O candidato republicano na Carolina do Norte, Mark Robinson, fez uma série de comentários perturbadores em um site pornográfico nos últimos dez anos, informou uma reportagem da CNN nesta quinta-feira (19/09). Em um deles, Robinson se autodenominou um “nazista negro” e expressou apoio ao retorno da escravidão.
Segundo a reportagem, o republicano, atual vice-governador da Carolina do Norte e um dos membros do Make America Great Again (MAGA), costumava assistir a vídeos de pornografia transgênero. Publicamente, Robinson adota retórica contra pessoas trans.
Os comentários, que o vice-governador negou ter feito, são anteriores à sua entrada na política e ao seu cargo atual. A CNN afirma ter identificado o republicano comparando os dados biográficos do usuário que fez os comentários com os seus e descobrindo que o e-mail cadastrado era o mesmo utilizado pelo político em diversos sites.
O usuário atribuído a Robinson, apelidado de “minisoldr”, também se autodenominou “pervertido” em um dos comentários. Segundo a CNN, era costume do político usar esse apelido online, em redes sociais como Twitter, Pinterest e em sites como YouTube.
Os comentários foram feitos entre 2008 e 2012 no site “Nude Africa”, que dispõe de espaço para comentários. O perfil de usuário “minisoldr” foi cadastrado com o nome completo do vice-governador, informou o canal americano.
Muitos dos comentários contrastam com suas posições públicas sobre questões como o aborto e os direitos dos transgêneros. Em um dos vídeos, Mark Robinson escreveu que gostava de assistir pornografia entre travestis e mulheres cisgênero. “Isso é muito emocionante”, escreveu ele. “E sim, eu também sou um pervertido.”
O republicano, que foi o primeiro vice-governador negro da história da Carolina do Norte e foi chamado de “Martin Luther King Jr. com esteróides” por Donald Trump, também fez comentários contra o ativista e foi chamado de “supremacista branco” por outro usuário. “Tire esse bastardo comunista do National Mall!” ele escreveu, referindo-se ao memorial a King em Washington.
A repercussão do caso pode atrapalhar ainda mais os planos republicanos na Carolina do Norte, um estado indeciso (com vencedores alternados) nas eleições norte-americanas. Desde o início da campanha eleitoral, a polémica figura do candidato, que se considera “mais trumpista do que Trump”, tem favorecido a candidatura democrata.
A resposta da campanha de Trump à reportagem da CNN não mencionou Robinson. “A campanha do presidente Trump está focada em conquistar a Casa Branca e salvar este país. A Carolina do Norte é uma parte vital desse plano”, disse a porta-voz da campanha, Karoline Leavitt.
Ao negar os comentários, Mark Robinson acusou o oponente democrata Josh Stein de criar a história, mas não ofereceu provas. “As coisas que você lerá nesta história não são as palavras de Mark Robinson”, disse ele em um vídeo publicado pouco antes da reportagem ir ao ar.
História contraditória
Os comentários, se confirmados, fazem parte de uma série de contradições em que Mark Robinson está envolvido. Em 2020, por exemplo, foi eleito vice-governador em 2020 com retórica contrária à legalização do aborto nos EUA, mas dois anos depois revelou que ele pagou para que sua esposa fizesse o procedimento na década de 1980.
Robinson também negou a existência do Holocausto, chamou os membros da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres trans que usavam o banheiro feminino e disse que gostaria de voltar ao “tempo em que as mulheres não votavam”. . Todas estas declarações minam a sua atual candidatura e dão uma vantagem ao seu adversário democrata, Josh Stein.
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