O dólar começou a semana com forte valorização, chegando a R$ 6,09 logo após a abertura do pregão desta segunda-feira (16/12). Esse aumento, porém, foi rapidamente contido pelo Banco Central, que realizou um leilão de dólares, aceitando 18 propostas num total de US$ 1,627 bilhão. Com a intervenção, a cotação da moeda norte-americana voltou a R$ 6,05, mas a instabilidade no mercado financeiro permanece.
O cenário econômico interno continua cheio de incertezas. Uma das principais referências do mercado foi a publicação do Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras. Na última edição, os analistas revisaram as projeções para 2024, apontando aumento na projeção da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, passou de 4,84% para 4,89%, o que supera o teto da meta estabelecida pelo governo, de 4,50%.
Além disso, reforçou-se a expectativa de aumento das taxas de juros. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros para 12,25% ao ano, e indicou que há chances de novo aumento no início de 2025. Para os próximos anos, o mercado prevê uma taxa de juros aumento, com a projeção para 2025 passando de 13,5% para 14%, e para 2026, de 11% para 11,25%. Tais expectativas impactam diretamente as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que para 2024 foram revisadas de 3,39% para 3,42%.
As notícias fiscais também geraram apreensão nos mercados. O pacote fiscal do governo continua a ser acompanhado de perto, especialmente devido às preocupações com a sua “desidratação” no Congresso Nacional. Analistas apontam que o aumento dos gastos públicos pressionou as projeções de inflação, contribuindo para o aumento das expectativas de taxas de juros.
No exterior, a atenção dos investidores está voltada para o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. A expectativa do mercado é que, na reunião desta semana, o Fed anuncie um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, o que deverá sinalizar o ritmo das futuras decisões monetárias americanas. A expectativa é que a autoridade adote uma postura mais cautelosa com cortes de juros em 2025, dado o crescimento econômico robusto e a inflação que ainda permanece persistente nos EUA. Este movimento também está ligado ao novo cenário político com o retorno de Donald Trump à presidência.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) também está a ser vigiado. A presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que a instituição poderá reduzir ainda mais as taxas de juro se a inflação continuar a aproximar-se do seu objectivo de 2%. Com o indicador sob controlo e um crescimento económico anémico, o BCE já cortou as taxas de juro quatro vezes em 2024, e os investidores apostam numa maior flexibilização no próximo ano.
Movimentos de mercado
Às 9h45 de hoje, o dólar subia 0,35%, cotado a R$ 6,0559, após atingir máxima de R$ 6,0980. Na última sexta-feira (13), a moeda norte-americana havia fechado com alta de 0,43%, cotada a R$ 6,0347. No acumulado, o dólar registrou alta de 0,57% no mês, mas queda de 0,60% na última semana. No ano, acumulou valorização de 24,36%.
No mercado de ações, o índice Ibovespa, principal referência da Bolsa brasileira, registrou queda de 1,13% na última sexta-feira, aos 124.612 pontos. O índice acumula perdas de 1,06% na semana, 0,84% no mês e 7,13% no ano.
Os investidores também estarão atentos esta semana no Brasil à divulgação amanhã do Relatório Trimestral de Inflação, que pode trazer mais pistas sobre a postura do Banco Central do Brasil diante da pressão inflacionária e do crescimento econômico.
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
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