O dólar fechou terça-feira (2/7) cotado a R$ 5,666, alta de 0,22%, com maior valor desde janeiro de 2022. A alta da moeda norte-americana impacta diretamente o bolso dos brasileiros, e significará aumento no preço de combustível nas próximas semanas.
Além da alta do dólar, a Petrobras anunciou aumento no preço do querosene de aviação, colocando no radar uma possível alta da gasolina. O movimento foi impulsionado pela alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os chamados “treasuries”, no mercado internacional.
O economista e especialista em direito tributário Victor Ludwig explica que existem quatro pilares que impactam diretamente no preço do combustível. “O primeiro pilar é o preço do barril de petróleo, que é cotado em dólares. Portanto, a segunda variável é o preço do dólar. A terceira variável são os impostos e a quarta variável é a eficiência logística”, afirma Victor.
Ele esclarece que o mercado de combustíveis é um pouco diferente de outras commodities, como as commodities agrícolas. “No mercado de combustíveis você compra insumos em dólar e vende em reais. No mercado agro você compra insumos em reais e vende em dólares. Por isso a alta do dólar favorece a agricultura, mas não favorece nenhum outro mercado de commodities aqui, a não ser a agropecuária”, explica.
De 1º de janeiro deste ano até agora (2/7), o preço do barril de petróleo Brent aumentou 14,04%. O aumento, aliado à alta de mais de 15% do dólar acumulada desde o início do ano, contribui para o aumento dos preços dos combustíveis no Brasil. “As empresas brasileiras compram esse petróleo refinado, o Brent, em dólares e vendem em reais, dessa forma, haverá claramente um repasse desses aumentos”, afirma o economista.
O especialista esclarece que os preços do óleo diesel e da gasolina no Brasil são afetados por um conjunto de fatores econômicos e de mercado. “Atualmente, há uma defasagem média de -13% no óleo diesel e de -15% na gasolina. Essa defasagem representa a diferença entre o preço praticado no mercado interno e o preço de paridade de importação (PPI). Com essa defasagem, os preços internos ficam abaixo dos preços de importação, indicando que em algum momento haverá ajuste”, pontua.
Segundo o economista, a taxa PTAX, que é a taxa de câmbio oficial calculada pelo Banco Central do Brasil, fechou a última sessão em patamar elevado, pressionando os preços internos dos produtos importados. Atualmente, a taxa de câmbio é de R$ 5,55/US$, o que encarece os produtos importados, principalmente os combustíveis.
Outro ponto que impacta é a oferta restrita de petróleo, que pressiona os preços futuros. Os barris de Brent estão sendo negociados atualmente acima de US$ 86 por barril. A oferta limitada, causada por conflitos geopolíticos e decisões da OPEP+, faz subir os preços.
“O desfasamento indica que os preços internos estão artificialmente baixos em comparação com os preços de importação, criando uma pressão ascendente. A elevada taxa de câmbio e a escassez de oferta de petróleo sugerem que os preços dos combustíveis importados continuarão a subir. Este aumento nos preços dos combustíveis impacta os custos de transporte e produção de bens e serviços. Com isso, os preços dos produtos finais também sobem, contribuindo para a inflação geral”, afirma Victor.
“Para combater a inflação, o Banco Central do Brasil poderá aumentar a taxa Selic, a taxa básica de juros. A Selic mais alta visa conter a inflação, reduzindo a demanda agregada da economia. No entanto, isto poderá abrandar o crescimento económico, o que é uma preocupação significativa num ano eleitoral, com as eleições autárquicas a aproximarem-se em Outubro”, conclui o especialista.
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