O governo enviou ao Congresso Nacional na noite desta sexta-feira (29/11) a revisão do relatório de avaliação de receitas e despesas do Orçamento deste ano, reduzindo o valor a ser bloqueado dos R$ 19,3 bilhões anunciados esta semana. aumentou para R$ 17,6 bilhões.
Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, o novo cálculo foi possível após a redução do valor repassado a estados e municípios por meio da Lei Aldir Blanc de fomento à cultura. A redução do bloqueio também foi possível, segundo o ministério, pelo ingresso de recursos do programa da Agência Reguladora Desenrola.
A medida justifica-se pela necessidade de cumprimento do limite de despesas primárias estabelecido pelo enquadramento fiscal. A maior parte do bloqueio comprometido (R$ 10,3 milhões) impacta despesas gerais discricionárias, aquelas que não são obrigatórias, como financiamentos e recursos de investimento. As despesas do Novo PAC também sofreram bloqueio considerável (R$ 5,9 milhões), assim como as emendas da comissão do Congresso Nacional (R$ 1,2 milhão).
O Planejamento também divulgou o Decreto de Programação Orçamentária e Financeira detalhando o bloqueio pelos ministérios:
- Ministério da Educação: R$ 3.041,3 milhões
- Ministério da Saúde: R$ 4.388,8 milhões
- Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome: R$ 1.038,9 milhões
- Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional: R$ 945,3 milhões
- Ministério da Defesa: R$ 606,6 milhões
- Ministério das Cidades: R$ 2.471,6 milhões
Impacto das enchentes no RS
O dinheiro investido na recuperação da calamidade pública no Rio Grande do Sul, reconhecida pelo Decreto Legislativo nº 36 de 2024, impactou a meta de resultado primário da União neste ano. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) dispõe, em seu artigo 65, que nas situações de calamidade pública reconhecidas pelo Congresso Nacional, as despesas autorizadas por crédito extraordinário para enfrentamento da calamidade, bem como as renúncias fiscais necessárias para mitigar suas consequências, são não computado no resultado fiscal.
No caso específico do RS, o governo federal destinou R$ 33 milhões em créditos extraordinários para fazer frente às consequências da calamidade. Além disso, houve renúncia fiscal de R$ 124 milhões referente à redução na arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Considerando que a meta de resultado primário para 2024 era zero real, com intervalo de tolerância de R$ 28,8 bilhões para déficit ou superávit, a não contabilização desses valores no resultado fiscal resultou em redução de R$ 33.882,9 milhões na meta. Mesmo com essa redução, o relatório extemporâneo de novembro de 2024 projetava um déficit primário de R$ 64.426,2 milhões, já considerando o bloqueio de despesas discricionárias. Ou seja, permanecer abaixo do valor de tolerância estabelecido — o que explica a continuidade dos bloqueios, sem necessidade de contingências.
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