No primeiro dia de novembro, o dólar manteve o ritmo de valorização observado em outubro e registrou a maior valorização diária frente ao real no ano desde 20 de setembro, em meio à crescente desconfiança do mercado em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas e ao avanço do republicano Donald Trump nas pesquisas eleitorais na corrida presidencial dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana fechou o pregão de ontem com alta de 1,53%, cotada a R$ 5,87 — o segundo maior patamar desde maio de 2020, no auge da pandemia da Covid-19, a R$ 5,90. Frente à moeda norte-americana, o real registrou a pior queda entre as 22 principais moedas mundiais, seguido pelo peso mexicano e pelo rublo russo. Além disso, o dólar registrou a quinta semana consecutiva de valorização frente ao real. Nesse período, a taxa de câmbio acumulou alta de mais de 8%. Este ano, a valorização ultrapassa os 20%.
Ao longo do dia, os investidores reagiram aos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados pela manhã na folha de pagamento de outubro. Segundo a publicação, a taxa de desemprego manteve-se estável, em 4,1%, em linha com as expectativas do mercado. Apesar disso, os investidores ainda acreditam que há uma desaceleração do emprego no país.
Na avaliação da analista e gerente de pesquisas da Nomad, Paula Zogbi, o mercado mantém a narrativa de atividade econômica robusta para os EUA. “É importante lembrar que a folha salarial foi influenciada por greves e eventos climáticos, embora não seja possível quantificar formalmente o impacto. A proximidade da eleição norte-americana de terça-feira (5) também pesa, devido à volatilidade que este momento acrescenta ao mercado e às perspectivas de potenciais políticas que possam fortalecer a moeda”, disse ele.
Fatores de risco
Apesar do movimento global de alta do dólar, o analista destacou que isso não justifica o resultado do câmbio brasileiro, que registrou um dos piores desempenhos do dia. “Por aqui, o mercado está digerindo notícias de que medidas de contenção de gastos não deverão ser anunciadas na próxima semana, e rumores de que as propostas não deverão trazer mudanças estruturais. A saúde fiscal é o principal fator de risco para o câmbio e os ativos brasileiros”, acrescentou Zogbi.
Enquanto o dólar manteve trajetória de alta, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o dia com queda de 1,23%, aos 128.120 pontos. Ao longo da semana, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, acumulou queda de 1,36%, com as principais ações listadas registrando desempenhos abaixo da média.
Na opinião de Luciano Nakabashi, professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, o principal motivo da desvalorização cambial é a incerteza fiscal. Esta semana, o mercado reagiu mal às falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse não haver data para o anúncio de novas medidas de corte de custos. No dia seguinte, o chefe do departamento disse que isso deveria ser feito em novembro. “Há mais incerteza e isso afeta a expectativa de depreciação futura, você acaba reduzindo também o investimento de quem investe em carteiras, aplicações financeiras”, pontuou o especialista. Vale destacar que o valor atual do dólar também é o maior desde o início do governo Lula, que enfrenta pressões de mercado em relação à gestão fiscal.
Impactos nos cidadãos
O resultado negativo da Bolsa de Valores brasileira foi resultado da desvalorização das ações de grandes varejistas e bancos nacionais. Depois que o dólar atingiu seu maior valor desde maio de 2020, surgem especulações sobre qual será o comportamento da moeda daqui para frente, como se ela ultrapassará R$ 6, ou se deverá retornar a um patamar próximo a R$ 5,40, como meados -Setembro.
Neste contexto, os especialistas acreditam que é importante estar atento e evitar gastos desnecessários, principalmente se envolverem diretamente produtos e serviços importados ou lastreados na moeda norte-americana. Na opinião do doutor em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Benito Salomão, também é bom observar se o movimento de alta é algo mais específico ou deve se refletir no médio e longo prazo.
“Se for um movimento ocasionado pontualmente, não temos grandes preocupações com isso. Porque o câmbio vai voltar e isso não terá grandes implicações”, explicou Salomão. “Agora, se não for um movimento pontual, se for um movimento persistente, há muitos problemas que isso pode trazer. O primeiro é o repasse disso para os preços internos, através de importações mais caras”, acrescentou o professor.
Ao considerar um cenário de crescimento duradouro, a alta do dólar deverá causar um efeito cascata na economia brasileira, com impacto direto ou indireto em diversos setores, alertou o economista Samuel Dourado, especialista em macroeconomia. “Na perspectiva do consumidor final, a alta do dólar tem um aspecto inflacionário, pois encarece itens básicos como alimentação, transporte, vestuário e tecnologia”, afirmou.
Num contexto de alta instabilidade e pouca certeza, o mercado financeiro tem reagido de forma mais rápida e contundente a movimentos específicos da economia, tanto no exterior quanto no Brasil. Com essa percepção, o professor de Economia do Ibmec-DF, William Baghdassarian, lembrou que o mercado atua de forma “menos racional” do que em outros momentos. “Ele se comporta de acordo com os incentivos que a gente espera. Temos incentivos que deveriam fazer o câmbio baixar, mas outros incentivos que são, às vezes, muito mais frágeis e acabam fazendo com que o câmbio vá na outra direção”, destacou. .
ra soluções financeiras
blue cartao
empresa de crédito consignado
download picpay
brx br
whatsapp bleu
cartão consignado pan como funciona
simulador crédito consignado
como funciona o cartão consignado pan
ajuda picpay.com