A onda de violência em protestos na Inglaterra após morte de crianças em ataque a faca

Uma onda de violência atingiu diversas cidades do Inglaterraincluindo a capital, Londres, após a morte de três meninas em um ataque com faca.

Na segunda-feira (29/7), Alice Dasilva Aguiar, de nove anos, Bebe King, de seis, e Elsie Dot Stancombe, de sete, foram mortas em um ataque durante um acampamento de verão temático de Taylor Swift em Southport, perto de Londres. Liverpool, Inglaterra.

Outras oito crianças sofreram facadas, cinco delas em estado crítico, e dois adultos também ficaram gravemente feridos.

Um adolescente de 17 anos foi acusado dos assassinatos e comparecerá ao tribunal nesta quinta-feira (1/8). Sua identidade não foi divulgada por motivos legais.

Na terça-feira (30/7), poucas horas depois de uma vigília em homenagem às vítimas, violentos confrontos eclodiram perto de uma mesquita em Southport. Mais de 50 policiais ficaram feridos.

A Polícia de Merseyside atribuiu a violência aos apoiadores do grupo anti-imigração Liga de Defesa Inglesa, chamando-os de “bandidos”. Eles atacaram policiais com tijolos e incendiaram uma van da polícia.

As autoridades locais acreditam que os agressores vieram de fora da cidade, motivados por publicações nas redes sociais que sugeriam incorretamente uma ligação islâmica aos esfaqueamentos que mataram as crianças.

A secretária do Interior, Yvette Cooper, alertou sobre a desinformação relacionada ao ataque.

O adolescente suspeito dos assassinatos não tem ligações conhecidas com o Islã.

O subchefe da polícia de Merseyside, Alex Goss, disse que houve “muita especulação e hipótese” sobre o adolescente e que “alguns indivíduos” estavam usando isso para “trazer violência e desordem às nossas ruas”.

“Já dissemos que a pessoa detida nasceu no Reino Unido e as especulações não estão a ajudar ninguém neste momento”, disse.

O chefe da mesquita de Southport, Ibrahim Hussein, disse que ele e seus colegas foram ao local para proteger o prédio, mas tiveram que ser levados para um local seguro pela polícia.

“Eles começaram a queimar as cercas e a jogar coisas em chamas nas janelas. Eles quebraram todas as janelas e destruíram as cercas. A raiva foi avassaladora para todos nós”, disse Hussein à Rádio Merseyside da BBC.

Protestos em Londres

Os protestos se espalharam por outras partes do país.

Na noite de quarta-feira, mais de uma centena de pessoas foram detidas no centro de Londres durante confrontos entre a polícia e manifestantes em Whitehall, perto de Downing Street, residência oficial e gabinete do primeiro-ministro britânico.

Em Londres, os manifestantes lançaram sinalizadores contra os portões de Downing Street e a estátua de Winston Churchill, enquanto gritavam slogans como “parem os barcos” (em referência aos migrantes indocumentados que chegam ao Reino Unido em barcos) e “salvem os nossos filhos”. Eles jogaram garrafas e latas na polícia.

A Polícia Metropolitana (Met) informou que as condições impostas ao protesto em Londres foram violadas, resultando em prisões por desordem violenta e agressão a um trabalhador de emergência. Vários policiais sofreram ferimentos leves.

Num comunicado antes do protesto, o superintendente Neil Holyoak disse que era “compreensível” que o público tivesse “fortes sentimentos” sobre o “incidente chocante” em Southport na segunda-feira. Mas ele disse que “a subsequente desordem violenta e sem lei que se desenrolou (em Southport) foi completamente inaceitável e motivada pela desinformação”.

Dal Babu, ex-superintendente-chefe da polícia de Londres, também criticou a disseminação de informações falsas “imprudentes e deliberadas”.

Numa entrevista ao programa BBC Radio 4 Today, ele disse: “As pessoas estão criando contas e publicando informações falsas, sem se preocupar com a veracidade dessas informações”.

Na cidade de Hartlepool, oito pessoas foram presas, vários policiais ficaram feridos e um carro da polícia foi incendiado. A polícia prendeu oito pessoas por desordem pública depois que os manifestantes atiraram garrafas de vidro e ovos contra os policiais, além de atearem fogo a um carro da polícia.

David Sutherland, chefe de polícia, disse que o protesto estava ligado ao incidente em Southport. A polícia espera mais prisões nos próximos dias.

Nas cidades de Aldershot e Manchester, houve relatos de desordem e comportamento intimidador.

Em Aldershot, o deputado local Alex Baker disse que um protesto pacífico “se transformou num comportamento intimidador” num hotel. Ela criticou a presença de pessoas de fora da comunidade local que vieram “causar inquietação”.

O primeiro-ministro Keir Starmer reunir-se-á com líderes policiais para oferecer o seu “total apoio” face à agitação em curso.

“Os acontecimentos chocantes em Southport esta semana servem como um lembrete da bravura dos nossos trabalhadores dos serviços de emergência e do trabalho vital que realizam para manter o público seguro”, disse um porta-voz.

“Os criminosos que exploram o direito ao protesto pacífico para semear o ódio e cometer atos violentos enfrentarão toda a força da lei”.

Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba novidades no WhatsApp

Receba novidades no Telegram

Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br