A eleição presidencial americana de 2024 acontece nesta terça-feira (11/05) e as atenções se voltam para sete estados que serão decisivos na disputa.
As pesquisas de intenção de voto mostram a possibilidade de um resultado extremamente apertado entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
A lista de estados onde a disputa é decisiva varia a cada eleição e é baseada em diversos fatores — como resultados de eleições anteriores, pesquisas de intenção de voto, novas tendências políticas, mudanças demográficas e características específicas dos candidatos, entre outros.
Este ano, estrategistas políticos e analistas identificam os seguintes sete estados como aqueles que deveriam decidir as eleições: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
Mais de 240 milhões de americanos poderão votar em 5 de novembro. Mas no sistema eleitoral do país, obter a maioria do voto popular a nível nacional não é garantia de vitória.
Para chegar à Casa Branca, um candidato precisa de pelo menos 270 dos 538 votos do chamado Colégio Eleitoral, formado por delegados enviados pelos Estados.
O número de delegados de cada Estado varia e é proporcional ao tamanho da população.
Na maioria dos casos, o vencedor obtém todos os votos do Colégio Eleitoral daquele estado, mesmo que a vitória tenha sido por uma pequena margem.
Assim, é possível que um candidato ganhe no voto popular nacionalmente e ainda perca na contagem dos votos do Colégio Eleitoral.
Isso aconteceu com o Democrata Hillary Clinton em 2016, que foi derrotado por Donald Trump.
Na complicada matemática para chegar a 270 votos, o chamado estados oscilantes (Estados pêndulo, em tradução livre), desde um ano podem pender para os democratas e, nas eleições seguintes, para os republicanos.
Na maior parte dos 50 estados americanos, a disputa costuma não ser competitiva, e um dos dois partidos historicamente tem mais força, deixando poucas chances de vitória ao seu adversário.
Exemplos dessa dinâmica são a Califórnia, considerada um estado democrata, ou o Texas, que tem um histórico de votação republicana.
Mas nos sete estados identificados como decisivos este ano, tanto o vice-presidente como o candidato democrata Kamala Harris como o ex-presidente Donald Trumpque deverá concorrer pelo Partido Republicano, poderá vencer a disputa.
Outra característica para um estado ser considerado decisivo é ter pesquisas de intenção de voto com pequena diferença entre os dois candidatos que estejam “consistentemente dentro da margem de erro”, disse à BBC News Brasil o cientista político Todd Belt, professor da Universidade George Washington. em Washington.
O que a pesquisa diz
Segundo o agregador de dados da pesquisa do site RealClearPolitics (RCP), no sábado (2/11), Trump tinha 48,6% das intenções de voto nesses sete estados, contra 47,5% de Kamala.
O PCR mostra a liderança de Trump no Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada e Pensilvânia, enquanto Kamala lidera em Michigan e Wisconsin.
O Silver Bulletin, publicado pelo estatístico Nate Silver, dá uma pequena margem a favor de Kamala nos mesmos estados: Wisconsin e Michigan. E Trump lidera no Arizona, Carolina do Norte, Pensilvânia, Geórgia e Nevada. Os dados são de domingo (3/11).
Outro agregador, FiveThirtyEight, indica a mesma coisa: uma vantagem para Trump na Pensilvânia, Arizona, Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, com Kamala à frente em Wisconsin e Michigan.
Arizona – 11 votos
O Arizona costumava ser um reduto republicano, mas em 2020, o democrata Joe Biden venceu o estado. Antes disso, a última vitória de um candidato presidencial democrata no estado foi em 1996.
No domingo (11/03), o Silver Bulletin indicou 49,3% de intenções de voto para Trump, e 46,7% para Harris, enquanto o RCP mostra Trump com 51,3% e Kamala com 48,7%.
A imigração é uma das principais questões que devem mobilizar os eleitores no Arizona, estado que faz fronteira com quase 600 quilómetros com o México.
Trump promete “realizar a maior operação de deportação da história americana” e ataca os democratas pelo grande fluxo de imigrantes ilegais, que atingiu números recordes antes de cair nos últimos meses.
O acesso ao aborto deverá ser outra questão importante no Estado, onde o procedimento é proibido após 15 semanas de gestação.
A eleição de novembro incluirá uma consulta popular sobre a proposta de garantia do direito ao aborto na Constituição estadual, evitando que o Estado restrinja o procedimento antes do ponto de viabilidade fetal (por volta das 24 semanas de gestação).
Segundo os estrategistas, a consulta sobre o aborto poderia mobilizar mais eleitores preocupados com a questão a deixarem suas casas para votar, o que poderia beneficiar Kamala Harris.
Carolina do Norte – 16 votos
A Carolina do Norte tem um histórico de votação em candidatos presidenciais republicanos.
Barack Obama foi o último candidato presidencial democrata a vencer o estado, em 2008.
Antes de Obama, a Carolina do Norte votava nos republicanos nas eleições presidenciais desde 1980.
No fim de semana anterior à eleição, segundo o RCP, as pesquisas mostravam 48,8% de intenções de voto para Trump e 47,3% para Kamala no estado.
