Em votação rápida e tranquila, elogiada por representantes do mercado financeiro, o plenário do Senado Federal aprovou, ontem à noite, o nome do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC) a partir de 2025. Foram 66 votos a favor e cinco contra, sem abstenções e secretamente.
Galípolo foi aprovado com quórum superior ao de Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em 31 de dezembro deste ano. O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda ainda teve 11 votos a mais que seu atual chefe, cujo índice de aprovação no plenário foi de 55×6. Ele tomará posse no dia 1º de janeiro do próximo ano e seu mandato terá duração de quatro anos, podendo ser renovado por igual período.
Antes da votação no plenário, Galípolo foi aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, assim como ocorreu com Campos Neto. Foram 26 votos a favor e nenhum contra a indicação. Ao longo das quatro horas e meia de sessão, o economista foi amplamente elogiado pelos parlamentares, inclusive por membros da oposição. Os senadores o questionaram sobre a autonomia da autoridade monetária e a possível interferência do governo na condução da política monetária. Galípolo, por sua vez, reforçou sua independência em relação ao BC e negou ter sofrido pressões do petista. “Já tive coragem de cortar, manter e aumentar os juros, nunca sofri nenhum tipo de pressão. O presidente Lula nunca me pressionou”, afirmou.
“O mandato legal do BC é esse. Todos os pedidos e recomendações que recebi são para tomarmos decisões de acordo com a nossa consciência. Se não, começamos a acumular erros”, emendou, reforçando que terá liberdade para tomar decisões no cargo , “com foco nos interesses do povo brasileiro”. Galípolo reforçou que cabe ao BC fixar os juros em patamar restritivo pelo tempo necessário para atingir a meta de inflação. Segundo ele, o cenário inflacionário traz informações muito relevantes à autoridade monetária. “Hoje, temos uma meta estabelecida de 3%, que cabe ao BC perseguir, efetivamente, colocando a taxa de juros em um patamar restritivo pelo tempo que for necessário para atingir essa meta. , bem como o funcionamento do quadro institucional e jurídico”, explicou.
Sobre a autonomia financeira da autarquia, alvo de projeto de lei que tramita no Senado, Galípolo afirmou: “Reforço a visão de preocupação de que o BC tenha estrutura para sustentar e desempenhar suas funções e fazer os investimentos necessários”. Ele disse que há “confusões” nas responsabilidades da política monetária. “Parece-me que alguns críticos têm alguma confusão sobre o que é política monetária, que vem da vontade de questionar qual é o problema de ter uma inflação ligeiramente mais elevada”, avaliou. “O Banco Central não tem essa liberdade. Quem entende que o Brasil pode rodar com uma inflação mais alta não critica o BC. A meta de inflação é definida pelo governo e cabe ao BC fixar a taxa de juros em um valor restritivo. nível que leve a inflação até a meta”, disse.
Trabalho de casa
Desde que sua indicação foi confirmada, o sucessor de Campos Neto deu um extenso “beijinho” com senadores alinhados ao governo e à oposição, buscando apoio para a sabatina, que teve um clima bastante tranquilo e amigável. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disse que Galípolo “fez o dever de casa” ao se reunir com quase todos os parlamentares da Câmara.
“Acho que ele alcançou quase 100% dos senadores e em todas as conversas que tive com ele apresentou um currículo extraordinário. Sabemos que essa indicação é prerrogativa do presidente da República, e temos um nome técnico”, ele declarou. O parlamentar, que foi ministro no governo Bolsonaro, disse ainda que sua “lua de mel” com o chefe do Executivo e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “vai acabar”.
Esta será a primeira mudança de comando da autoridade monetária na era da autonomia operacional, decretada em 2021.
Durante a audiência, o presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), destacou que todas as perguntas feitas pelos senadores ao indicado à presidência do Banco Central foram respondidas de forma equilibrada por Galípolo. O parlamentar afirmou ainda que a escolha do economista para o cargo significa “tranquilidade de que a instituição será muito bem administrada”.
Repercussão
Para Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, Galípolo conseguiu se destacar pela postura técnica e independente. “Principalmente ao apoiar aumentos da taxa Selic para controlar a inflação, mesmo diante de pressões políticas. Sua experiência na gestão de crises financeiras e no diálogo com diversos atores econômicos fortalece a confiança do mercado em sua liderança”, afirmou. “A expectativa é positiva, pois demonstra a capacidade de adaptação das políticas monetárias de acordo com as necessidades econômicas, além de valorizar a transparência nas comunicações do Banco Central.”
Segundo Sidney Lima, analista de CNPI da Ouro Preto Investimentos, o mercado continuará atento aos vínculos que Galípolo mantém com o governo federal e ao seu posicionamento em relação à PEC da autonomia financeira. “Todos lembram que o economista também foi assessor da campanha eleitoral de Lula em 2021 e fez parte da equipe de transição do governo. Porém, a aprovação não vai assustar o mercado, já que ultimamente os votos de Galípolo têm estado alinhados com os demais integrantes do Copom para encerrar o ciclo de cortes e começar a subir os juros”, ponderou.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) elogiou a votação rápida e tranquila do Senado e desejou a Galípolo um “futuro promissor” à frente do BC.
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