A pressão sobre Nicolás Maduro ganhou força nesta quinta-feira (1/8), depois que os Estados Unidos reconheceram a vitória da oposição venezuelana no último domingo (28/7), e o Brasil assumiu a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas. “Dadas as evidências esmagadoras, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em uma afirmação. “Além disso, os EUA rejeitam as alegações infundadas de Maduro contra os líderes da oposição. As ameaças de Maduro e dos seus representantes de prender os líderes da oposição (…) são uma tentativa antidemocrática de suprimir a participação política e manter o poder”.
Blinken apelou ainda ao início das negociações para uma mudança de governo. “Saudamos Edmundo González Urrutia pela sua campanha bem sucedida. Agora, é hora de os partidos da Venezuela iniciarem discussões sobre uma transição pacífica e respeitosa, de acordo com a lei eleitoral e os desejos do povo venezuelano.”
Poucas horas antes, os governos do Brasil, da Colômbia e do México manifestaram solidariedade ao povo venezuelano. “Estamos acompanhando o processo de contagem de votos de muito perto e pedindo às autoridades eleitorais da Venezuela que avancem rapidamente e divulguem publicamente os dados desagregados por tabelas de votação”, disse um comunicado conjunto.
A nota acrescenta que as polémicas sobre o processo eleitoral do passado domingo devem ser resolvidas através de meios institucionais. “O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado através da verificação imparcial dos resultados.” O texto foi escrito após telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México).
Em meio a condenações internacionais, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela – governo – convocou, para as 14h desta sexta-feira (15h em Brasília), o comparecimento de candidatos às eleições, após aceitar apelo de Maduro para certificar o processo. A presidente do TSJ, Caryslia Rodríguez, informou a decisão da sala de aceitar o recurso de amparo apresentado por Maduro e iniciar “o processo de investigação e verificação para certificar de forma irrestrita os resultados do processo eleitoral”.
Custódia
No início da manhã, com a retirada do corpo diplomático de Buenos Aires da Venezuela —os funcionários foram expulsos pelo regime de Maduro—, o Brasil passou a proteger a embaixada argentina e seis assessores da ex-deputada María Corina Machado, há mais de 100 dias refugiados em representação . Foi uma tentativa de correção de rumo, após declarações em que Lula minimizou a crise eleitoral na Venezuela.
O adversário ideológico do PT, o presidente argentino, Javier Milei, divulgou uma rara mensagem, através da rede social “Agradecemos também pela representação momentânea dos interesses da República Argentina e de seus cidadãos ali. Hoje, o pessoal diplomático argentino teve que sair Venezuela como uma represália do ditador Maduro pela condenação que fizemos da fraude que cometeram no domingo passado”, escreveu Milei. “Os laços de amizade que unem Argentina e Brasil são muito fortes e históricos”, acrescentou.
Ó Correspondência contatou um dos assessores de María Corina que é refugiados na embaixada. “Neste momento, não podemos dar entrevistas. Somos apenas seis aqui e acabamos de ser solicitados a diminuir o volume”, disse ele. Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas e ex-preso político exilado em Madri, disse ao repórter que a decisão do governo brasileiro é um “gesto humanitário”. “Estamos muito preocupados com o que pode acontecer com nossos colegas lutadores.
Confirmou ao repórter que na representação diplomática estão Magallí Meda, diretor de campanha de María Corina; Pedro Urruchurtu, assessor de imprensa; Claudia Macero, coordenadora de comunicação do partido Veinte Venezuela; Fernando Martinez; Humberto Villalobos, especialista em eleições; e Omar González, chefe de campanha do departamento (estado) de Anzoátegui. Os seis estão refugiados na embaixada desde 20 de março.
“Acho que a posição dos países deveria ser mais forte. Não há dúvida de que Maduro roubou as eleições”, declarou José Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidade Central da Venezuela (UCV). Para o estudioso, a ação do Brasil foi “astuta”. “Isso mostra a preocupação de Lula com o que está acontecendo na Venezuela, bem como o seu desconforto com o fato de Maduro se agarrar ao poder, aumentando os níveis de repressão, perseguindo pessoas inocentes e criando uma ditadura de gorilas no século 21”, disse. ele, por telefone. “
Para Elsa Llenderrozas, professora de ciência política da Universidade de Buenos Aires (UBA), a aceitação do Brasil em representar os interesses da Argentina na Venezuela e proteger os requerentes de asilo venezuelanos foi significativa e muito positiva por dois motivos. “Em primeiro lugar, para resolver imediatamente a grave situação da saída dos diplomatas argentinos e proteger a integridade dos requerentes de asilo. Em segundo lugar, porque é um ato de solidariedade e cooperação, que aproxima os dois países em momentos de péssimas relações pessoais entre os presidentes Milei e Lula”, disse ele, por e-mail. Ela credita o gesto do Brasil ao profissionalismo do corpo diplomático dos dois países. “O único precedente ocorreu logo após a Guerra das Malvinas, quando o Brasil representou os interesses argentinos perante o Reino Unido. O passo de ontem foi muito encorajador e positivo, o que pode servir para canalizar a relação bilateral.”
