O fim da escala 6×1, seja como alternativa de combate ao desgaste ou como estratégia para aumentar a produtividade, tornou-se uma das demandas mais comentadas nas redes sociais brasileiras. Objeto de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), essa bandeira obteve, nesta quarta-feira (13/11), votos suficientes para ser protocolada na Câmara.
Enquanto a teoria da flexibilização da jornada de trabalho permeia o imaginário das pessoas, principalmente nas discussões online, pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do movimento social 4 Day Week Brasil — que trabalha pela adoção da escala 4×3 — desenvolveram um protótipo com 21 empresas e 280 funcionários no total, com no máximo 50 funcionários em cada uma.
Intitulado Piloto da Semana de 4 Dias no Brasil, o relatório mostrou resultados como maior produtividade e redução do estresse dos colaboradores. O protótipo, que durou nove meses, também apresentou melhorias significativas na comunicação entre os setores e mudanças na objetividade das reuniões entre as empresas participantes.
Em entrevista com CorrespondênciaO professor e pesquisador Paul Ferreira, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, comentou que a mudança para uma rotina de quatro dias deve ser feita com uma mudança na cultura da empresa, que será responsável por treinar os funcionários para essa nova rotina.
“No piloto, tivemos três meses de empresas se preparando para a introdução da semana de quatro dias. Esse processo ocorreu de forma gradual, realizamos planejamentos, reuniões, videoaulas e sessões de explicação e esclarecimento de dúvidas dos funcionários”, disse o professor.
Esse caminho de preparação dos colaboradores, reforçou Paulo, precisava ser implementado pelas empresas que participaram do projeto. “A mudança da escala 6×1 para 4×3 exige que a organização adote o lema do pagamento de 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% de produtividade”, afirmou.
Desafios
Mesmo com tempo para se adaptar a uma rotina de menos dias trabalhados, alguns desafios em relação ao gerenciamento de prazos puderam ser percebidos no piloto. Após quatro dias de trabalho, foram constatadas questões que abrangem demandas internas e externas.
Como uma das conclusões da investigação, destacou Paulo Ferreira, constatou-se que os funcionários com cargos superiores se adaptaram mais ao novo horário de trabalho, enquanto a maioria dos funcionários juniores teve dificuldades.
Outra dificuldade mencionada no piloto foi o planejamento e redistribuição de tarefas. Nas conclusões da pesquisa, garantir o cumprimento de todas as responsabilidades exigiu ajustes no horário de trabalho e até contratações adicionais.
As empresas do piloto faziam parte de setores da economia ligados a escritórios de advocacia, contabilidade, engenharia e comunicação. Segundo Paulo Ferreira, setores da economia, como vendas, bares e restaurantes, exigiriam uma organização diferente da aplicada na pesquisa.
Debate entre juristas
O projeto que propõe o fim da escala 6×1 encontra eco entre os advogados trabalhistas ouvidos pelo Correspondência. O advogado Maurício Tanabe, líder da área trabalhista do Campos Mello Advogados e professor da FGV, afirmou que o fato de o Brasil ter um “mecanismo” próprio de negociações e acordos coletivos entre empregadores e sindicatos invalida a necessidade de uma PEC para redução de dias trabalhados.
“Na minha opinião, o Brasil não precisa fazer esse ajuste, porque já possui mecanismos próprios para fazer esse ajuste de acordo com o segmento”, finalizou o especialista em entrevista ao Correspondência.
Diferentemente dele, o advogado trabalhista Antonio Nunes —sócio-diretor do escritório Macieira, Nunes, Zagallo e Advogados Associados, professor de direito do trabalho e processo trabalhista da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) — foi a favor da ideia de redução de jornadas trabalhado.
Segundo ele, a implementação dessa norma por meio de uma PEC seria “mais um” instrumento para a conquista dos direitos dos trabalhadores. “O trabalhador é a parte mais fraca nas convenções coletivas. A manutenção desta forma de negociação somada à redução da jornada de trabalho certamente seria mais benéfica ao trabalhador”, enfatizou o advogado.
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