Após a pandemia da Covid-19, as preocupações com a saúde nunca foram tão evidentes e a busca por segurança e assistência médica de qualidade tornou-se uma prioridade para muitos. Agora, os brasileiros entendem que não há necessidade de brincar com a saúde, pois, sem ela, fica difícil fazer planos para o futuro.
Os planos e seguros de saúde são importantes na prevenção de doenças, na proteção dos familiares e têm um papel importante no mercado segurador. Esse setor respondeu por 6,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, segundo projeções da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg) e a entidade projeta que esse percentual poderá chegar a 10% do PIB em 2030. Segundo Vera Valente Para ele, diretor-executivo da FenaSaúde, a saúde suplementar desempenha um importante papel complementar ao Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo acesso à saúde de qualidade para 51 milhões de brasileiros. “O setor gera 3% do PIB e emprega 5 milhões de pessoas, financiando 1,8 bilhão de procedimentos anuais”, afirma.
“Cerca de 420 mil médicos trabalham nos planos de saúde, que também sustentam 81% da receita dos principais hospitais privados e 88% dos principais laboratórios de diagnóstico. Aproximadamente 126 mil estabelecimentos oferecem planos de saúde”, acrescenta Valente. Ao pesquisar produtos de assistência médica no mercado, o consumidor pode se deparar com ofertas de seguros e planos de saúde. Do ponto de vista jurídico, são a mesma coisa: planos privados de saúde regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A diferença também pode surgir no pacote de serviços.
Em geral, o seguro saúde permite que o consumidor contrate um profissional de sua preferência, mesmo que não faça parte da rede credenciada, e solicite o reembolso à seguradora. O plano de saúde vendido por uma operadora pode não ter a opção de reembolso. Mas isso não impede que uma empresa que não seja seguradora trabalhe com ressarcimento.
Planos de negócios
A pesquisa da LifesHub Intelligence indica que, nos últimos anos, os consumidores procuram cada vez mais planos de negócios. Segundo o médico e presidente-executivo (CEO) da LifesHub Intelligence, Ademar José de Oliveira, mais de 80% dos planos de saúde no Brasil são corporativos. “Hoje, apenas 17% dos planos são individuais. Os outros 83% são negociados e os reajustes são repassados às empresas. Em algumas situações, os consumidores passaram a criar um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) para aderir a alguns planos de negócios coletivos vinculados a associações. Mas isso foi combatido pela ANS e algumas ações foram mitigadas”, destaca Oliveira. Porém, segundo ele, o problema continua fazendo com que o ritmo dos planos de negócios continue aumentando.
O consultor e advogado Adilson Valentim destaca que uma das vantagens do seguro de vida é que ele protege as pessoas que ficam, pois garante tudo para quem fica depois da vida. “Quando falamos em seguro, temos que entender que o seguro tem algo que chamamos de prêmio — o valor que o segurado paga. Quando ocorre algum infortúnio, chamamos de acidente, o indivíduo recebe um valor chamado de indenização”, explica. “Então, a vantagem de ter um seguro é que ele vai te apoiar quando você mais precisar”, acrescenta.
Orçamento
Um dos impedimentos para contratar um plano ou seguro saúde é o custo. Para o advogado sócio do Lobo, Gonçalves e Costa Campos Advogados, Tiago Moraes Gonçalves, o orçamento da saúde tem que estar de acordo com a situação financeira de cada família. “O cenário de crise com a pandemia da Covid-19, que aumentou as taxas de sinistralidade e os custos dos pacientes, tornou cada vez mais difícil para as famílias brasileiras a manutenção de planos de saúde”, destaca. Gonçalves lembra que, nos últimos três anos, houve reajustes de 15%, 9,5% e 6%, mas, para as empresas do setor, a realidade também não é boa. “Os balanços mostram, ano após ano, perdas operacionais milionárias desde 2021.”
Gonçalves destaca que há um interesse crescente, por parte das seguradoras e da Superintendência de Seguros Privados (Susep), no desenvolvimento dos chamados “seguros inclusivos”, com produtos que visam atender aos anseios das classes menos favorecidas, e inseri-las em o mercado de seguros. “Então, falando especificamente de seguro saúde, mas acredito que, muito em breve, surgirão produtos voltados para comunidades específicas, com escopo bem definido, que permitirão às famílias que hoje nem sonhariam em ter esse tipo de proteção, fazer um seguro”, acrescenta.
A escolha entre plano de saúde ou seguro saúde, que também pode ser na modalidade de seguro viagem, vai depender do orçamento familiar. “O prêmio é menor, porém, sua utilização exige sempre que o segurado pague diretamente pelas consultas, exames e cirurgias, e só então solicite o reembolso, até o limite máximo de garantia previsto na apólice”, destaca o advogado. Ele lembra ainda que os planos de saúde têm prêmios mais elevados e são reajustados anualmente com base em outros critérios que não a inflação do período, como taxas de sinistralidade, e alguns também têm reembolso. “Tudo deve ser analisado”, aconselha.
Proteção para todas as idades
Engana-se quem pensa que investir em seguro de vida é só para quem tem mais de 60 anos. Muito pelo contrário. O seguro é importante em qualquer idade, pois todos estão sujeitos a imprevistos. Especialistas apontam que, independente da idade da pessoa, é fundamental ter um seguro de vida.
Segundo o corretor de seguros Leonardo Borges, os seguros, em geral, devem estar no topo dos principais produtos do mercado. “Com eles podemos eliminar qualquer ponto que possa interromper o crescimento pessoal ou mesmo um projeto financeiro que esteja em andamento. Além disso, identificadas as necessidades necessárias e a perspectiva do potencial segurado, podemos avaliar a proteção da vida, do patrimônio, da sucessão e até utilizá-la como ferramenta tributária dependendo da modalidade”, explica. Porém, Borges destaca que a nova geração não está tão preocupada com o futuro e, por ter uma visão mais de curto prazo, “os jovens ainda não entenderam a ferramenta como um benefício no qual investir”.
