A Polícia Federal está investigando o ocorreram explosões na noite de quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Duas explosões ocorreram na noite de quarta-feira (13/11) próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, deixando uma pessoa morta.
Um boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal identificou o homem falecido como Francisco Wanderley Luiz.
Ele seria o proprietário do veículo que explodiu no Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Fogos de artifício e tijolos foram encontrados no porta-malas do veículo.
A Polícia Militar do DF informou que, ao chegar ao local, “policiais militares encontraram um indivíduo que aparentemente tirou a própria vida com um explosivo”.
A área foi imediatamente isolada para uma varredura em busca de outros artefatos e “todos os principais prédios de Brasília e do aeroporto tiveram reforço policial”, segundo a PM.
Segundo o jornal O Globo, um agente do STF relatou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal que presenciou o momento em que o homem explodiu bombas na Praça dos Três Poderes, próximo a uma estátua da Justiça.
“O indivíduo estava com uma mochila e ficou em atitude suspeita diante da estátua, colocou a mochila no chão, sacou um extintor, tirou uma camisa de dentro da mochila e jogou contra a estátua. tirou alguns artefatos da mochila e com Quando seguranças do STF se aproximaram, o indivíduo abriu a camisa e alertou para não se aproximarem”, diz trecho do Boletim de Ocorrência da Polícia Civil citado pelo jornal.
Ele então se deitou no chão e esperou a bomba explodir.
Francisco Wanderley Luiz tinha 59 anos e era serralheiro em Rio do Sul, cidade de 72 mil habitantes na região do Alto Vale do Itajaí, a 200 km de Florianópolis. Em 2020, concorreu a vereador usando o nome Tiü França, mas obteve apenas 98 votos e não foi eleito.
Foi candidato pelo Partido Liberal (PL).
Em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral, ele declarou R$ 263 mil em bens, além de uma motocicleta, três carros e um prédio de dois andares em Rio do Sul.
Suas páginas do Facebook e Instagram foram removidas.
Ele havia deixado mensagens radicais com ameaças de violência —alegando ter colocado bombas na casa do jornalista William Bonner, dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Vamos brincar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBOSES nojentos. [sic]”
Em outra mensagem, ele aparece dentro do STF, com a mensagem: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro ou não sabem o tamanho da presa ou é só estupidez. Provérbios 16:18 (O orgulho vem antes do cair).”
Uma terceira mensagem traz outra ameaça e sugere que haverá novas etapas do ataque, que só terminará no sábado (16/11): “Cuidado ao abrir gavetas, armários, prateleiras, guardar materiais, etc. 13/11/2024… O jogo termina em 16/11/2024.
A Polícia Federal informou que foram acionados policiais do Comando de Operações Táticas (COT), do Grupo de Pronta Intervenção da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, peritos e do Grupo Antibomba da instituição.
Leia o que se sabe sobre o caso aqui.
Crescente preocupação com a segurança do STF
A segurança do STF tem sido uma preocupação frequentemente levantada pelo órgão e seus ministros desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que em diversas ocasiões ameaçou desconsiderar decisões judiciais e maltratou ministros, especialmente Alexandre de Moraes, que vem conduzindo investigações que visam propagadores de notícias falsas e milícias digitais.
Nos protestos bolsonaristas, cartazes e manifestantes pediam frequentemente o fechamento do STF.
Em 8 de janeiro de 2023a situação culminou na invasão e vandalização de prédios na Praça dos Três Poderes por apoiadores de Bolsonaro, que havia sido derrotado nas eleições do ano anterior. O STF foi um dos prédios mais destruídos nos ataques.
Moraes já havia sido ameaçado de morte por pelo menos dois homens, que foram presos em 2021.
O ministro também afirma ter sido assediado junto com a família no aeroporto de Roma, na Itália, em 2023. Um casal e o genro, acusados de xingar Moraes, respondem ao caso na Justiça.
Em novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro nas eleições, o ministro Luís Roberto Barroso foi abordado de forma hostil por brasileiros nos Estados Unidos. A um deles, que questionou a confiabilidade do sistema eleitoral, Barroso respondeu com a frase “você perdeu, idiota, não se preocupe”, que virou manchete.
O Tribunal conta com uma Secretaria de Segurança e policiais próprios, que atuam nas dependências do STF e acompanham os ministros em viagens ou em suas próprias residências. A sua segurança foi reforçada nos últimos anos.
“Até recentemente, os ministros do Supremo Tribunal Federal circulavam inteiramente sozinhos em agendas pessoais e até institucionais. Infelizmente, nos últimos anos, fomentou-se um tipo de agressividade e hostilidade que passou a exigir o reforço da segurança em todas as situações. de todos os poderes circulam com esse tipo de proteção, seja em eventos privados ou públicos”, escreveu o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em nota de junho.
Repercussões do caso
Ricardo Lewandowski, Ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que “a Polícia Federal está trabalhando rigorosamente para elucidar, rapidamente, a motivação das explosões na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, e nas proximidades do Palácio Nacional Congresso”.
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, lamentou o ocorrido e chamou a atenção para a necessidade “de garantir a segurança dos parlamentares, servidores, colaboradores e visitantes, bem como a integridade do patrimônio público”.
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, manifestou “total repúdio a qualquer ato de violência”.
Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF que está afastado oficialmente, classificou o episódio como “grave” e garantiu que “todas as unidades de segurança e inteligência do Governo do Distrito Federal estão orientadas a atuar com rigor e rapidez para identificar o autor ou autores, bem como a motivação para esses ataques.”
O STF divulgou nota sobre o ocorrido: “Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), foram ouvidos dois estrondos e os ministros foram retirados do prédio com segurança. medida. Mais informações sobre as investigações deverão aguardar o desenvolvimento dos fatos.
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