O ano de 2025 promete trazer mudanças importantes para os servidores públicos federais, com a implementação da Medida Provisória (MP) 1.286/24, que inclui reajustes salariais e uma reestruturação significativa do funcionalismo público. O reajuste será implementado retroativamente a partir deste mês, dependendo da aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA). O Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos afirma que os valores estão dentro dos parâmetros estabelecidos pelo novo enquadramento fiscal, que mantém as despesas com pessoal em 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo patamar registado em 2022. o acumulado chega a 27%, em média, e tem impacto de R$ 17,9 bilhões, em 2025, e de R$ 8,5 bilhões, em 2026.
Apresentada pelo governo como parte do plano “Transformação do Estado Associada à Gestão de Pessoas”, a Medida Provisória abrange 38 categorias de servidores e introduz novas diretrizes para cargos públicos e progressão na carreira. Eles não conseguem negociar o reajuste desde 2019. O aumento, negociado ao longo de 2024 em negociações com diversas categorias, será implementado retroativamente a 1º de janeiro de 2025, mas depende da aprovação da LOA.
“Não é simplesmente um aumento salarial. Trata-se, na verdade, de uma reestruturação de carreiras. É mais uma etapa na transformação do Estado que fizemos”, afirmou a ministra da Administração, Esther Dweck, quando a medida foi implementada. O presidente do Fórum Estadual de Carreiras (Fonacate), Rudinei Marques, afirma que o governo tem cumprido os termos do acordo firmado com os servidores para que os efeitos financeiros comecem neste mês.
“O Executivo está trabalhando para corrigir o poder de compra dos salários. No último governo, de 2019 a 2022, os salários foram totalmente congelados. Havíamos acumulado perdas inflacionárias de 27%”, destaca.
“Na atual gestão tivemos uma primeira recuperação em 2023, de 9%. E agora, essa nova recomposição vai ajudar no poder de compra dos salários. A Medida Provisória é muito ampla, tem mais de 700 páginas, está sendo estudada pelos servidores, suas entidades profissionais, vai encerrar os debates com o próprio governo, mas temos certeza que a publicação nos faz começar 2025 com o pé direito pé”, acrescenta o presidente da Fonacate.
Além do reajuste, a MP prevê a transformação de 14.989 cargos considerados obsoletos em 15.670 novos cargos, sendo 70% das vagas voltadas para a área de educação, incluindo 100 novos institutos federais. Segundo Esther Dweck, esta reformulação não gera um impacto orçamental imediato, pois trata-se de uma reorganização de funções existentes. “São cargos mais alinhados às necessidades atuais”, afirmou o ministro.
Outro destaque é a criação de duas novas carreiras transversais. A primeira seria para a carreira de desenvolvimento de políticas de justiça e defesa, que com 750 vagas, terá como foco a realização de atividades técnicas em áreas como planejamento, coordenação e supervisão de projetos e programas ligados à Justiça, defesa nacional e segurança. A segunda será a carreira de Desenvolvimento Socioeconômico, que também terá 750 vagas.
A medida terá como objetivo planejar e implementar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento nacional, abrangendo áreas socioeconômicas, regionais, urbanas e rurais. As vagas para essas novas carreiras serão preenchidas por meio de uma nova edição do Concurso Nacional Unificado (CNU), reforçando o compromisso do governo com um processo seletivo mais centralizado e eficiente.
A área da educação aparece como principal destino dos novos cargos criados pela MP. Além de receberem a maior parte das novas vagas, os institutos federais receberão atenção especial, reforçando a expansão e a qualificação do ensino técnico e superior público no Brasil. Essa priorização reflete o esforço do governo em alinhar o serviço público às demandas atuais da sociedade, como a ampliação do acesso à educação de qualidade e o desenvolvimento de áreas estratégicas para o país.
A MP também traz alterações nas regras de avaliação de desempenho, progressão e promoção de servidores públicos. Estas mudanças visam modernizar os critérios de progressão na carreira, garantindo maior meritocracia e eficiência no setor público. Entre as novidades estão sistemas de avaliação mais rigorosos, que podem ser vinculados ao desempenho individual e coletivo, e programas de formação contínua para treinar competências modernas.
