Quando uma empresa vai bem e o empresário tem interesse em abrir novas unidades, optar pela expansão por meio de franquias pode ser uma boa ideia. Um dos pontos positivos, ao pensar em multiplicar o empreendimento, é que os custos podem ser diluídos com franqueados. Porém, é necessária uma avaliação criteriosa, pois a criação de uma franquia exige atenção, tornando-se um processo extenso e robusto que exige preparação.
Em 2023, o número de operações de franquias brasileiras cresceu 26,3%, atingindo 2.175 unidades, segundo pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). “Embora tenhamos muito espaço para avançar, começamos a notar maior maturidade nos planos de algumas franquias brasileiras. Em geral, notamos um planejamento mais cuidadoso, a busca por consultorias, treinamentos e até mesmo o entendimento de que se trata de um mais médio e longo prazo. Essa postura, ainda mais depois dos anos difíceis da pandemia, tem trazido resultados importantes, principalmente em marcas que estão se consolidando no nosso país e no exterior”, avaliou o presidente da ABF, Tom Moreira Leite.
Para Vinicius Barreto, especialista do setor e vice-presidente da vertical Scale Up do Ecossistema 300 Franchising, o crescimento das franquias no Brasil reflete uma mudança significativa no comportamento do consumidor, que busca cada vez mais soluções práticas, especializadas e de alta qualidade. “Para quem deseja investir nesse modelo, é fundamental investir em processos bem estruturados, suporte eficiente aos franqueados e um portfólio de serviços que atenda às demandas do mercado. Com planejamento estratégico e inovação, tem potencial para se destacar como um dos segmentos mais promissores nos próximos anos”, comentou.
Transformar uma empresa em franquia é um processo estratégico que exige planejamento, organização e atenção aos detalhes legais e operacionais. O primeiro passo é avaliar se o modelo de negócios da empresa é replicável. Isto significa garantir que processos, produtos ou serviços possam ser padronizados e reproduzidos em diferentes locais sem perda de qualidade. Se o funcionamento do negócio depende exclusivamente do empreendedor ou de conhecimentos muito específicos, será necessário estruturar melhor os processos antes de avançar.
Com essa base estabelecida, o próximo passo é desenvolver um plano de franquia, no qual é necessário definir o perfil ideal do franqueado, o investimento inicial necessário, o suporte que será oferecido, como treinamento e assistência operacional, e o retorno esperado. para o proprietário. e futuros franqueados. Além disso, será necessária a criação de um manual operacional detalhado, que sirva de guia para o franqueado, explicando como a unidade deve ser gerenciada, desde vendas e atendimento até gestão de estoque e padrões de qualidade. Este manual é essencial para garantir uniformidade e consistência da marca na experiência do cliente.
Na próxima etapa, é fundamental formalizar a franquia do ponto de vista jurídico. No Brasil, as franquias são regulamentadas pela Lei nº 13.966/2019, que exige a elaboração de um documento denominado Circular de Oferta de Franquia (COF). O COF é obrigatório e deve conter todas as informações sobre o negócio, como dados financeiros, obrigações das partes, taxas cobradas, como royalties e taxas de franquia, e as condições de rescisão do contrato. Para evitar problemas, é recomendado contar com o apoio de um advogado especializado em franquias.
Primeiramente, antes de abrir franquias, é preciso avaliar quanto de retorno líquido, de lucro, a empresa está obtendo. Se a operação se pagar, mas não sobrar muito dinheiro para o bolso dos sócios, é provável que ela não seja atrativa.
Apoiar
Outro aspecto fundamental é desenvolver uma estratégia robusta de apoio ao franqueado. O sucesso de uma rede dependerá diretamente do apoio oferecido, que pode incluir formação inicial e contínua, assistência na escolha do local comercial, consultoria de marketing e acompanhamento das operações para garantir o cumprimento dos padrões da marca. Antes de expandir em larga escala, é importante validar o modelo com uma unidade piloto. Essa etapa permite testar o funcionamento da franquia na prática, identificar falhas e fazer os ajustes necessários antes de replicar o modelo em outras unidades.
