O CEO da empresa francesa Carrefour, Alexandre Bompard, divulgou ontem um comunicado em suas redes sociais, no qual afirma que a varejista se compromete, a partir de hoje, a não vender carnes do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, independentemente dos “preços e quantidades de carne” que estes países possam oferecer.
A mensagem é dirigida a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (Fnsea). Bompard disse que a decisão foi tomada depois de ouvir a “consternação e a raiva” dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Os eventos, organizados pela Fnsea e Jovens Agricultores (JA), começaram na última segunda-feira com bloqueios de estradas.
Os grupos pedem ao presidente francês, Emmanuel Macron, que anuncie que utilizará o veto da França se o projeto for aprovado. Na semana passada, o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, disse que o país não deveria aceitar o acordo se o texto permanecer como atualmente proposto. No comunicado divulgado no X — antigo Twitter —, LinkedIn e Instagram, Bompard afirmou que o acordo traria o “risco de produção de carne que não cumpra com os seus requisitos e padrões se espalhando por todo o mercado francês”.
Destacou ainda que espera que a decisão do Carrefour influencie outras empresas do sector agroalimentar, especialmente no mercado da restauração (em que uma organização prepara os alimentos num espaço seguro e depois os leva para o local onde serão servidos) o que , segundo Bompard, é responsável por mais de 30% do consumo de carne na França. Procurado, o Grupo Carrefour Brasil afirmou que “nada muda nas operações no país”.
Reação
Em nota, a ApexBrasil — agência de exportação do Brasil — lamentou a declaração de Bompard. “Entendemos que não há motivos razoáveis para restrições à carne produzida no Mercosul. Seguimos os mais rigorosos padrões sanitários e ambientais, que garantem sua qualidade em todas as operações de comercialização da proteína brasileira no exterior — qualidade reconhecida por mais de 160 países, incluindo a União Europeia”, diz a nota da ApexBrasil.
“A ApexBrasil vem trabalhando, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE), para estimular o crescimento das exportações brasileiras do setor e abrir novos mercados ao redor do mundo. O gigante varejista francês, em meio a pressões protecionistas em seu país, num momento em que o Mercosul e a União Europeia estão próximos de fechar o cobiçado acordo que formará o maior mercado do planeta, beneficiando sobremaneira as populações dos países signatários”, acrescenta ApexBrasil em a nota.
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