2023. O setor da economia mais atacado foi Processamento de Dados e Serviços Relacionados, com 24.753 ataques, seguindo-se os Operadores de Telecomunicações Cabeadas, que registaram 20.438.
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, os registros de ataques com motivação política aumentaram, segundo o diretor-geral da NetScout Brasil, empresa de soluções de segurança cibernética, Geraldo Guazzelli.
“Outro fator por trás do hacktivismo são os protestos em geral, como os protestos ecológicos, algo muito comum, principalmente no Ocidente. Em geral, o hacktivismo sempre se esconde através de ataques, como ataques DDoS, independente das intenções”, explicou.
Sofisticação via IA
Estes ataques tornaram-se cada vez mais sofisticados, utilizando botnets avançados (dispositivos ligados à Internet que foram infectados por malware), como Zergeca e DDoSia, e tecnologias como DNS (sistema de nomes de domínio) sobre protocolo de encriptação para assumir o comando. e controle.
Os sectores mais afectados incluem geralmente a banca, os serviços financeiros, o governo e os serviços públicos. Os ataques são frequentemente realizados por grupos hacktivistas, com o objetivo de perturbar serviços essenciais, resultando em graves consequências para países que não se alinham com as ideologias dos atacantes.
Guazzelli explicou que, com o avanço da inteligência artificial (IA), ela pode ser usada para coordenar ataques hackers, “qualquer leigo no ChatGPT pode criar um ataque contra um endereço IP”. Portanto, os sistemas de defesa necessitam cada vez mais de bons sistemas de IA para ajudar na segurança e proteção de sistemas vulneráveis. Contudo, o grande desafio para o futuro não estará na produção de chips e processadores mas sim na questão energética, “em geral, o recurso escasso será o fornecimento de energia, porque poucos países têm energia limpa e os data centers exigem muito de consumo para analisar sistemas de segurança e prevenir ataques”, acrescentou.
*Estagiária sob supervisão de Rosana Hessel
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