Warley Marcos Nascimento, pesquisador da Embrapa Hortaliças e presidente da Associação Brasileira de Horticultura, explicou ao programa CB.Agro – parceria entre Correspondência e o TV Brasília — nesta sexta-feira (01/03), a importância das hortaliças no Brasil, destacando o valor nutricional e os entraves econômicos e culturais que impactam o consumo pela população de alimentos que proporcionam salubridade.
Segundo a especialista, o consumo de vegetais é essencial para a saúde e cada cor representa um tipo diferente de nutriente. Porém, o Brasil consome apenas 30% da porção recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), muito abaixo dos países desenvolvidos.
“Os vegetais são um mundo. Não podemos deixar de consumi-los e, infelizmente, no nosso país consumimos muito pouco”, lamenta.
Assista ao programa na íntegra:
A investigadora destacou no programa a riqueza e variedade dos vegetais, que incluem cerca de 200 espécies diferentes, com uma impressionante gama de cores, sabores, aromas e texturas. Essas características fazem do alimento uma excelente opção gastronômica, oferecendo versatilidade e benefícios nutricionais.
No cenário internacional, países como membros da União Europeia, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul estão à frente, com um consumo médio de cerca de 500 gramas de vegetais por pessoa, por dia.
No Brasil, a média é de apenas 150 gramas, um terço da quantidade ideal. O baixo consumo no país pode ser atribuído, em parte, ao alto custo das hortaliças, principalmente para as populações de menor poder aquisitivo. Além disso, há uma questão cultural, com hábitos alimentares arraigados que priorizam alimentos como arroz, feijão e carne em detrimento de vegetais.
“Dependendo da época e do produto, as hortaliças custam entre R$ 15 e R$ 30 o quilo. Isso coincide com a carne, seja ela primeira ou segunda. Então, essa população que não tem informações sobre hortaliças, prefere priorizar alimentos básicos, como arroz, feijão, carne, farinha e mandioca ou pacote de biscoitos e iogurte. Os vegetais estão em segundo plano.”
Nascimento acredita que o alto preço das hortaliças no Brasil está relacionado a diversos fatores, incluindo as condições climáticas e o custo de produção. Adubo importado, a escassez de mão de obra qualificada e a necessidade de irrigação são apenas alguns dos gastos que aumentam o custo. Ele deu como exemplo a produção de um hectare de tomate, que pode custar até R$ 200 mil. Como resultado, os preços dos vegetais no mercado tornam-se inacessíveis para uma parte da população.
“Para o produtor ter lucro ele encarece o produto. Esse é um retrato do baixo consumo de hortaliças no país”, afirma.
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Segundo o especialista, os resíduos vegetais chegam a cerca de 30% após a colheita, devido a problemas de transporte, armazenamento e comercialização. No Brasil, a falta de infraestrutura, como caminhões frigoríficos para transporte, contribui para essas perdas. Além disso, a sazonalidade da produção, que varia de acordo com as estações, também afeta a disponibilidade e o preço dos vegetais.
“Abastecemos mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. E temos aqui parte de uma população que está em insegurança alimentar, ou seja, passando fome. O mundo também sofre com a fome, mas temos alimentos suficientes, mas não estão bem distribuídos”.
*Estagiária sob supervisão de Andreia Castr
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