EU PENSO…
“É importante que haja coordenação entre os países de esquerda, mais próximos da Venezuela, que criem um bloco de mediadores entre Nicolás Maduro e a oposição. A Colômbia e o Brasil precisam atuar como fiadores do processo de diálogo de Barbados. canal, a ponte do diálogo, sempre necessária para negociar uma transição política, se tal possibilidade existir neste caso.”
Elsa Llenderrozasprofessor de ciência política da Universidade de Buenos Aires (UBA)
Do esconderijo, María Corina convoca protesto
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que se diz “clandestina” após ameaças de prisão, convocou protestos em “todas as cidades” do país para este sábado (8/3), em apoio às denúncias de fraude na reeleição do presidente Nicolás Maduro. “Temos que continuar firmes, organizados e mobilizados com o orgulho de termos conseguido uma vitória histórica no dia 28 de julho e a consciência de que para reivindicar (a vitória) também iremos até o fim”, declarou Machado, em vídeo que divulgou no mídia social.
“O mundo verá a força e a determinação de uma sociedade determinada a viver em liberdade”, acrescentou o opositor, que também pediu que a bandeira venezuelana fosse hasteada nesse dia em sinal de descontentamento. Anteriormente, em um artigo de opinião sobre Jornal de Wall Street, Machado declarou-se “clandestino”, depois que Maduro solicitou a sua prisão e a do candidato presidencial Edmundo González Urrutia. “Estou escrevendo isso escondido, temendo pela minha vida, pela minha liberdade”, disse ele.
Desde segunda-feira, os protestos contra a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos deixaram pelo menos 11 civis mortos, segundo organizações de direitos humanos. O número de detidos ultrapassa mil. Maduro acusou, na quarta-feira, Machado e González Urrutia de serem responsáveis por atos violentos. “Você tem sangue nas mãos”, disse ele. “Eles deveriam estar atrás das grades”, acrescentou.
Após as eleições de domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro o vencedor das eleições, com 51% dos votos contra 44% de González Urrutia. A oposição afirma ter cópias de 80% das atas e que o seu candidato obteve 67% dos votos.
Eu penso…
“É importante que haja coordenação entre os países de esquerda, mais próximos da Venezuela, que criem um bloco de mediadores entre Nicolás Maduro e a oposição. A Colômbia e o Brasil precisam atuar como fiadores do processo de diálogo de Barbados. canal, a ponte do diálogo, sempre necessária para negociar uma transição política, se tal possibilidade existir neste caso.”
Elsa Llenderrozas, professora de ciência política da Universidade de Buenos Aires (UBA)
Do esconderijo, María Corina convoca protesto
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que se diz “clandestina” após ameaças de prisão, convocou protestos em “todas as cidades” do país para amanhã, em apoio às acusações de fraude na reeleição de Presidente Nicolás Maduro. “Temos que continuar firmes, organizados e mobilizados com o orgulho de termos conseguido uma vitória histórica no dia 28 de julho e a consciência de que para reivindicar (a vitória) também iremos até o fim”, declarou Machado, em vídeo que divulgou no mídia social.
“O mundo verá a força e a determinação de uma sociedade determinada a viver em liberdade”, acrescentou o opositor, que também pediu que a bandeira venezuelana fosse hasteada nesse dia em sinal de descontentamento. Anteriormente, num artigo de opinião no Wall Street Journal, Machado declarou-se “clandestino”, depois de Maduro ter pedido a sua prisão e a do candidato presidencial Edmundo González Urrutia. “Estou escrevendo isso escondida, temendo pela minha vida, pela minha liberdade”, disse ela.
Desde segunda-feira, os protestos contra a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos deixaram pelo menos 11 civis mortos, segundo organizações de direitos humanos. O número de detidos ultrapassa mil. Maduro acusou, na quarta-feira, Machado e González Urrutia de serem responsáveis por atos violentos. “Você tem sangue nas mãos”, disse ele. “Eles deveriam estar atrás das grades”, acrescentou.
Após as eleições de domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro o vencedor das eleições, com 51% dos votos contra 44% de González Urrutia. A oposição afirma ter cópias de mais de 80% das atas e que o seu candidato obteve 67% dos votos.
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