O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou uma viagem à Europa esta semanaa pedido do presidente Luiz Inácio Lula. O chefe da equipe econômica estava previsto para sair nesta segunda-feira (11/04) e ficaria afastado até sábado (9).
Em nota, a assessoria de comunicação da secretaria informou ontem que, “a pedido do presidente Lula, o Ministro da Fazenda estará em Brasília durante toda a semana, dedicado a assuntos internos”.
A mudança de planos surge na sequência da pressão do mercado para fazer avançar a proposta de revisão das despesas, que a equipa económica prometeu definir após as eleições autárquicas. A informação de que Haddad ficaria fora do Brasil por quase uma semana acabou afetando o ânimo dos investidores na última quinta-feira, que aguardavam o anúncio do pacote.
Na sexta-feira, a moeda norte-americana atingiu o segundo maior valor nominal da história, cotada a R$ 5,86. O patamar perde apenas para a marca de R$ 5,90 alcançada em maio de 2020, no auge da pandemia, e é o maior preço alcançado durante o governo Lula.
Haddad teria reuniões em quatro capitais: Paris, Berlim, Londres e Bruxelas. Portanto, um possível anúncio de corte de gastos só seria feito, pelo menos, após o dia 11 de novembro.
Medidas concretas
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a reação do dólar ocorreu em meio à desconfiança do mercado quanto à falta de medidas concretas por parte do governo para cortar despesas. “O mercado tinha visto como negativo o adiamento do anúncio para depois da viagem, dado que se esperava que depois das eleições o pacote fosse anunciado”, destaca.
“Se esse cancelamento de viagem coincidir ou for devido ao anúncio do pacote de gastos, será visto como muito positivo e, provavelmente, o mercado deverá reagir positivamente a esse fato nesta segunda-feira, até que o pacote seja anunciado”, avalia.
Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, afirma que o mercado espera prioridade na agenda interna, principalmente na parte fiscal. “Chegou-se a um consenso de que a maior parte das medidas que precisam ser tomadas são estruturais, e isso terá invariavelmente que passar pelo Congresso”, afirma o especialista, que considera que quanto mais cedo for anunciada a revisão dos gastos, mais positivos serão para o mercado.
Meira ressalta ainda que é necessária alguma sinalização concreta: “Que seja algum projeto, alguma PEC, alguma coisa assim. Agora, só remarcar não muda nada.”
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