O Hezbollah afirmou nesta segunda-feira (30) que está “preparado” caso Israel inicie uma ofensiva terrestre no Líbano e prometeu continuar sua luta em “apoio a Gaza”, apesar da morte de seu líder Hassan Nasrallah.
Num discurso televisionado, o número dois do movimento islâmico libanês, Naim Qasem, disse que o grupo escolheria “o mais rápido possível” o sucessor de Nasrallah, que morreu na sexta-feira num atentado bombista israelita nos subúrbios ao sul de Beirute. .
O exército israelita iniciou na semana passada uma campanha de bombardeamentos em grande escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos fronteiriços, com o objectivo de enfraquecer a milícia libanesa e restabelecer a segurança no norte do país.
Na sexta-feira (27), um ataque a bomba contra o reduto do Hezbollah no sul de Beirute matou o líder do movimento pró-Irã. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que a morte de Nasrallah é um “passo importante, mas não é o último”.
“Para garantir o regresso das comunidades no norte de Israel, usaremos todas as nossas capacidades”, disse Gallant durante uma visita a soldados na fronteira entre Israel e o Líbano.
O número dois do Hezbollah disse que o grupo está preparado “se os israelenses decidirem entrar em nosso território. Nossas forças de resistência estão prontas para um confronto terrestre”.
O discurso foi transmitido ao vivo pela rede Al Manar do Hezbollah.
Qasem prometeu continuar a lutar “em apoio a Gaza”, onde o Exército israelita leva a cabo uma ofensiva desde 7 de outubro de 2023 em resposta ao ataque do Hamas.
Ele também informou que Nasrallah morreu ao lado de outras quatro pessoas, incluindo um general da Guarda Revolucionária do Irã, e não ao lado de 20 membros do movimento, como anunciou Israel.
No entanto, não revelou qualquer informação sobre a data do funeral de Nasrallah, que liderou o Hezbollah durante mais de 30 anos e foi considerado o homem mais poderoso do Líbano.
O Irão, um importante aliado do Hezbollah, descartou o envio de combatentes para o Líbano e Gaza.
“Não é necessário enviar forças auxiliares ou voluntárias iranianas”, declarou o porta-voz diplomático do país, Naser Kanani, antes de acrescentar que o Líbano e os combatentes nos territórios palestinos “têm a capacidade e o poder necessários para enfrentar a agressão do regime sionista”.
Bombardeio no centro de Beirute
Depois de vários bombardeamentos nos últimos dias contra os subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah, o Exército israelita atingiu esta segunda-feira um edifício no centro da capital libanesa, pela primeira vez num ano de escalada militar.
A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), grupo secular de esquerda considerado uma organização terrorista por Israel, afirmou que três membros do movimento morreram no ataque.
Uma fonte da força de segurança libanesa disse que pelo menos quatro pessoas morreram no ataque de drone israelense a um apartamento pertencente ao Jamaa Islamiya, um grupo islâmico sunita libanês que apoia o Hezbollah em suas operações.
Mohamed al Hos, morador da região, foi acordado por um “barulho enorme” e saiu correndo para a rua de pijama. “As pessoas gritavam e dava para ver a poeira subindo do prédio”, disse o homem de 41 anos.
O prédio onde ele mora também sofreu danos. “Estamos sendo atacados injustamente por algo com o qual nada temos a ver. Nosso país não tem recursos para entrar em guerra”, acrescentou.
Um milhão de deslocados
Mais de mil pessoas morreram no Líbano desde meados de Setembro na ofensiva de Israel, segundo as autoridades.
Além disso, o primeiro-ministro libanês Nayib Mikati afirmou que o país tem quase um milhão de pessoas deslocadas, o que representaria o maior deslocamento populacional na história do país.
A ONU afirmou que quase 100 mil pessoas – cidadãos libaneses e sírios – fugiram do Líbano para a Síria devido aos bombardeamentos.
Na madrugada desta segunda-feira, o Exército israelita anunciou que atacou dezenas de alvos do Hezbollah na região de Bekaa, leste do Líbano e conseguiu “interceptar um projéctil aéreo que entrou no território do país vindo do Líbano”.
O Ministério da Saúde libanês disse que seis equipes de resgate do Comitê Islâmico de Saúde, ligado ao Hezbollah, morreram em um ataque israelense no Vale do Bekaa.
A Arábia Saudita, muito influente no Líbano, apelou ao respeito pela “soberania e integridade territorial” do país e manifestou “grande preocupação” com a intensificação do conflito entre o Hezbollah e Israel, enquanto a ofensiva israelita continua na Faixa de Gaza.
No território palestino, bombardeado incansavelmente durante quase um ano em resposta ao ataque de 7 de outubro, o número de ataques aéreos israelenses diminuiu consideravelmente nos últimos dias, segundo correspondentes da AFP, que relataram três ou quatro ataques na noite de domingo.
O Hamas anunciou na segunda-feira que o seu líder no Líbano morreu num ataque aéreo no sul do país, onde a mídia estatal informou ter bombardeado um campo de refugiados palestinos.
“O Fatah Sharif Abu al Amine, líder do Hamas no Líbano e membro da liderança do movimento no exterior, morreu num ataque a bomba contra sua casa no campo de Al Bass, no sul do Líbano”, disse um comunicado do movimento islâmico.
A organização disse que ele morreu ao lado de sua esposa, filho e filha, no que chama de “assassinato terrorista e criminoso”.
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