Pesquisa recente da Ernst Young (EY), realizada com 1.200 CEOs (principais executivos) de grandes corporações de 20 países, incluindo o Brasil, revela que o alto custo de capital e as pressões regulatórias estão entre os principais temas para 2025 Segundo o CEO Pesquisa Outlook Pulse, realizada pela EY-Parthenon, braço de consultoria estratégica da EY, 62% dos profissionais pretendem investir em novas áreas, como fusões e aquisições e joint ventures. Dentre eles, há um consenso entre eles de que é preciso avançar nos processos relacionados às tecnologias disruptivas.
No Brasil, o novo ciclo de aperto monetário, iniciado pelo Banco Central em setembro, está deixando executivos de grandes empresas mais preocupados com o aumento do custo de capital para investimentos, segundo Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil.
“Esse recente movimento de aumento dos juros do Banco Central reforça o sentimento de preocupação entre os executivos de grandes empresas do Brasil e este deve ser um dos principais itens de preocupação para 2025”, destaca o executivo, em entrevista ao Correspondência.
Segundo Berbert o impacto indireto da piora da situação fiscal aumenta os juros e consequentemente os custos de capital dos empresários brasileiros e o recente choque de juros que o Banco Central deu na taxa Selic elevando os juros em mais 100 pontos- base, para 12,25% ao ano, além de sinalizar outros dois aumentos de mesma magnitude nas duas primeiras reuniões do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), deve aumentar as incertezas desses executivos nas próximas pesquisas que são realizados bimestralmente.
“Quando o custo de captação de recursos aumenta, isso afeta os planos de investimento das empresas, o que se deve a uma perspectiva mais positiva para os cenários econômicos”, explica.
Ele reconhece que a inflação deveria estar no radar não só do Banco Central, mas também das empresas que estão preocupadas em fazer investimentos. O executivo destaca ainda que, mesmo com algumas incertezas, principalmente em questões macroeconômicas e geopolíticas, o histórico da pesquisa mostra que o setor produtivo está retomando o movimento crescente, envolvendo o uso de tecnologias e capital.
Segundo ele, alguns temas abordados na pesquisa, como inflação, crescimento das empresas, talentos e tecnologia e investimentos, e segundo o estudo, 60% dos entrevistados disseram estar confiantes em relação ao custo dos insumos e ao custo dos fazendo negócios. Em relação ao crescimento dos negócios, 54% estão positivos em relação ao faturamento da empresa; 58% em relação à rentabilidade e 62% em relação ao capital de investimento ou fluxo de caixa. Em relação ao talento, 62% estão esperançosos em atrair e reter colaboradores.
Quando questionados sobre investimentos e tecnologias, os executivos também demonstram que estão otimistas em diversas frentes, com 58% afirmando que pretendem investir em mercados emergentes; 64%, em investimentos em operações existentes.
Segundo dados da pesquisa, 58% dos entrevistados pretendem firmar joint ventures ou alianças estratégicas para expandir seus negócios. Outros 54% responderam que pretendem diversificar e atrair investidores por meio do IPO da empresa. E apenas 18% dos executivos afirmaram que pretendem fazer fusões ou aquisições nos próximos 12 meses.
Surpresas
O executivo da EY destaca ainda que uma das surpresas da pesquisa foi o fato de 48% dos entrevistados estarem bastante otimistas e 30% muito otimistas quanto à rentabilidade do negócio. “E além da questão do custo de capital, outras principais preocupações são as pressões regulatórias e a saúde, que foi colocada na agenda das discussões em geral devido à pandemia de covid-19 em 2020”, afirma Berbert.
“O que temos visto, de fato, apesar dos indicadores mais robustos do que o esperado da economia brasileira, a perspectiva futura tem sido afetada pelas discussões em torno do ajuste fiscal. E, de fato, as últimas discussões sobre o pacote fiscal podem reduzir esse otimismo em próximos meses”, acrescenta.
O estudo revela ainda que, em termos de estratégias para impulsionar os negócios, as decisões sobre transações, principalmente fusões e aquisições, cisões e joint ventures, são apontadas como aquelas que mais sofrem com questões e riscos políticos e estão frequentemente na agenda dos CEOs.
Quanto à velocidade de adaptação às disrupções que têm impulsionado as mudanças no mercado, 36% afirmam estar acima da média e a lidar eficazmente com isso, enquanto 64% entendem que estão a fazer progressos, mas ainda precisam de melhorias em algumas áreas.
“O mais significativo quando analisamos as respostas é que os CEOs já entendem que esses novos temas vieram para ficar e precisarão estar em pauta para que seus negócios se adaptem às mudanças. já está sendo feito”, explica Berbert.
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