O dólar começou a semana em queda, apesar da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que defende medidas mais restritivas aos produtos brasileiros no país. O que pode explicar o movimento da moeda norte-americana é o feriado nos EUA, onde as bolsas não abriram nesta segunda-feira (20/1), em memória do pastor e ativista Martin Luther King Jr.
Ao final do dia, a cotação do dólar caiu 0,4%, a R$ 6,04. O movimento foi na mesma direção do índice da moeda do mercado internacional, o DXY, que caiu ainda mais forte, de 1,14%.
Apesar da queda no primeiro dia de governo, especialistas acreditam em uma valorização ainda maior da moeda durante a presidência republicana. Na visão do economista da Rio Bravo, José Alfaix, os impactos da vitória de Trump já se refletem na desvalorização das moedas emergentes, especialmente no caso de economias abertas e com elevada dependência das exportações para os EUA.
“A valorização do dólar frente ao real se deve, em grande parte, às expectativas de juros mais elevados no governo Trump, especialmente pelo lado fiscal expansionista de seu governo, com os ambiciosos cortes de impostos”, considera o especialista.
A percepção de dólares elevados também se reflete entre gestores e executivos. Para o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, o retorno de Trump reforça um ambiente de tensão no comércio internacional. “Para o Brasil, os impactos podem ser mistos: embora o aumento das tarifas sobre produtos chineses possa criar oportunidades para o agronegócio brasileiro, um dólar fortalecido e a desvalorização do real tendem a pressionar a inflação e os custos de importação”, destaca o CEO.
Monteiro ainda acredita que a resposta do mercado internacional, com possíveis revisões das estratégias comerciais e dos fluxos de capitais para os EUA, reforça a necessidade de o Brasil adotar políticas fiscais e cambiais sólidas para proteger o cenário doméstico. “Esta nova configuração global exige resiliência e adaptações rápidas para mitigar riscos e explorar oportunidades que possam surgir”, acrescenta.
Na opinião do CEO da Multiplike, Volnei Eyng, o mercado internacional deve reagir com cautela, principalmente até que as medidas defendidas pela administração Trump se concretizem. “No curto prazo, a postura mais assertiva de Trump poderá levar a uma reavaliação dos ativos, especialmente em mercados emergentes como o Brasil, que dependem de um fluxo de capital estável para sustentar a recuperação económica”, aponta Eyng.
Leilão de câmbio
O primeiro dia da semana também foi marcado pela venda de dólares pelo Banco Central do Brasil com compromisso de recompras futuras. Foram realizados dois leilões, com a venda de US$ 1 bilhão cada, destinados exclusivamente a instituições credenciadas pela autoridade monetária, conhecidas como ‘dealers’.
O objetivo dos leilões de câmbio é ajudar a evitar uma maior valorização da moeda norte-americana no mercado brasileiro. A operação foi a primeira realizada em 2025, após um final de ano marcado por diversos leilões entre os meses de novembro e dezembro.
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