O peso que tem na pontuação Enem e as dificuldades de muitos alunos com a escrita fazem com que o ensaio é uma das partes mais temidas dos estudantes que se preparam para o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio, marcado para 3 de novembro.
Em termos gerais, é bom lembrar que é avaliado em cinco competências, cada uma valendo de zero a 200 pontos: domínio de escrita formal; compreensão e desenvolvimento da proposta (tema); saber selecionar, relacionar, organizar e interpretar argumentos, informações e opiniões em defesa de um ponto de vista; demonstrar conhecimento de mecanismos linguísticos para construir um argumento; e saber elaborar uma proposta de intervenção (conclusão) para o problema abordado no tema, respeitando sempre as direitos humanos.
A BBC News Brasil conversou com três pessoas que corrigem simulados de redação em cursos e projetos preparatórios voltados para jovens de escolas públicas e ouviu delas quais são os erros estruturais comuns (além de erros ortográficos, gramaticais e de pontuação) que levam à perda de pontos nos textos.
Veja também alguns cuidados para te ajudar a escrever uma redação que chega a mil notas.
Erro 1: não construir uma linha de argumentação
É muito comum que as redações se “perdam” ao longo do texto, sem seguir a linha exigida pelo Enem —introdução, desenvolvimento do texto e conclusão, diz Eva Albuquerque, professora de redação do Cursinho da Poli, em São Paulo.
Nesses casos, falta o que ela chama de “projeto de texto”: o aluno não tem clareza sobre como abordará o tema, quais argumentos utilizará e qual proposta de intervenção (ou seja, como ele acha que o problema precisa ser atacado). ).
Como se proteger: Primeiramente, lembre-se que a redação deve ter começo, meio e fim, interligados entre si —- ou seja, uma introdução que apresente uma tese bem desenvolvida, uma boa argumentação com dados factuais e referências, e uma conclusão, baseada nos dados apresentados no próprio texto, afirma Fabiano Gonçalves, gerente de operações educacionais do Instituto Proa.
Eva Albuquerque também sugere dedicar alguns minutos, antes mesmo de iniciar o rascunho, para planejar o esqueleto do seu texto — assim como um arquiteto planeja a casa que vai construir: como vou entrar no tema? Quais são meus argumentos principais e secundários? Qual será a minha conclusão?
Uma grande dificuldade dos jovens é justamente ter repertório para construir um bom argumento, interpretar dados e contextualizar as informações, afirma Fabiano Gonçalves.
Esse repertório vem de nossas experiências pessoais e culturais: os livros que lemos, os filmes, as idas a museus, as notícias que acompanhamos, os debates que temos com amigos, familiares e professores. E também, o nosso conhecimento de outras disciplinas, como história, geografia e até matemática.
Quanto mais essa “bagagem” o jovem tiver, mais fácil será acessar informações em sua cabeça para construir uma argumentação coerente e relevante na redação do Enem.
Gonçalves também sugere treinar o uso do tempo antecipadamente, cronometrando-se para escrever sobre determinado assunto em uma hora, que é mais ou menos o tempo que você dedica para escrever no dia do Enem.
O ideal, para quem pode, é fazer simulados que sejam corrigidos por pessoas que entendem das habilidades exigidas no Enem.
Erro 2: escrever em primeira pessoa
Escrever na primeira pessoa (“eu”), escrever “eu acho” ou “eu penso”, ou tirar conclusões que não têm relação com os argumentos citados no texto são motivos comuns para perda de pontos na redação.
“Isso é visto como uma evidência de que o aluno não entende a estrutura das redações exigidas pelo Enem, que deve ser baseada em dados e fatos”, explica Gonçalves.
Como se proteger: Diferenciar fatos de opiniões é um bom começo para não se perder, diz Albuquerque.
“A intervenção proposta (ou seja, a conclusão) é algo pessoal, mas não pode ser escrita na primeira pessoa, porque se baseia nas referências (argumento) do texto. Se a minha conclusão for que ‘sou contra o Exército em ruas’, devo dizer que isso pode ser ruim por tais e tais razões, mas não ‘porque eu penso assim’.”
