A empresa americana CrowdStrike, cujo software causou um gigantesco apagão cibernético global nesta sexta-feira (19), aproveitou a ascensão da computação em nuvem para se tornar um player essencial na segurança cibernética em pouco mais de uma década.
O incidente ocorreu devido à atualização de software do grupo nos sistemas operacionais Windows da gigante Microsoft e causou caos em diversas atividades digitais ao redor do mundo, de aeroportos a hospitais.
O que aconteceu destacou a influência do CrowdStrike, pouco conhecido do público, no setor digital.
Sediada em Austin (estado do Texas, sul dos Estados Unidos), a empresa é atual líder mundial em segurança para dispositivos de rede, como notebooks, tablets e smartphones.
George Kurtz, cofundador e diretor executivo do grupo, quer se concentrar na proteção contra invasões, em vez de apenas no combate aos vírus.
Desta forma, a empresa destaca-se dos tradicionais serviços de software antivírus, como Symantec e McAfee, dos quais foi diretor tecnológico até 2011, ano em que fundou a CrowdStrike.
Um relatório divulgado pela empresa americana em 2024 estimou que 70% dos ataques cibernéticos não envolvem vírus, mas sim manipulações realizadas diretamente por hackers usando permissões roubadas ou recuperadas.
Com seu principal produto, a plataforma em nuvem Falcon, lançada em 2012, a CrowdStrike também se beneficiou da democratização da banda larga e do surgimento de ferramentas de armazenamento de dados para oferecer um produto totalmente baseado em nuvem.
A computação remota também permite atualizações rápidas e regulares.
A empresa americana integrou a tecnologia de Inteligência Artificial (IA) em sua plataforma para facilitar a detecção de atividades incomuns que possam estar relacionadas a vírus ou tentativas de hacking.
Identifique ameaças
Kurtz e os outros dois fundadores, Dimitri Alperovitch e Gregg Marston, adotaram uma abordagem proativa ao risco.
Desta forma, criaram uma equipa de centenas de pessoas dedicadas a identificar ameaças cibernéticas em todo o mundo, para antecipar possíveis ataques.
A CrowdStrike estabeleceu que indivíduos apoiados pelo governo russo estavam por trás de um ataque cibernético aos servidores do Partido Democrata durante a campanha presidencial dos EUA em 2016.
Em 2023, o chefe de segurança da CrowdStrike, Shawn Henry, criticou publicamente a Microsoft pelo que considera falhas em seu gerenciamento de riscos.
Em entrevista à revista Forbes, criticou a gigante tecnológica por continuar a empregar centenas de pessoas na China.
A Microsoft, cliente da CrowdStrike, também é uma de suas concorrentes, pois oferece seus próprios serviços de proteção digital, assim como grandes rivais como Amazon e Google.
Em janeiro de 2024, a líder mundial em segurança digital contava com 7.925 funcionários, segundo o seu relatório anual.
No ano anterior, a empresa gerou US$ 3,05 bilhões (R$ 15,2 bilhões na época), cerca de 36% a mais que no período interanual.
Impulsionada pela IA generativa, que requer o desenvolvimento de capacidades adicionais na nuvem, a CrowdStrike elevou as suas previsões anuais em junho.
A meta agora é crescer nas vendas de 30% a 31% este ano.
Embora o seu negócio esteja em expansão, o grupo luta para aumentar a rentabilidade. Em 2023, registrou lucro líquido de apenas US$ 89 milhões (quase R$ 445 milhões), o primeiro em nível anual desde sua criação.
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