Uma das principais preocupações dos investidores, principalmente estrangeiros, é entender como o Banco Central do Brasil (BC) avalia o cenário de risco, tanto interno quanto externo. Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária e futuro presidente do município, destacou nesta segunda-feira (2/12) a preocupação central: a desancoragem das expectativas de inflação.
Durante evento promovido pela XP, Galípolo destacou que o BC está atento à alta das projeções inflacionárias, que se intensificaram nas últimas semanas. Segundo o Boletim Focus, também divulgado nesta segunda-feira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2024 em 4,71%.
“É um tema que acompanhamos muito de perto, pelo desconforto gerado durante um ciclo de subida dos juros. O papel do Banco Central é reancorar essas expectativas”, afirmou Galípolo.
Cenário doméstico e mercado de trabalho
Internamente, o mercado de trabalho tem sido peça-chave na análise do Banco Central. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em outubro caiu para 6,2%, o menor nível da série histórica iniciada em 2012.
Um mercado de trabalho aquecido reflecte-se em pressões inflacionistas, especialmente nos chamados índices subjacentes, que captam as tendências dos preços, ignorando factores temporários. Segundo Galípolo, é fundamental compreender como essas variáveis interagem com outros elementos da economia nacional, como a desvalorização cambial e o ritmo da atividade econômica.
“O Banco Central busca mapear os impactos de uma economia mais dinâmica, aliada às incertezas decorrentes do cenário internacional”, explicou.
Riscos externos e transformações globais
Galípolo também enfatizou que as principais economias globais passaram por transformações estruturais significativas desde a década de 2000. Esses movimentos, segundo ele, são fontes de incertezas que precisam ser monitoradas para avaliar possíveis impactos no Brasil.
Entre os fatores externos, o diretor destacou as pressões inflacionárias globais, os movimentos das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa e as mudanças nas cadeias produtivas e comerciais internacionais.
Desafios e o papel do Banco Central
Com uma inflação que insiste em permanecer acima do centro da meta e um cenário internacional ainda incerto, a missão do BC é equilibrar as variáveis domésticas e globais para manter a economia brasileira estável. Galípolo ressaltou que a prioridade é reancorar as expectativas e dar previsibilidade ao mercado.
O caminho, porém, não será fácil. À medida que os desafios económicos se intensificam, o Banco Central terá de enfrentar a tarefa de sustentar o crescimento e, ao mesmo tempo, garantir a estabilidade de preços. A experiência de Galípolo será fundamental para enfrentar esta missão de comando do município.
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