Erro 3: Evitar o tema proposto
Quando o aluno não compreende totalmente o tema proposto pelo Enem ou quando está disperso ao longo do texto, é comum que as conclusões não sejam condizentes com o que os corretores esperam.
Albuquerque conta que, no Enem de 2017, que teve como tema de redação os “desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil”, alguns alunos se perderam em assuntos afins, mas diferentes, como a educação de cadeirantes.
Como se proteger: O truque é ficar muito atento, ao longo do texto, e “puxar-se” para o tema central caso perceba que está começando a se afastar dele.
“Cuidado para não tangenciar, que é estar próximo do tema, mas não falar do tema em si”, alerta Daniely do Nascimento, que foi ex-corretora do Enem e corretora voluntária no projeto Salvaguarda, que atende jovens de escolas públicas de Ribeirão Preto (SP).
Erro 4: Repetir frases e ‘rechear linguiça’
Os corretores afirmam que muitas simulações contêm muitas frases, palavras e argumentos repetidos, o que acrescenta pouca informação ao texto.
“Muitos alunos tentam preencher, criar volume de linhas escritas, com frases genéricas que não dizem nada”, diz Fabiano Gonçalves, do Instituto Proa.
Como se proteger: observe cada palavra e frase e pergunte-se: isso acrescenta informação ao texto? Se você retirá-lo e fizer pouca diferença no texto, é sinal de que ele não agrega valor à sua escrita.
“Lembre-se que o espaço disponibilizado pelo Enem é suficiente para apresentar o tema, falar sobre ele e depois apresentar uma conclusão”, afirma Gonçalves.
Erro 5: usar linguagem informal
A primeira habilidade exigida pelo Enem é o domínio da redação formal. Mesmo assim, esse é um dos itens mais ignorados pelos estudantes, afirma Daniely do Nascimento.
“É muito comum os jovens escreverem abreviaturas, como ‘vc’ e ‘pq’, porque estão acostumados a escrever assim na internet”, afirma. Mas gírias e expressões que só usamos na linguagem oral (e nas redes sociais) são garantia de pontos perdidos na redação.
Como se proteger: Sem abreviaturas, e também evite palavras usadas na linguagem oral, como “acabou”, “bem”, “você” e expressões variantes, “bem, para começar”, “de repente você vê isso…”.
Mas atenção: isso não significa usar palavras difíceis, apenas usar o padrão.
“Os alunos que tentam ser muito elaborados no texto acabam ficando ainda mais confusos, porque não dominam esse idioma”, afirma Eva Albuquerque. “O ideal é ser objetivo e claro.”
Erro 6: Escrever texto desorganizado
Frases incompletas, em que a informação não fica clara para o corretor, ou parágrafos soltos, que não têm ligação com o que veio antes ou depois, podem levar à perda de pontos em duas das cinco competências exigidas pelo Enem, alerta Nascimento.
Isso ocorre porque a escrita acaba carecendo de coesão.
Como se proteger: Desenvolver um “projeto de texto”, como o sugerido no item 1 por Eva Albuquerque, pode ajudar a evitar essa desorganização.
A professora do Cursinho da Poli afirma ainda que, para os alunos que têm dificuldade de iniciar um texto, uma boa estratégia é citar uma referência histórica ou obra cultural relacionada ao tema da redação.
Por exemplo, se o tema for violência urbana, você pode abrir citando um episódio recente de bala perdida que causou comoção, um caso histórico no Brasil ou até mesmo uma frase relevante de um livro, filme ou série que aborda o mesmo assunto.
Mas é preciso ter cuidado para não se meter em “problemas”, diz Nascimento. “Às vezes os alunos citam autores apenas por citá-los, sem ter qualquer ligação com a argumentação do texto.”
Para o professor, a melhor forma de ter um texto organizado é praticando previamente. “Não dá para ficar um ano sem escrever e só fazer no dia do Enem. Escrever é treinar — é escrever e ler muito além das redes sociais”, afirma Nascimento.
Este relatório foi publicado originalmente em 10 de outubro de 2019 e republicado em 1 de novembro de 2024
como fazer emprestimo consignado auxilio brasil
whatsapp apk blue
simular site
consignado auxilio
empréstimo rapidos
consignado simulador
b blue
simulador credito consignado
simulado brb
picpay agência 0001 endereço