A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou por unanimidade, no início da tarde desta terça-feira (8/10), o nome do atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para assumir a presidência do autoridade monetária.
Foram 26 votos a favor e nenhum contra, a audiência durou 4 horas e 30 minutos. O nome de Galípolo agora vai para votação no plenário da Câmara. Para aprovação também será necessária maioria simples, com 41 votos a favor dos 81 senadores.
Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçou a autonomia da instituição em relação ao governo e seu compromisso com o regime de metas de inflação, sendo amplamente elogiado pelos parlamentares.
Senadores questionaram se Galípolo teria coragem de rebater o pedido de um petista, ao que ele respondeu: “Já tive coragem de cortar, manter e aumentar os juros, nunca sofri nenhum tipo de pressão. O presidente Lula nunca me pressionou.” “Esse é o mandato legal do BC. Todos os pedidos e recomendações que recebi são para tomar decisões de acordo com a nossa consciência. Se não, começamos a acumular erros”, acrescentou.
“Durmo muito bem à noite. Todas as decisões que tomei foram de acordo com a minha consciência. E agora tomarei decisões de acordo com o que for melhor para a população brasileira. Assino o compromisso de continuar”, enfatizou.
Sobre a autonomia financeira da autarquia, que é alvo de um projeto de lei que tramita no Senado, Galípolo disse: “Reforço a visão de preocupação de que o Banco Central tenha estrutura para sustentar e desempenhar suas funções e fazer os investimentos necessários” .
Afirmou ainda que existe alguma “confusão” nas responsabilidades da política monetária. “Parece-me que alguns críticos têm alguma confusão sobre o que é a política monetária, que vem da vontade de questionar qual é o problema de ter uma inflação um pouco mais alta”, disse.
“O Banco Central não tem essa liberdade. Quem entende que o Brasil poderia rodar com uma inflação mais alta não é uma crítica ao BC. A meta de inflação é definida pelo governo e cabe ao BC fixar a taxa de juros em um patamar restritivo que leve a inflação para a meta”, reforçou.
Quem é Gabriel Galípolo?
Gabriel Muricca Galípolo, 42 anos, é graduado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Economia Política pela mesma instituição. Atuou como professor em cursos de graduação de 2006 a 2012 na mesma universidade. Também ministrou o curso de MBA em PPPs (Parcerias Público-Privadas) e Concessões na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP).
Sua carreira no setor público começou em 2007, quando atuou como Assessor Econômico da Secretaria de Transportes Metropolitanos, na gestão do então prefeito José Serra. Em 2008 foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo.
Entre 2017 e 2021 voltou ao setor privado para assumir a presidência do Banco Fator, com foco em parcerias público-privadas e programas de privatizações. Também foi pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) em 2022 e também atuou como assessor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) entre 2022 e 2023.
Desde junho de 2023 ocupa o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central. Antes disso, ocupou o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda, no início da gestão do ministro Fernando Haddad.
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