Ó México já registrou 48 mortes na atual temporada de calor, iniciada em março, anunciou o governo nesta sexta-feira (24/5), num momento em que cientistas alertam que os recordes de temperatura podem ser superados nos próximos dias.
Um relatório epidemiológico da Secretaria de Saúde com dados até 21 de maio detalha que 956 pessoas foram afetadas de forma diferente pelas altas temperaturas. “Na atual época de calor, que se estende até outubro, temos um total de 48 mortes a nível nacional”, destaca o texto.
Em 2023, houve recorde de mortes, com 419 em quase oito meses de temporada de calor no México, de acordo com estatísticas oficiais. “Esta situação de calor é excepcional”, disse hoje o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
“É um fenómeno natural muito lamentável, relacionado com as alterações climáticas”, destacou Obrador, acrescentando que as altas temperaturas, acompanhadas de escassos ventos, agravam o problema da poluição na Cidade de México.
O estado de Veracruz (leste), que possui um extenso litoral no Golfo do Méxicoregistra o maior número de mortes (14), seguido por Tabasco, (sul), San Luis Potosí (norte) e Tamaulipas (nordeste), com oito cada.
Cientistas da Universidade Nacional Autônoma de México alertou anteontem que o calor pode aumentar nas próximas duas semanas e atingir níveis históricos. O ano de 2024 está a caminho de se tornar “o mais quente da história”, disse Francisco Estrada, coordenador do programa de investigação sobre alterações climáticas da universidade, em conferência de imprensa.
A cidade de México e sua região metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, acumularam dois recordes nesta temporada: 34,2ºC em 15 de abril e 34,3ºC em 9 de maio. Estrada destacou que vivemos um fenômeno global, pois 47 países sofrem com as altas temperaturas decorrentes do aquecimento global.
O calor intenso, que fez com que sacos de gelo e garrafas de água acabassem nas lojas da capital mexicana, levou ao aumento da poluição na cidade, onde circulam cerca de 6,5 milhões de veículos. Por conta disso, foi declarado estado de alerta em dias com altos índices de poluição, que tiraram mais de 20% dos veículos das estradas.
Um dos casos mais dramáticos do país foi a morte de dezenas de macacos na floresta dos estados de Tabasco e Chiapas (sul), aparentemente devido a temperaturas superiores a 45ºC.
Víctor Morato, diretor de um hospital veterinário de Comalcalo, Tabasco, explicou à AFP que os animais desmaiaram com o calor e caíram de árvores de 15 a 20 metros de altura. “Quando chegaram aqui, em agonia, estenderam as mãos, como se pedissem ajuda. Isso me deixa com um nó na garganta”, comentou esta semana o médico, que tratou oito animais, alguns deles com temperatura corporal de 43ºC.
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