O grupo de trabalho formado na Câmara para analisar a regulamentação da reforma tributária apresentou seu primeiro relatório nesta quinta-feira, 4. O texto incluiu jogos de azar, físicos e digitais (como apostas esportivas, “apostas”), e veículos elétricos na lista de produtos sujeitos ao Imposto Seletivo – o chamado “imposto do pecado”, que tributará com alíquota itens extras considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Os deputados também decidiram deixar a carne fora da cesta básica com imposto zero, apesar da pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para isentar as proteínas animais mais populares, como o frango.
Este primeiro relatório trata da implementação da Contribuição sobre Circulação de Bens e Serviços (CBS, federal) e do Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços (IBS, dos Estados e Municípios), substituindo cinco tributos que atualmente incidem sobre o consumo de bens e serviços (PIS). , Cofins, IPI, ICMS e ISS). O objetivo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é concluir a votação antes do início do recesso parlamentar, que começa no dia 18. O governo enviou pedido de urgência constitucional à Câmara, para que o projeto seja apreciado diretamente no plenário, sem passar por novas instâncias.
“O jogo é prejudicial à saúde e deveria estar na lista dos produtos a serem tributados, assim como incluímos os carros elétricos. É um carro que, do berço ao túmulo (da produção à reciclagem), polui, principalmente no túmulo, ao contrário de carros a combustão”, afirmou o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), um dos integrantes do grupo de trabalho.
Como revelou o Estadãoa inclusão dos veículos elétricos na Seletiva foi uma recomendação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, alegando não fazer distinção entre veículos a combustão, híbridos e elétricos e citando a fabricação e o descarte da bateria como poluente fatores.
Segundo os deputados, os caminhões foram poupados do Imposto Seletivo. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que o transporte de cargas no país é basicamente rodoviário e que, portanto, deverá fugir da sobretaxa.
Além dos veículos elétricos e dos jogos de azar, a lista ontem apresentada pelos deputados menciona aeronaves e embarcações; cigarros; bebidas alcoólicas; bebidas açucaradas; e bens minerais (como petróleo e minério de ferro). Os alimentos ultraprocessados continuaram excluídos da Seletiva, assim como as armas – tema que deve voltar à discussão no plenário. O vice-presidente Geraldo Alckmin classificou o entendimento sobre armas como um “erro”. “Temos que reduzir o custo dos alimentos”, disse ele.
Proposta deixa carne fora da lista de itens da cesta básica isentos de impostos
Apesar da pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela isenção de proteínas animais consumidas pelos mais pobres, a carne ficou de fora da lista de produtos da cesta básica com alíquota zero na proposta de regulamentação da reforma tributária apresentada ontem pelo grupo de trabalho da Câmara. “Ainda há pontos de divergência no texto. Esses pontos serão discutidos nas bancadas”, disse o deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que integra o grupo, ao apresentar o texto.
“Qualquer situação diferente para qualquer setor terá impacto na taxa referencial (do IVA), de 26,5%. Mas acreditamos que conseguimos reduzir esta taxa devido às melhorias que fizemos no texto”, acrescentou.
Os discursos do presidente Lula a favor da isenção das carnes mais populares, como o frango, aumentaram a pressão do setor alimentício sobre os parlamentares para ampliarem os itens da cesta. Na quarta-feira, no lançamento do Plano Safra, Lula chegou a dizer que ficaria “feliz se eu pudesse comprar carne sem impostos”.
A inclusão da carne no cabaz, no entanto, aumentaria a nova taxa de referência do IVA. Nas contas da equipa económica e do Banco Mundial, a inclusão da carne na cesta básica teria um impacto de 0,57 pontos percentuais na taxa normal – que atingiria 27,1%, como mostra o Estadão.
A proposta enviada pela equipe econômica ao Congresso não incluía mais nenhum tipo de carne na cesta básica com imposto zero. De acordo com o projecto do Ministério das Finanças, as proteínas animais foram incluídas na taxa reduzida, com desconto de 60% no IVA. Itens considerados de luxo, como salmão, ovas e foie gras, pagarão a alíquota integral, que o Tesouro projeta em 26,5%.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) vinha trabalhando para incluir a carne na cesta básica isenta. Ontem, a entidade divulgou nota afirmando estar “otimista com a possibilidade de alteração do relatório até a próxima semana, quando deverá ser votado pelos deputados”.
“O acesso à carne para a população mais pobre foi tema de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que manifestou ontem (quarta-feira) seu desejo de incluir proteínas na cesta básica. a proposta”, diz a nota.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que isentar a carne pode tornar o preço “pesado”, em referência ao aumento da alíquota normal do ICMS. Lira argumentou que aumentar o “cashback” (mecanismo de restituição de parte dos impostos) para pessoas de baixa renda seria mais eficaz do que isentar proteínas animais.
Medicação
O relatório também trouxe alterações na alíquota dos medicamentos, na lista de isenções e na periodicidade das revisões.
Entre as mudanças está o aumento da tarifa dos medicamentos com princípio ativo citrato de sildenafila (no caso do Viagra), usados no tratamento de disfunção erétil e hipertensão pulmonar, de zero para a tarifa reduzida, com desconto de 60%. “Zeramos a alíquota da dignidade menstrual e aumentamos a do Viagra”, disse o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), referindo-se à inclusão dos absorventes menstruais na lista de itens isentos de ICMS. (VICTOR OHANA, IANDER PORCELLA e LUIZ ARAÚJO COLABORAM)
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