Horas depois de ter sido nomeado pelo presidente eleito Donald Trump para o cargo de diretor do Immigration and Customs Enforcement (ICE), revelou Tom Homan, em entrevista ao programa Raposa e amigosdo canal de televisão Fox News, que o governo republicano intensificará as invasões aos locais de trabalho dos imigrantes ilegais. Trump prometeu a maior operação de deportação em massa de estrangeiros indocumentados na história dos Estados Unidos. “Onde encontramos a maioria das vítimas de tráfico sexual e de tráfico de trabalho forçado? Nos locais de trabalho”, disse Homan, explicando a decisão. Atualmente, mais de 11 milhões de imigrantes indocumentados vivem nos Estados Unidos – cerca de 3% da população.
Por telefone, pitó (prefere que apenas o apelido seja divulgado) — que mora ilegalmente na Filadélfia (Pensilvânia) desde 2018 — não esconde o medo. “Deus cuida, né? Ele sabe o que está fazendo”, disse ele Correspondênciaquando questionado sobre a possibilidade de batidas de imigração em seu local de trabalho. “Deus tocará o coração de Trump para saber se os imigrantes também podem aproveitar as oportunidades. Se fecharem a fronteira, não sei o que vai acontecer. É assustador? É. Dá-me muito frio na barriga”, admitiu. “Mas nunca vi pessoalmente ninguém ser apanhado no trabalho, apesar de saber de casos como este. Temos que esperar cerca de cinco meses para ver o que Trump fará. Somos imigrantes, mas ajudamos muito os americanos e valorizamos os Estados Unidos. Estados, também.”
Pitó, 32 anos, disse achar “engraçado” que alguns imigrantes torcessem para que Trump levasse a cabo seu programa de deportação. “Muitos dizem que ele só mandará embora pessoas que não prestam. Mas não acham que, entre eles, muitos imigrantes corretos e indocumentados possam ser levados juntos. Aqueles que vêm para os Estados Unidos o fazem porque querem algo em vida. Acho que Trump pode fazer coisas boas para a América e coisas ruins para os imigrantes.”
O carpinteiro mineiro Júnior Alves, 40, que trocou a cidade de Gonzaga (MG) por Filadélfia em 2005, disse ao repórter que tem “muito medo” de ser capturado pelo ICE no trabalho. “Muitos imigrantes que chegam aqui via imigração (pegos na Imigração, ficam dois ou três dias detidos e conseguem entrar nos EUA) vieram para cá e conseguiram autorização de trabalho por três ou cinco meses. você não recebeu nada, é uma história desafiadora. Você está trabalhando e a Imigração chega em uma obra ou em uma loja brasileira, é muito ruim. Eles prendem você e têm 30 dias para deportá-lo. deveria ser: ‘Te dou tantos dias para arrumar suas coisas e ir embora’. Não é tão invasivo.”
Júnior espera que Trump dê aos imigrantes a oportunidade de pagarem seus impostos e permanecerem nos Estados Unidos. “Seria uma opção muito boa. Tanto para o país como para o imigrante que quer ficar”, explicou.
“Tenho o prazer de anunciar que o ex-diretor do ICE e defensor do controle de fronteiras, Tom Homan, se juntará à administração Trump como responsável pelas fronteiras da nossa nação (‘The Border Czar’)”, postou Trump em sua rede social Truth Social, na noite de domingo. “Conheço Tom há muito tempo e não há ninguém melhor para policiar e controlar as nossas fronteiras. Ele será responsável por todas as deportações de estrangeiros ilegais”, acrescentou o republicano.
Segundo o site The Hill, Homan foi um dos primeiros defensores da política de “tolerância zero” que foi aplicada durante a primeira administração Trump (2016-2020) e que culminou na separação de 4.000 crianças dos seus pais, depois de famílias terem sido capturadas. na fronteira com o México. Desta vez, anunciou que dará prioridade às “ameaças à segurança pública e nacional” para a expulsão dos EUA. Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu reconquistar cidades “tomadas”, segundo ele, por ilegais e fechar a fronteira com o México.
Nações Unidas
Também na noite de domingo (11/10), Trump anunciou a congressista republicana Elise Stefanik, 40, para o cargo de próxima embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU). “Elise é uma lutadora incrivelmente forte, dura e inteligente” pela causa “America First”, disse o presidente eleito, que tomará posse em 20 de janeiro. Segundo a agência France-Presse, eleito para o Congresso em 2014 com a idade aos 30 anos, Stefanik inicialmente se posicionou como uma voz moderada, mas gradualmente tornou-se pró-Trump.
Fervoroso defensor de Israel, em dezembro de 2023, Stefanik fez duas críticas à então reitora da Universidade de Harvard, Claudiene Gray, sobre as manifestações a favor da Palestina no campus. Gay renunciou pouco depois, em meio a intensa pressão. O governo israelense expressou satisfação com a nomeação da congressista. “Numa altura em que o ódio e as mentiras enchem os corredores da ONU, a sua clareza moral inabalável é mais necessária do que nunca”, escreveu Danny Dannon, embaixador de Israel nas Nações Unidas.
Os nomes de Homan e Stefanik ainda precisam de aprovação do Senado, seguindo os procedimentos previstos na Constituição dos Estados Unidos. Trump anunciou que tentará saltar esta etapa, apesar de os republicanos terem conquistado a maioria absoluta na Câmara.
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