O governo brasileiro anunciou nesta terça-feira (10/01) que iniciará a repatriação de pelo menos 3 mil brasileiros que estão no Líbano.
O país está sob ataques aéreos israelenses desde a semana passada. Na noite de segunda-feira (30/09, horário brasileiro), as forças israelenses confirmaram o início de uma ofensiva terrestre.
Os ataques de Israel têm como alvo o grupo armado Hezbollah, muito influente no Líbano e apoiado pelo Irão.
O Itamaraty informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou voos para repatriar brasileiros para o Líbano. A operação é coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa e detalhes serão divulgados nos próximos dias.
Desde a semana passada, a embaixada do Brasil em Beirute, capital do Líbano, disponibiliza um formulário para verificar se há brasileiros interessados em ser repatriados.
Cerca de 3 mil pessoas já preencheram o documento, mas a expectativa é que esse número cresça, pois o formulário continua aberto para novas solicitações.
O governo estima que 21 mil brasileiros vivam no país — formando a maior comunidade brasileira no Oriente Médio.
A BBC News Brasil apurou que os primeiros voos devem ocorrer neste fim de semana. Até lá, o país alinhará a operação logística com o governo libanês para que os brasileiros possam retornar com segurança.
A orientação do Itamaraty é que os brasileiros que tenham interesse em retornar ao país de origem e tenham recursos próprios para isso utilizem voos comerciais, já que os aeroportos libaneses continuam operando normalmente.
A repatriação respeitará uma lista de prioridades, segundo fontes do Itamaraty.
Crianças, idosos, mulheres grávidas e pessoas que necessitem de tratamentos de saúde mais delicados serão repatriados primeiro.
Em 2006, cerca de 3 mil brasileiros foram repatriados do Líbano durante confronto entre Israel e Hezbollah.
De acordo com os respectivos governos, O Brasil é provavelmente o lar da maior comunidade de pessoas nascidas e descendentes de libaneses fora do país, no Oriente Médio.
Estima-se que, entre 1880 e 1969, 140 mil árabes cruzaram o oceano para tentar uma vida melhor aqui, a maioria deles libaneses e sírios.
A delimitação e independência da Síria e do Líbano só ocorreram na década de 1940, o que cria alguma incerteza sobre a origem precisa de muitos destes imigrantes em anos anteriores.
Essa imigração deixou marcas no Brasil em instituições renomadas, como o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP), e em nomes da política brasileira de ascendência libanesa, como o ex-presidente Michel Temer; o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e o atual candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos.
Tensão no Líbano
A tensão entre Israel e o Hezbollah já havia aumentado desde os ataques do grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Mas a situação piorou a partir de 17 de setembro daquele ano, quando explosões de pagers e walkie-talkies usado pelo Hezbollah no Líbano, matando mais de 30 pessoas e deixando mais de 2.000 feridos. Israel foi acusado da ação, mas não negou nem confirmou a autoria.
Alguns dias depois, o Sul do Líbano começou a ser fortemente bombardeado por Israel.
As autoridades libanesas afirmam que mais de 1.000 pessoas foram mortas nas últimas duas semanas durante os ataques israelitas e que até 1 milhão de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas.
Em meio à ofensiva, Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27/09).
Nesta terça-feira (01), o Irã lançou dezenas de mísseis contra Israel. Não há relatos de vítimas ou de áreas urbanas afetadas, mas a ação marca uma escalada de tensão no Médio Oriente.
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