Apesar das restrições orçamentárias, o governo garante que os reajustes e alterações propostas pela MP foram planejados para respeitar os limites fiscais. “Estamos respeitando todos os limites fiscais. Mesmo com todas essas negociações e as competições autorizadas e previstas, teremos custos de pessoal estáveis”, afirmou Esther Dweck. Contudo, a implementação das medidas depende da aprovação da LOA, que ainda tramita no Congresso Nacional. A votação, prevista para ocorrer após o recesso parlamentar, será decisiva para a implementação de ajustes e outras mudanças.
Especialistas avaliam que a MP representa um avanço significativo na modernização do serviço público, mas ressaltam que os desafios persistem. O economista Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), avalia que o Concurso Nacional Unificado, que será utilizado para o preenchimento de novas vagas, promove eficiência e transparência, mas enfrenta limitações impostas pela política de austeridade.
“A política de austeridade impõe limites à criação de novas vagas, priorizando áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública. Porém, o Concurso Nacional Unificado acelera a reposição de quadros, principalmente em áreas estratégicas, e reduz as desigualdades regionais e institucionais”, destaca Nogami.
Para o Correspondênciapor meio de nota, o Ministério da Gestão informou que trabalha em outras iniciativas para o setor público, além da CNU. O departamento procura implementar reformas estruturais que alinhem o serviço público com as exigências da sociedade, por exemplo, adaptando a regulamentação dos concursos públicos e “modernizações que se mostrem necessárias com base na experiência acumulada com as ações que têm sido desenvolvidas pelo Ministério”.
Para o economista Otto Nogami, essas medidas são essenciais para modernizar o setor público e enfrentar desafios como o elevado número de funcionários próximos da aposentadoria. “Com grande parcela dos servidores se aposentando nos próximos anos, é fundamental acelerar a reposição de quadros e adequar as carreiras às demandas atuais”, destaca.
Segundo o economista César Bergo, professor da Universidade de Brasília (UnB), as inovações trazidas pela MP, como o uso de plataformas digitais e a centralização dos processos seletivos, podem indicar ganhos de agilidade e redução de custos. “Essa mudança significativa causará impactos positivos, inclusive no que diz respeito à gestão orçamentária, adequando o processo a situações de restrições fiscais”, avalia.
Modernização
Do ponto de vista económico, o novo modelo de seleção tem potencial para ter impactos positivos na gestão orçamental. Bergo explica que a centralização das concorrências e a digitalização dos processos geram economias significativas, permitindo melhor adaptação às restrições fiscais. “A agilidade esperada no processo seletivo permitirá adequar o quadro de funcionários às demandas do orçamento público, minimizando desperdícios”, observa.
O equilíbrio entre as restrições orçamentais e a necessidade de modernizar o sector público será crucial. O governo enfrenta o desafio de garantir a sustentabilidade fiscal e ao mesmo tempo investir na renovação do pessoal. Para isso, é necessário priorizar áreas críticas, como saúde e educação, e buscar soluções inovadoras, como contratos temporários para demandas emergenciais.
Segundo Bergo, a CNU marca o início de uma nova era no serviço público federal. A iniciativa, liderada pelo Ministério da Gestão e Inovação, é um passo importante para tornar o setor público mais eficiente, transparente e alinhado às expectativas da sociedade. Para especialistas, a modernização do serviço público depende da gestão estratégica de pessoas, que inclui valorização, capacitação e avaliação contínua dos colaboradores.
A Medida Provisória 1.286/24 representa uma tentativa do governo federal de equilibrar as restrições fiscais com a necessidade de modernização e reestruturação do serviço público. Com foco em áreas prioritárias, como educação e desenvolvimento socioeconômico, a MP busca não só ajustar salários, mas também repensar a estrutura de cargos e carreiras. O sucesso da iniciativa dependerá da capacidade do governo em implementar as mudanças propostas, manter o equilíbrio fiscal e garantir que as novas regras contribuam para a eficiência e qualidade do serviço público. Enquanto isso, funcionários e candidatos acompanham de perto a evolução da tramitação da LOA e da implementação dos reajustes salariais para 2025.
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