A pena de 8 anos e 10 meses contra o ex-presidente Fernando Collor foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (14/11). A maioria dos desembargadores do Tribunal negou provimento ao recurso apresentado pela defesa de Collor.
A penalidade prevê o início do cumprimento em regime fechado.
Collor foi condenado em maio de 2023 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Depois, a defesa do ex-presidente apresentou embargos de declaração, recurso que visa dirimir possíveis omissões, contradições, pontos obscuros e até erros de digitação em uma decisão judicial, mas que normalmente não alteram o resultado do julgamento.
Segundo duas fontes jurídicas consultadas pela BBC News Brasil, que preferiram não se identificar, a defesa do ex-presidente ainda poderá apresentar embargos, ou seja, um recurso que questione o próprio julgamento do recurso.
No entanto, novamente, a chance de a decisão de 2023 ser revertida é pequena.
A partir da publicação da decisão, a defesa poderá apresentar o recurso no prazo de cinco dias. Caso não seja apresentada, o processo é considerado definitivo, ou seja, a decisão é definitiva e não cabe mais recurso. Caso o recurso seja negado, há também a declaração de trânsito em julgado.
Se houver um julgamento final, a sentença pode começar.
Collor poderá ir preso antes disso se o Ministério Público – no caso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) – solicitar a prisão preventiva até que haja trânsito em julgado e o Tribunal concordar que esse tipo de medida cautelar está de acordo com o Código de Processo Penal .
Caso isso aconteça, esse tempo de prisão preventiva será descontado da pena após o trânsito em julgado.
Nos pedidos de declaração, a defesa questionou o cálculo da pena por corrupção. No julgamento, a maioria concordou com o entendimento do ministro Alexandre de Moraes, para quem o cálculo deste crime — 4 anos e 4 meses de prisão — foi adequado.
Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, André Mendonça e Nunes Marques defenderam pena menor, 4 anos de prisão, e foram derrotados na discussão.
O ministro Cristiano Zanin declarou-se impossibilitado de participar da audiência de recurso.
A BBC News Brasil procurou a defesa de Collor, que preferiu não se posicionar.
O ex-presidente, hoje com 75 anos, foi condenado em processo derivado de Operação Lava Jato e relativos a crimes envolvendo a BR Distribuidora.
O processo tem como base uma denúncia apresentada em 2015 pela PGR.
O caso foi julgado pelo STF porque, quando começou a responder à ação, Collor era senador.
Entre outras acusações, a PGR apontou que Collor, com a ajuda dos outros dois empresários condenados na ação, favoreceu a UTC Engenharia nos contratos com a BR Distribuidora, recebendo por isso R$ 20 milhões.
Com seu poder político, Collor teria influenciado as nomeações para a diretoria da BR Distribuidora e facilitado a negociação de contratos.
Grande parte das provas do caso foram reveladas por delatores da Operação Lava Jato, como o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros a aderir à delação premiada durante as investigações.
Oriundo de uma das famílias mais tradicionais da política alagoana, Collor foi eleito presidente em 1989, nas primeiras eleições diretas para a Presidência da República após a ditadura militar (1964-1985).
Depois de um crise econômica e política, foram iniciados processos de impeachment contra ele.
Diante da possibilidade de ter seu afastamento confirmado e seus direitos políticos cassados por oito anos, Collor renunciou ao cargo em dezembro de 1992. Apesar disso, o Senado aprovou o impeachment e revogou temporariamente seus direitos políticos.
*Com informações de Leandro Prazeres, da BBC News Brasil de Brasília
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