O governo federal busca uma solução rápida para resolver o aumento dos preços dos alimentos nos mercados. Pressionados pela inflação, produtos essenciais na mesa do brasileiro, como arroz, feijão, leite e carne, registraram aumentos significativos nos últimos meses. Na reunião ministerial realizada esta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a prioridade é implementar medidas para conter a inflação.
“É inaceitável que os brasileiros sofram tanto para colocar comida na mesa. Este governo foi eleito com o compromisso de devolver a dignidade ao povo. Baixar o preço dos alimentos será prioridade absoluta”, afirmou o presidente Lula.
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Segundo os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os alimentos aumentaram 7,69% em 12 meses, contribuindo com 1,63 ponto percentual para a inflação total em dezembro de 2024. Na avaliação de especialistas, esse número reflete um problema estrutural no país. economia brasileira, agravada por fatores internos e externos.
Entre os itens que mais contribuíram para o aumento estão arroz, feijão, leite e cortes de carne bovina, especialmente picanha —símbolo do discurso de Lula durante a campanha eleitoral, mas que se tornou inacessível para grande parte da população.
Vários fatores
O economista Vinícius do Carmo destaca que o aumento dos preços dos alimentos é consequência de uma combinação de fatores. “A primeira é a questão climática. Em 2024, tivemos efeitos agravantes no clima, o que significou seca no Centro-Oeste e Sudeste e chuvas excessivas no Sul, comprometendo a oferta de alimentos, o que pressionou os preços”, disse. estados.
O segundo elemento, segundo o especialista, é a política cambial fiscal. “Com o real desvalorizado, exportamos mais alimentos e temos dificuldade em importar insumos. A exportação excessiva de alimentos reduz a oferta interna, e a redução da oferta interna pressiona a inflação”, acrescenta.
Segundo o economista, para 2025 a expectativa é que a tendência inflacionária continue. “Alimentos como carne e café estão batendo recordes de exportação, o que reduz a oferta interna desses alimentos, pressionando os preços, e isso tem efeito de escala na economia. Então, a alta da carne pressiona outros preços”, destaca Vinícius do Carmo.
O cenário deste ano apresenta desafios. Os especialistas estão cautelosamente optimistas quanto à possibilidade de um abrandamento da inflação alimentar. A expectativa é que uma colheita agrícola mais robusta, prevista para o segundo semestre, alivie os preços de alguns produtos, como arroz, milho e feijão.
Além disso, o governo está em processo de reativação de políticas públicas como o Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) e de fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciativas que podem ajudar a regular os preços e ampliar a oferta aos consumidores. .
Esforços
A famosa picanha prometida por Lula durante a campanha é, atualmente, um luxo para poucos. O preço médio do corte ultrapassa os R$ 80 o quilo, dependendo da região do país. Em muitos lares brasileiros, a carne vermelha foi substituída por alternativas mais acessíveis, como miudezas e carne suína.
“É importante resgatar o papel do Estado na regulação de preços e no fortalecimento da produção nacional. Queremos que o brasileiro volte a comer carne não só nos finais de semana, mas sempre que quiser”, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em recente entrevista .
Além das iniciativas de estabilização de preços, o governo anunciou que pretende aumentar o orçamento do Bolsa Família, com foco em garantir o abastecimento alimentar mínimo às famílias em situação de vulnerabilidade. “Combater a fome é um dever moral, é uma questão de justiça social”, destacou Lula, reafirmando que sua gestão priorizará ações que protejam os mais vulneráveis da inflação alimentar.
Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, o Executivo também enfrenta obstáculos no seu plano de recuperação económica, uma vez que taxas de juro mais elevadas encarecem o crédito e limitam os investimentos privados. “Neste cenário, a condução de uma política fiscal responsável será crucial para equilibrar o controlo da inflação com o estímulo ao crescimento económico”, afirma.
Segundo o CEO do Equity Fund Group, João Kepler, o aumento superou a meta e preocupa os economistas. “Esse resultado é um sinal claro de que as pressões inflacionárias persistem e afetam diretamente o consumidor, desgastando o poder de compra e aumentando o custo de vida”, ressalta.
O CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, destaca o impacto no poder de compra brasileiro e na economia do país. “Do ponto de vista da política monetária, o resultado praticamente sela a necessidade de uma postura ainda mais contracionista do Copom. A expectativa é de aumento de 1 ponto percentual na Selic, levando a taxa de juros para 13,25% na próxima reunião Janeiro”, destaca.
Eyng destaca que o cenário atual reforça o dilema enfrentado pela política econômica: conter a inflação no curto prazo sem comprometer o crescimento sustentável. “Embora esta decisão seja necessária para combater a resistência inflacionária, ela também apresenta desafios significativos à recuperação econômica. Taxas de juros mais altas desestimulam o consumo e os investimentos, além de dificultar a implementação de políticas públicas focadas na recuperação”, afirma.
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