Edmundo González Urrutia, adversário de Nicolás Maduro na sua contestada reeleição, pediu ao procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, que evite a “perseguição” política, numa altura em que é alvo de um tribunal acusado pela oposição de servir o chavismo. O pedido do opositor, de 75 anos, escondido desde 30 de julho, foi feito através do seu advogado, convocado pelo procurador-geral para uma reunião no final da tarde.
González afirma ter vencido as eleições em que Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato consecutivo, o que provocou uma grave crise, na qual Brasil e Colômbia lideram esforços para uma solução pacífica. Até ao momento, não ocorreu uma reunião entre Maduro e os seus homólogos Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, que manifestaram a sua “profunda preocupação” com a ordem de prisão contra González.
O Ministério Público (MP) está a investigá-lo por alegada “desobediência às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”. O foco está em um site que a oposição liderada por María Corina Machado alimentou com cópias de mais de 80% dos registros de votação que, segundo eles, servem como prova de uma vitória esmagadora de seu candidato.
Não está claro se Edmundo González Urrutia foi formalmente acusado. Seu advogado, José Vicente Haro, não conseguiu acessar o processo, mas recorreu ao MP na tentativa de interromper o processo. Ele entregou documento judicial justificando a ausência de seu cliente nas três intimações expedidas pelo órgão e que resultou no pedido de prisão.
O documento “apela ao Procurador-Geral da República para não criminalizar, não judicializar factos que não tenham natureza criminosa, para não iniciar perseguições políticas”, explicou Haro. “Há uma situação de desamparo, de impossibilidade de garantir o seu direito à defesa, ao devido processo”. González, que agora se comunica pelas redes sociais, não reagiu diretamente à ordem de sua captura.
Diplomacia
Os Estados Unidos, o alto representante diplomático da União Europeia, Josep Borrell, e nove países latino-americanos rejeitaram o mandado de prisão contra González. Brasil e Colômbia destacaram que a ação dificulta a busca por uma solução pacífica.
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse na terça-feira que a reunião de Maduro com Petro e Lula “provavelmente” ocorreria ontem. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que foi muito ativo no início desses esforços, mas depois se distanciou, também participaria. “Nunca tive confirmação disso, nem estava na nossa agenda”, disse fonte do Palácio do Planalto à France-Presse.
Para o analista político Mariano de Alba, a reunião aconteceria “num momento em que as expectativas de mediação são muito baixas”, como escreveu em X. “Duvido que no curto prazo Maduro demonstre vontade de mediação com envolvimento internacional”. , disse o especialista.
“Violações generalizadas” dos direitos humanos
As autoridades venezuelanas estão a cometer “violações generalizadas dos direitos humanos” contra manifestantes, opositores e críticos na sequência da questionada reeleição do Presidente Nicolás Maduro, informou a ONG Human Rights Watch (HRW) num relatório publicado ontem. “A repressão que vemos na Venezuela é brutal”, afirma Juanita Goebertus, diretora para as Américas da HRW. A ONG “documentou que autoridades e grupos armados pró-governo, conhecidos como ‘coletivos’, cometeram abusos generalizados, incluindo assassinatos, prisões arbitrárias e processos criminais, e perseguição de críticos do governo”.
“Violações generalizadas” dos direitos humanos
As autoridades venezuelanas estão a cometer “violações generalizadas dos direitos humanos” contra manifestantes, opositores e críticos na sequência da questionada reeleição do Presidente Nicolás Maduro, informou a ONG Human Rights Watch (HRW) num relatório publicado ontem. “A repressão que vemos na Venezuela é brutal”, afirma Juanita Goebertus, diretora para as Américas da HRW. A ONG “documentou que autoridades e grupos armados pró-governo, conhecidos como ‘coletivos’, cometeram abusos generalizados, incluindo assassinatos, prisões arbitrárias e processos criminais, e perseguição de críticos do governo”.
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