O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quarta-feira, 8, em evento no Palácio do Planalto que o governo vetará os “jabutis” inseridos pelo Congresso no projeto de lei que regulamenta a atividade de parques eólicos offshore (em alto mar). ), como mostra o Estadão/Transmissão nesta terça-feira, 7. Silveira não detalhou se o veto será para todos os trechos não relacionados ao tema central do projeto.
Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, o governo vetará todos os artigos que não discutam o tema dos parques eólicos offshore. O tema foi discutido ontem em reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, da Casa Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad, em além de Silveira.
Como mostrado por Coluna do Estadãoa equipe econômica já havia dado parecer favorável ao veto integral de emendas não relacionadas ao tema central da proposta, como são chamadas as “tartarugas”.
Silveira reforçou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem até sexta-feira, dia 10, para sancionar o projeto. “O presidente Lula tem até sexta-feira para tomar a decisão final, mas a reflexão é unânime, é consensual no governo”, disse sobre o veto às “tartarugas”.
Na semana passada, um grupo de 12 associações e entidades do setor elétrico divulgou uma carta aberta ao presidente Lula pedindo o veto dessas alterações.
Os signatários solicitaram a retirada dos artigos 19, 22 e 23, incluídos no projeto. Segundo a carta, se o texto for integralmente sancionado, o Brasil terá que arcar com um custo de pelo menos R$ 545 bilhões até 2050, o que corresponde a um custo anual de cerca de R$ 22 bilhões e a um aumento de 9% em energia elétrica, conforme mostrado pelo Estadão.
Entenda os ‘jabutis’
Durante a tramitação do projeto de lei (PL) que regulamenta a produção de energia eólica offshore na Câmara, foram incorporadas oito medidas que não tinham relação com a proposta original. Na linguagem do Congresso, essas medidas fora do texto são apelidadas de “tartarugas”.
Duas dessas tartarugas foram rejeitadas pelo senador Weverton (incluindo benefícios para geração de energia solar), mas seis foram mantidas. Na votação em plenário, o benefício à energia solar foi retomado, totalizando sete jabutis. Entre elas estão a contratação compulsória de termelétricas a gás em regiões do país que não possuem fornecimento do produto e a contratação compulsória de energia gerada por pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Após a aprovação do projeto no Senado, aprovado em dezembro, a Frente Nacional de Consumidores de Energia (FNCE), que também assinou a carta aberta dirigida a Lula, divulgou nota na qual afirmava que os custos das tartarugas causariam um aumento de 9% em energia elétrica.
O projeto aprovado na Câmara teve impacto de aumento de 11% na conta de luz, segundo cálculos da consultoria PSR, feitos no início do processo, em 2023. Com a retirada de um jabuti, o percentual caiu para 9% .
O maior custo do projeto vem de uma proposta de viabilização de termelétricas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Durante a privatização da Eletrobras, foi determinado que haveria um preço teto para contratação dessa energia. Mas o leilão de 2019 ficou vazio, sem interessados.
Agora, o PL retirou esse preço teto – que, na prática, incluirá no preço da energia a ser pago pelos consumidores o custo da construção de gasodutos que sairão do litoral do país até essas regiões onde não há gás.
Outro custo elevado é a contratação compulsória de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que também têm preço de construção superior às demais fontes disponíveis no sistema.
Essa diferença entre o que será pago pelos consumidores e o que poderia ser pago por fontes mais baratas é o que está sendo considerado pelas entidades no cálculo.
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