Porém, Borges reconhece que um dos pontos que pode desmotivar os jovens a procurarem um seguro é o valor. “Não tenho dúvidas de que o preço é um dos fatores que influencia os jovens a não usufruirem do seguro. Mas, infelizmente, não conseguem identificar o custo-benefício porque não entendem o valor da proteção e não conseguem calcular o custo desse produto. O seguro não pode ser tratado como despesa e sim como investimento”, destaca.
Para o advogado Léo Petry, corretor de seguros há 30 anos, os jovens não contratam seguros, são os pais. “Tenho quatro gerações de clientes que contratam seguros conosco, entre eles o bisavô, o avô, o pai e o filho. O que acontece é que, desde que os pais paguem o seguro do carro dos filhos, por exemplo, está tudo bem”, afirma. “Normalmente os jovens nem querem saber o preço.” Segundo ele, em relação ao seguro de veículo, o jovem só quer saber quando bate ou é assaltado, ou quando precisa trocar um pneu e carregar a bateria. “Eles só querem saber sobre seguros quando precisam pedir ajuda. Quando o pai entrega a renovação da apólice ao filho, metade desses clientes deixa de contratar o seguro, porque acham que o dinheiro gasto é um desperdício e não um investimento”, comenta.
Segundo a corretora, há uma procura crescente entre os jovens por consultas de seguros para iPhone, que tendem a ser mais caros que os concorrentes. “Para outras marcas de celulares, que não são tão caras, você não vê o mesmo número de consultas”, diz Petry. Segundo ele, a base de seguros no Brasil precisa aumentar para que o custo diminua. “É importante que os jovens façam um seguro, aliás, todos deveriam fazer um seguro. Acredito inclusive que quanto mais pessoas contratarem seguros, maior será o fator de diluição e, portanto, menor será o custo para todos”, destaca.
Segundo pesquisa realizada pela LifesHub Intelligence, nos últimos anos, houve um aumento na procura de seguros por jovens. Um exemplo é o empresário Victor Procópio, de 23 anos. Ele decidiu fazer um seguro de vida e um funeral. “Como sou autônomo e sustento minha família através do trabalho diário, uma morte prematura, ainda que precoce, deixaria minha esposa completamente desamparada financeiramente. Minha motivação para contratar um seguro de vida foi manter minha família protegida”, afirma.
Na opinião do empresário, o seguro é importante, principalmente para quem está em início de carreira e ainda não tem maior segurança e vida financeira estabilizada. “Hoje em dia, os jovens não pensam no amanhã. Acredito que isso poderia ser levado mais em consideração, até porque achamos que nada vai acontecer conosco porque estamos no ‘começo da vida’”, completa. (FS).
Tenha muito cuidado com fraudes no mercado
Não é difícil ouvir que há dores de cabeça no setor de seguros. Muitos consumidores acabam compartilhando diversas situações de fraude ou abuso contratual por falta de conhecimento. O Correio reuniu diversos especialistas para explicar os principais problemas que estão acontecendo no setor e como evitá-los.
Um dos golpes mais comuns é a fraude devido a pedidos de reembolso indevidos ou à realização de procedimentos não autorizados. Esses problemas têm sido motivo de preocupação e prejuízo por parte das operadoras de planos de saúde no Brasil. Segundo dados da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), houve um aumento no número de golpes nos últimos anos.
Em 2023, foram registradas 2.402 fraudes, um aumento de 66% no número de casos em relação ao ano anterior. Especialistas explicam quais são as principais fraudes do setor e como evitar cair no golpe. Especificamente no sector da saúde, a fraude continua a crescer. O resultado disso é o aumento do valor dos planos de saúde para o consumidor final.
Em 2023, foram registradas 2.402 fraudes, um aumento de 66% no número de casos em relação ao ano anterior. Especialistas explicam quais são as principais fraudes do setor e como evitar cair no golpe. Especificamente no sector da saúde, a fraude continua a crescer. O resultado disso é o aumento do valor dos planos de saúde para o consumidor final.
Segundo o advogado e professor criminal Artur Alexandre Oliveira, a fraude se enquadra no âmbito penal. “As principais fraudes ao consumidor com plano de saúde, pelo menos o que tenho visto ser muito mais comum, é o consumidor que mente e fornece informações falsas na hora de contratar o seguro. Então isso acaba sendo muito comum, e aí a seguradora acaba negando certas demandas ou até rescindindo o contrato por causa dessas falsidades, informações falsas”, afirma.
Outra fraude que também está em alta, segundo o especialista em direito médico e sócio do Fonseca Moreti Advogados, Washington Fonseca, é observada de forma muito comum — mas que mudou nos últimos dois anos —, é a emissão de notas fiscais que não correspondem ao valor da consulta. “O médico emite duas a três faturas para que o segurado possa, mês após mês, receber o reembolso de 100% do valor da consulta, de acordo com o valor da fatura, limitado ao valor da sua cobertura contratual, o seu reembolso” , ele diz.
Advogado especializado em planos de saúde, Marco Aurélio Martins Mota orienta o consumidor a procurar uma corretora de qualidade e, se possível, consultar um advogado especializado em contratos de planos de saúde para evitar fraudes ou empresas que dão muita dor de cabeça aos clientes. “O beneficiário também pode buscar o produto diretamente no site da ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), onde poderá acessar e guardar para si as características do produto e a relação de clínicas e hospitais credenciados”, recomenda. (FS)
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