Segundo cálculos do Silver Bulletin, Kamala até superou Trump ao longo da campanha. Mas no domingo ele apareceu à frente dela, com 48,7% contra 47,6%.
Os democratas têm investido pesado na campanha no estado, e apostam na parcela do eleitorado que se diz não fiel a nenhum partido.
Geórgia – 16 votos
Algumas pesquisas na Geórgia apontaram até uma vantagem de até 10 pontos para Trump. Mas essa margem diminuiu após a entrada oficial de Kamala na corrida.
Pelas médias do RCP e do Silver Bulletin, Kamala e Trump estão próximos do empate no estadual, com vantagem para o republicano.
Em 2020, Joe Biden foi o primeiro candidato presidencial democrata a vencer a Geórgia em quase 30 anos. O último foi Bill Clinton, em 1992.
Depois de perder para Biden na Geórgia por uma pequena margem em 2020, Trump foi acusado de interferir nas eleições estaduais, com supostos esforços para anular o resultado.
Estas acusações, negadas por Trump, estão num dos processos criminais que o republicano enfrenta.
Mais de 30% da população da Geórgia é negra, e esta parcela do eleitorado desempenhou um papel importante na vitória de Biden em 2020.
Este ano, a campanha de Kamala Harris espera mobilizar os eleitores negros e as mulheres para conquistar o estado.
Michigan – 15 votos
Até 2016, Michigan era considerado leal aos democratas nas eleições presidenciais.
Naquele ano, porém, Trump foi o primeiro candidato presidencial republicano a vencer o estado desde a vitória de George HW Bush em 1988.
Nas eleições seguintes, em 2020, Biden conseguiu entregar novamente o estado aos democratas.
Este ano, a média de nove pesquisas agregadas pelo RCP indica que Kamala tem 48,6% das intenções de voto no estado, e Trump tem 47,7%. O Boletim de Prata também mostra vantagem para o democrata.
Michigan tem a maior proporção de árabes americanos no país. Há expectativas sobre se o apoio do governo americano a Israel na guerra em Gaza poderá prejudicar o desempenho dos democratas no Estado.
Nevada – 6 votos
A última vez que um candidato presidencial republicano venceu no Nevada foi em 2004, mas muitas sondagens mostram a liderança de Trump este ano.
Pela média do RCP, o republicano tem 48,5%, à frente dos 47,5% de Kamala Harris. O Silver Bulletin também mostra Trump ligeiramente à frente, mas o agregador de sondagens Fivethirtyeight dá a Kamala uma pequena margem.
Nevada é caracterizado por uma grande parcela de eleitores de origem latina e uma forte presença de sindicatos.
A economia é um dos temas importantes para os eleitores do estado, que tem uma das maiores taxas de desemprego do país.
Pensilvânia – 19 votos
Por mais de 20 anos, desde 1992, os candidatos presidenciais do Partido Democrata venceram na Pensilvânia.
Isso mudou em 2016, com a vitória de Trump no estado. Em 2020, Biden reconquistou o estado para os democratas.
Estima-se que este ano as campanhas presidenciais de ambos os partidos investirão mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 547 milhões) cada uma em publicidade na Pensilvânia até novembro, bem acima do valor gasto em outros estados.
A média do RCP indica uma vantagem de apenas 0,3 pontos percentuais para Trump. O Silver Bulletin e o FiveThirtyEight também dão a Trump uma pequena vantagem.
Economia e inflação estão entre as principais preocupações dos eleitores do estado.
Wisconsin – 10 votos
Em 2016, Trump foi o primeiro candidato republicano desde Ronald Reagan a vencer em Wisconsin.
O estado faz parte da chamada “Muralha Azul”, que é uma referência à cor atribuída aos democratas e inclui também Michigan e Pensilvânia. Estes são estados industriais que historicamente votam no candidato democrata.
Após a derrota do partido em 2016, Biden conseguiu conquistar esses estados em 2020. Este ano, eles são novamente cruciais para a conquista da Casa Branca.
Em julho, os republicanos realizaram sua convenção nacional em Milwaukee, a maior cidade de Wisconsin, que também foi palco do primeiro comício de Kamala Harris após entrar na corrida.
Segundo o RCP, Kamala tem 48,5% das intenções de voto no estado, um pouco à frente dos 48,2% de Trump. O Silver Bulletin e o FiveThirtyEight também dão vantagem a Kamala.
Flórida e Ohio
Como acontece com todas as eleições, a lista de estados decisivos deste ano traz mudanças em relação às eleições anteriores.
Dois exemplos são Flórida e Ohio, que durante décadas foram considerados importantes estados indecisos.
Em ambas, o candidato presidencial democrata venceu em 1996. Nas duas eleições seguintes, o republicano saiu vitorioso. Em 2008 e 2012, novamente o Democrata. E em 2016 e 2020, o Republicano novamente.
Mas as mudanças demográficas fizeram com que a Florida, com 30 votos no Colégio Eleitoral, e o Ohio, com 17, saíssem da lista dos estados mais competitivos.
As pesquisas deste ano indicam uma vantagem confortável para Trump em ambos.
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