O ministro da Previdência, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira (05) que os cortes de gastos que serão anunciados pelo governo Lula não impactarão sua pasta. Em conversa com os jornalistas, destacou que as despesas da Segurança Social são constitucionais.
Lupi participou de reunião, ontem, no Planalto, com os ministros Fernando Haddad (Finança), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) para discutir possíveis cortes de despesas. O governo está a desenvolver uma série de medidas que permitem o cumprimento do quadro fiscal e convocou os ministros para apresentarem a situação fiscal do país.
“O Ministério da Previdência Social não tem o que cortar. As despesas são obrigatórias, são despesas constitucionais”, declarou. “Um governo social nunca tiraria direitos daqueles que têm direitos”, disse ele. Lupi reforçou que, no caso da Previdência, o foco estará no pente fino que já está sendo feito nos benefícios. “Essa é outra questão: adequar as regras para quem recebe ilegalmente. Houve a pandemia e um afrouxamento das regras, devido às necessidades da população. Houve um aumento enorme de pessoas que passaram a receber sem critérios mais justos”, declarou o ministro.
Segundo o ministro, “a discussão é sobre a efetividade da administração pública, dando direitos a quem tem direito, mas não permitindo que quem não tem direito e erroneamente conseguiu permanecer com esse direito”. A expectativa é que o Palácio do Planalto publique as medidas ainda esta semana, conforme recomendação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Após a reunião com Lupi, houve outra, desta vez com os ministros Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Luiz Marinho (Trabalho). Os três já haviam se reunido, na segunda-feira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir o assunto.
Outra reunião foi convocada para hoje, com a presença de quase todos os ministros. A reunião de hoje deverá aprofundar a análise dos cortes e estratégias para minimizar o impacto nos serviços oferecidos aos cidadãos.
A iniciativa faz parte do esforço de ajuste fiscal para reduzir o déficit nas contas públicas e alocar recursos de forma mais eficiente.
Os membros do governo mantêm sigilo sobre o que está sendo discutido, sem falar com a imprensa ou fazer anúncios.
Proposta
A proposta da equipe econômica inclui a intenção de limitar algumas despesas obrigatórias ao crescimento de até 2,5% acima da inflação. Contudo, as despesas relativas à Segurança Social não devem ser incluídas neste limite. O presidente Lula ainda avalia a possibilidade de incluir o Benefício de Prestação Continuada (BPC) nas novas diretrizes.
Além disso, discute-se a possibilidade de aumentar a parcela do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) que será considerada para o cálculo do gasto mínimo com educação. A equipe econômica também analisa mudanças no seguro-desemprego e no abono salarial do PIS/Pasep, como parte do pacote de cortes que estava programado para ser anunciado após as eleições de outubro.
Afinal, o assunto é delicado. Por um lado, há pressão dos investidores para que o pacote seja anunciado o mais rapidamente possível, garantindo o cumprimento do quadro fiscal a partir do próximo ano. Por outro lado, há preocupação com cortes em áreas como educação, saúde e benefícios sociais, e também com o impacto de uma decisão impopular como esta no apoio ao governo federal.
Ministros como Camilo Santana e Luiz Marinho já repudiaram publicamente cortes nos seus respectivos orçamentos. Outras pastas, porém, escaparam do ajuste. Ontem, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, defendeu em entrevista coletiva que é preciso manter o equilíbrio das contas, mas negou ter sido contatado por Lula. “Até à data, o Ministério da Agricultura não foi chamado a fazer quaisquer cortes”, disse o ministro. Ele participou de cerimônia na sede do ministério para anunciar os novos uniformes dos funcionários da Defesa Agropecuária.
Lula é contra a redução dos gastos com educação e saúde, mas a equipe econômica, liderada por Haddad, vem tentando convencer o presidente da necessidade da medida. O Ministro das Finanças manifesta preocupação com o crescimento das despesas e afirma que, ao ritmo atual, não será possível cumprir o quadro fiscal a partir de 2025.
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