Trump deve enfrentar menos resistência a promessas da campanha

Donald Trump anunciou, neste domingo (1/12), o sogro de sua filha Tiffany para o cargo de principal assessor para assuntos árabes e do Oriente Médio. O empresário libanês-americano Massad Boulos foi um ator importante na campanha do presidente eleito. “Tenho orgulho de anunciar que Massad Boulos atuará como principal conselheiro do presidente para assuntos árabes e do Oriente Médio”, postou em seu perfil na rede social Truth Social.

Boulos, que ajudou a conquistar eleitores árabes-americanos e muçulmanos, será responsável por uma posição desafiadora e terá de lidar com questões controversas, como o conflito entre Israel e a Palestina, o cessar-fogo acordado com o grupo xiita Hezbollah no Líbano e a avanço das forças rebeldes na Síria contra o governo de Bashar al-Assad. “Massad é um advogado talentoso e um líder altamente respeitado no mundo dos negócios, com vasta experiência no cenário internacional”, disse Trump, descrevendo o seu escolhido como um “negociador” e “defensor dos valores republicanos e conservadores”.

No sábado, Trump escolheu o seu antigo conselheiro Kash Patel como diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI) e Chad Chronister, um xerife da Florida, como administrador da Drug Enforcement Administration (DEA), a agência antidrogas dos Estados Unidos. A nomeação de Patel foi anunciada no Truth Social: “Este FBI acabará com a crescente epidemia de crime na América, desmantelará gangues criminosas migrantes e deterá o flagelo maligno do tráfico transfronteiriço de drogas e seres humanos. Kash trabalhará sob o comando de nossa grande procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi , para trazer de volta a lealdade, a coragem e a integridade ao FBI”, publicou o presidente eleito.

Segundo Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM, os democratas veem essa escolha como uma expressão de revanchismo que pode comprometer o funcionamento da agência. “Nesse caso, a principal questão a ser avaliada pelo Senado será o grau de independência de Patel diante de possíveis pressões do presidente ou de seus aliados. Este debate sobre lealdade não se restringe ao FBI; também tem sido questionado quanto ao peso da lealdade pessoal em detrimento das prerrogativas institucionais, especialmente em áreas críticas, como justiça e segurança”, afirma.

Com os últimos anúncios, Trump praticamente definiu a maior parte das indicações para o seu segundo mandato. Para Denilde Holzhacker, as escolhas de Trump podem ser categorizadas entre aqueles que demonstraram lealdade, grandes financiadores políticos, defensores da agenda conservadora e profissionais ligados ao mercado. “Desta vez, ele terá um gabinete mais alinhado com suas ideias, o que deverá fortalecer a implementação das promessas de campanha. Esses grupos compartilham a visão de um Estado mais enxuto e eficiente, um compromisso com a restauração da liderança internacional dos Estados Unidos e da defesa dos valores tradicionais”. “Com a maioria no Congresso, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, o cenário aponta para uma menor resistência às mudanças prometidas na campanha, permitindo que sejam iniciadas já nos primeiros dias de governo”, acrescenta.