O Sexta-feira Negra é um data de liquidação que nasceu em Estados Unidosonde os consumidores compram produtos com grandes descontos no dia seguinte Feriado de Ação de Graças.
Já foi adotado em outros países, como o Brasil, para marcar o início da temporada de compras de Natal.
Estes incluem o Reino Unido, Austrália, México, Roménia, Costa Rica, Alemanha, Áustria e Suíça.
No Brasil, foi adotado pela primeira vez em 2010, quando o varejo percebeu o potencial de vendas de mais uma data promocional no calendário comercial.
Naquele ano, porém, a Black Friday gerou apenas R$ 3 milhões em vendas online, segundo levantamento da empresa ClearSale.
Desde então, a Black Friday cresceu e se tornou uma das principais datas do comércio nacional.
Em 2023, a Black Friday gerou R$ 7,2 bilhões apenas no comércio online, segundo dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).
A estimativa considera o período que vai do início da semana da Black Friday até a segunda-feira seguinte.
Embora uma pesquisa da Niq Ebit, núcleo da empresa de pesquisa de mercado Nielsen, mostre que as intenções de compra dos consumidores em 2024 caíram em relação aos anos anteriores, de 79% para 73,6%, a expectativa do setor é de um aumento real nas vendas neste ano.
A projeção da ABComm é de aumento de 10,18% em relação a 2023, ou seja, de R$ 7,93 bilhões em vendas online.
Somando as compras tradicionais ao movimento da Black Friday, o e-commerce deverá atingir R$ 11,63 bilhões de faturamento neste período, afirma a associação, valor quase três vezes superior a uma semana tradicional de vendas online.
Mas quando é a Black Friday? Como isso aconteceu? Por que recebeu esse nome? E vale a pena ir às compras nesta data? Confira abaixo.
Quando será a Black Friday em 2024?
Em 2024, a Black Friday será em 22 de novembro.
O dia do mês varia de ano para ano porque o evento tradicionalmente ocorre nos Estados Unidos no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças.
O Dia de Ação de Graças é uma celebração que existe desde o século XIX e, desde 1941, é comemorado oficialmente na quarta quinta-feira de novembro.
‘Fraude negra’? Vale a pena comprar?
No Brasil, o surgimento de “preços de maquiagem” — com o valor de um produto sendo aumentado alguns dias antes e depois tendo um “desconto” — em meio a promoções legítimas fez com que o feriado ganhasse reputação duvidosa e deixasse muitos consumidores desconfiados.
Falhas técnicas nos sites também contribuíram para frustrar os consumidores e gerar uma imagem negativa da Black Friday, que acabou sendo apelidada nas redes sociais de “Black Fraud”: data em que, segundo a piada, os produtos “custam a metade” . .
Os varejistas e os organizadores das temporadas promocionais têm tentado mudar essa imagem e reparar os danos causados pelas falsas promoções.
Tomaram medidas como lançar um selo para dar credibilidade aos descontos oferecidos e criar um código de ética para marcas que queiram participar da data.
Também foram lançadas ferramentas para monitorar o histórico de preços de produtos e programas que alertam se uma promoção é enganosa.
No entanto, alguns consumidores permanecem reticentes. Na pesquisa Niq Ebit sobre intenções de compra na Black Friday de 2024, 24% dos consumidores que afirmaram não ter intenção de gastar no feriado afirmaram que o principal motivo foi não acreditarem que houvesse descontos. Não comprar por impulso (16%) e não precisar de nada no momento (11%) foram outros motivos.
Embora ainda haja alguma desconfiança, os consumidores brasileiros têm gastado mais a cada ano na Black Friday (veja o gráfico abaixo), segundo dados de vendas da ABComm.
“Os consumidores estão atentos, principalmente aqueles que estão acostumados a fazer compras online. Pesquisam e utilizam ferramentas que acompanham a linha histórica de preços”, afirma Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm. “O comerciante que pensa que vai deixar o consumidor para trás vai ter muita dificuldade.”
“Pode até haver desconfiança, mas quem vai comprar consegue fazer bons negócios, não deixa de comprar. Você até percebe uma queda nas vendas no período que antecede, porque as pessoas realmente retêm para comprar no momento. data promocional.”
A avaliação dos representantes dos serviços de defesa do consumidor é que a data pode valer a pena, sim, mas com ressalvas.
A ideia é pesquisar os produtos que você já queria e ver se eles estão com bons descontos nessa data. Em outras palavras, gaste menos do que você já planejou gastar.
O conselho dos especialistas é evitar contrair dívidas e resistir aos impulsos.
Veja algumas recomendações abaixo.
Dicas para a Black Friday
Prepare-se: saiba mais sobre o produto desejado.
- Qual é a melhor marca?
- Qual modelo tem as características ideais?
