O cerimonialista e diretor criativo Thomas Jolly negou ter feito uma paródia da Última Ceia na cerimônia de abertura dos Jogos de Paris, depois que grupos religiosos criticaram o evento como uma “zombaria do cristianismo”.
Nos telões de milhões de pessoas ao redor do globo, a apresentação mostrou uma cena envolvendo o cantor e ator francês Philippe Katerine como o deus Dionísio, seminu e pintado de azul, em uma mesa de banquete.
Na cena, dançarinos, drag queens e pessoas com fantasias coloridas faziam poses que lembravam representações da Última Ceia, última refeição de Jesus com seus apóstolos.
Alguns grupos católicos e bispos franceses condenaram o que consideraram “cenas de zombaria e zombaria do cristianismo”.
Consideraram que os elementos da cerimónia fizeram uma interpretação desrespeitosa dos símbolos e temas religiosos.
“A ideia era fazer uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo”, disse Jolly em entrevista ao canal francês BFM no último domingo (28/7).
“Você nunca encontrará no meu trabalho qualquer desejo de zombar ou difamar. Queria uma cerimónia que unisse as pessoas, que as reconciliasse, mas também uma cerimónia que afirmasse os nossos valores de liberdade, igualdade e fraternidade”.
Jolly também afirma que achava que suas intenções eram claras. “Dionísio aparece nesta mesa. Ele está presente porque é o deus da festa, do vinho, e pai de Sequana, deusa relacionada ao rio Sena.”
Suas afirmações foram apoiadas por internautas que viram em sua performance elementos da pintura “Festa dos Deuses”.
A pintura a óleo mostra o Olimpo, onde os deuses estão reunidos em um banquete comemorativo do casamento de Tétis e Peleu, com destaque para Apolo coroado ao centro. Além disso, faz referência a Dionísio (ou Baco), o deus do vinho e das festividades.
A obra foi concluída em 1514 pelo artista renascentista italiano Giovanni Bellini e é uma das poucas imagens do artista veneziano.
O episódio gerou debate sobre os limites da criatividade artística e do respeito pelas crenças religiosas.
Embora o cerimonialista tenha negado que tenha havido paródia, os organizadores dos Jogos pediram desculpas, afirmando que não houve “nenhuma intenção de desrespeitar qualquer grupo religioso”.
“É evidente que nunca houve qualquer intenção de mostrar desrespeito a qualquer grupo religioso. Se as pessoas ficaram ofendidas, é claro que lamentamos muito”, disse a porta-voz do Paris 2024, Anne Descamps, em entrevista coletiva no último domingo (28/7).
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