Passado esse período de adaptação, é hora de investir em marketing para atrair interessados em se tornar franqueados. Isso pode ser feito por meio de anúncios em plataformas especializadas, participação em feiras de franquias e campanhas nas redes sociais. Uma equipe bem preparada será fundamental para atender os interessados, esclarecer dúvidas e negociar contratos. Por fim, é importante manter um monitoramento constante da rede de franquias, ouvindo os franqueados, coletando feedbacks e fazendo ajustes contínuos para melhorar os processos e garantir o sucesso da operação.
Antes disso, tudo vai depender do que estiver acordado no contrato entre as partes, mas, resumindo, valores como taxas de franquia, royalties e custos de localização física são cobrados diretamente do comprador.
Padronização
Segundo Leandro Andrade, executivo de Expansão da Tratabem, microfranquia da Rede iGUi, para quem quer expandir seus negócios por meio de franquias é preciso avaliar a maturidade da empresa. “Antes de começar a franquear é fundamental garantir que o modelo de negócio esteja consolidado. Marcas que têm histórico de sucesso e processos bem definidos têm mais chances de atrair potenciais franqueados”, enfatizou.
“Outro ponto, que é muito importante, é a questão da estruturação de processos e da padronização. Porque quando falamos em franquia, automaticamente nos leva à questão da padronização. Franquias de sucesso, hoje, dependem mais de uma operação bem estruturada e padronizada , do que qualquer outra coisa, hoje tudo precisa ser documentado porque isso garante que, na expansão das unidades, as franquias sigam o mesmo padrão de qualidade”, acrescentou Andrade.
O especialista destacou ainda que é fundamental ter um plano financeiro detalhado. “Porque, querendo ou não, quando você transforma uma marca em franquia, envolve um investimento significativo, que deve ser considerado. É fundamental que o franqueador tenha um plano financeiro claro, que inclua toda a parte de precificação. a franquia, custos operacionais, projeções de receita Isso ajudará muito tanto os franqueados quanto o próprio franqueador a entender melhor os riscos e oportunidades financeiras”, disse. “A partir do momento que você vira uma franquia, você tem que trazer essa visão estratégica como uma arma muito poderosa para poder expandir cada vez mais a sua marca. Dessa forma, você terá um crescimento mais rápido e com um risco financeiro menor”, emendou.
Mapeamento
Tão importante quanto o perfil do franqueado é também a região em que ele pretende iniciar a rede. Depois de ter em mente o público-alvo, é possível mapear locais favoráveis para a abertura de uma franquia. Para o CEO da WeScale, esse plano de expansão é relevante para definir as garantias quanto à localização que o franqueado irá oferecer. “É importante dar garantias ao cliente de que ele irá operar o negócio sem competir diretamente com outras franquias do mesmo negócio em uma região. Neste ponto, os tamanhos de loja que serão oferecidos devem ser definidos de acordo com a vocação de cada região. e as taxas cobradas”, destacou o empresário e especialista Leonardo Pereira, CEO da WeScale.
Para iniciar uma rede são necessários alguns documentos específicos, como o registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Além disso, é necessário ter conhecimento da legislação específica do sistema de franquias, que foi atualizada em 2019. “O cadastro adequado e também o conhecimento da legislação são pontos importantes para garantir a confiabilidade da rede e o interesse de potenciais franqueados e investidores”, destacou Pereira.
Para o empreendedor, estruturar um manual com o passo a passo de gestão do negócio é fundamental para escalar de maneira uniforme. Ele ressaltou que esse tipo de conteúdo pode ser feito tanto no formato escrito quanto em vídeo, com algum tipo de gamificação, trazendo o lúdico para apoiar o ensino das melhores práticas e ajudar na tomada de decisões. “Faz parte do papel do franqueador assumir a responsabilidade de monitorar e aprender com sua rede. Nessa posição, o empreendedor precisa estar sempre se atualizando para transmitir atualizações importantes ao negócio, e tudo isso sem prejudicar a identidade da rede.”
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