- Analise os preços antes do início da Black Friday para saber no dia se o valor oferecido está só um pouco menor (ou até maior) do que há alguns dias.
- Use sites que comparem preços e relatem seu histórico.
- E simule uma compra antes da data para saber o valor do frete.
- Para compensar uma promoção, os fornecedores podem encarecer a entrega.
- Confira as políticas de troca e garantia do produto na promoção
Tome alguns cuidados na hora de comprar
- Faça capturas de tela no momento da compra para garantir que o preço anunciado é igual ao cobrado. A oferta deve ser seguida à risca.
- Utilize um site confiável — verifique sua reputação em serviços como o Reclame Aqui e prefira páginas que tenham o código “https” no endereço, indicando que é seguro e que seus dados não serão roubados.
- Cuidado com endereços semelhantes aos de grandes varejistas que buscam atrair clientes desatentos para sites duvidosos.
- E desconfie de descontos muito maiores que os da concorrência.
E se algo der errado?
- Entre em contato com a loja para coletar uma solução, com capturas de tela da compra e demais documentos em mãos.
- Caso a solicitação não seja atendida, procure os serviços de atendimento, como o Procon do seu estado.
- Você pode fazer a denúncia pelo site do Procon ou pelo telefone 151.
Qual é o significado da Black Friday?
O termo significa literalmente “Black Friday” em inglês.
Nos Estados Unidos, a primeira vez que a expressão foi utilizada foi em 24 de setembro de 1869, quando dois especuladores, Jay Gould e James Fisk, tentaram assumir o controle do mercado de ouro na Bolsa de Valores de Nova York.
O governo foi obrigado a intervir para corrigir a distorção, aumentando a oferta de matérias-primas ao mercado, o que fez com que os preços caíssem e muitos investidores perdessem fortunas.
“O adjetivo ‘negro’ tem sido usado há muitos séculos para retratar diferentes tipos de calamidades”, diz o linguista Benjamin Zimmer, editor executivo do site Vocabulary.com.
Mas o Factory Management and Maintenance – um boletim informativo sobre o mercado de trabalho – assume a responsabilidade pelo uso do termo, de acordo com Bonnie Taylor-Blake, da Universidade da Carolina do Norte.
Em 1951, uma circular da empresa chamava a atenção para a incidência de profissionais doentes naquele dia.
“A síndrome da sexta-feira depois do Dia de Ação de Graças é uma doença cujos efeitos adversos só são superados pelos da peste bubônica. Pelo menos é assim que se sente quem tem que trabalhar quando chega a Black Friday. estava doente”, dizia a circular.
Mas o termo só começou a ganhar popularidade quando começou a ser usado na Filadélfia por policiais frustrados com o trânsito causado pelo grande fluxo de consumidores naquele dia.
Evidentemente, os lojistas não gostavam de ser associados ao trânsito e à poluição. Eles então tentaram mudar o termo para “Big Friday”, segundo um jornal local de 1961.
Com o tempo, a Black Friday passou a significar “de volta ao preto”. Os lojistas reformularam positivamente o termo ao dizer que se referia ao momento em que voltaram a ter lucro. Mas não há provas de que isso realmente aconteceu.
É verdade que o período festivo representa a maior parte dos gastos dos consumidores do ano.
Mas, por outro lado, não é claro quanto desta receita se transforma realmente em lucro, dado que os retalhistas trabalham com margens mais apertadas quando oferecem grandes descontos.
Quando a Black Friday se tornou tão popular?
O termo Black Friday permaneceu restrito à Filadélfia por um tempo surpreendentemente longo, e a data só se tornou referência nacional nos Estados Unidos na década de 1990.
“Era usado com moderação em Trenton, Nova Jersey, mas não ultrapassou as fronteiras da Filadélfia até a década de 1980. O termo não se espalhou até meados da década de 1990”, diz o lingüista Benjamin Zimmer, editor executivo do site Vocabulary.com. .
E foi a partir dos anos 2000 que a data se consolidou e depois começou a se espalhar para outros países, segundo Zimmer.
Os primeiros foram os varejistas canadenses, que começaram a oferecer suas próprias vendas ao verem os clientes pegarem a estrada rumo ao sul em busca de boas compras.
No México, a Black Friday tem um novo nome – “El Buen Fin” ou “The Good Weekend”. A celebração está associada ao aniversário da revolução de 1910 no país, que às vezes cai na mesma data do Dia de Ação de Graças nos EUA. Como o nome sugere, o evento dura o fim de semana inteiro.
No Brasil, onde não existe o feriado de Ação de Graças, a data começou a entrar no calendário comercial em 2010 e foi aumentando a cada ano.
E os descontos começaram a aparecer mais cedo, com os varejistas fazendo anúncios ou promoções próprias várias semanas antes da data.
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