Dois projetos que fazem parte do ajuste fiscal proposto pelo governo federal ganharam status de urgência nesta quarta-feira (12/04).
Com o regime, esses projetos poderão ser votados pelo plenário da Câmara, sem passar por comissões.
Os dois projetos que ganharam urgência tratam do limite de utilização de créditos tributários quando há déficit nas contas públicas e do cálculo do reajuste do salário mínimo.
O conjunto de medidas que integram o ajustamento fiscal foi anunciado no dia 27 de novembro pelo Ministro das Finanças, Fernando Haddad.
Ele anunciou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), que atingirá quem ganha até R$ 5 mil —promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O limite atual de isenção de IR é de R$ 2.259, mas com o mecanismo de “desconto simplificado” adotado pelo governo Lula desde 2023, na prática, a isenção beneficia quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824).
O ministro afirmou que esta é a “maior reforma de renda da nossa história”.
“A nova medida não terá impacto fiscal, ou seja, não aumentará os gastos do governo. Porque quem tiver renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais. Tudo sem excessos e respeitando os padrões internacionais estabelecidos”, garantiu Haddad, afirmando que a medida de isenção beneficiará a classe média.
Na entrevista coletiva, Haddad afirmou que essa reforma tributária que impacta a renda tem “o pressuposto da neutralidade”.
“Esta reforma não visa aumentar nem diminuir receitas. O que procuramos é eficiência e justiça fiscal”, afirmou o ministro.
A ideia do governo é que a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil seja debatida no Congresso Nacional no próximo ano —e, se aprovada, a medida entrará em vigor em 1º de janeiro de 2026.
Haddad entende que 2025 é um ano ideal para o debate sobre a reforma do Imposto de Renda, já que “a agenda legislativa está tranquila e não é ano eleitoral”.
A nova faixa de isenção deve beneficiar 36 milhões de contribuintes, segundo levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais de Receita Federal. Isso representa cerca de 78% dos contribuintes que declaram Imposto de Renda.
Segundo Haddad, o conjunto de medidas, incluindo a ampliação da isenção do Imposto de Renda, vai gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
O governo calcula que o corte de gastos anunciado gerará um impacto de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.
Nos últimos meses, Haddad tem defendido que o objetivo é levantar impostos sobre os mais ricos e utilizar as receitas adicionais para reduzir os impostos sobre os mais pobres e reduzir os impostos sobre o consumo – que também tendem a ter um impacto maior nos grupos de rendimentos mais baixos.
Na expectativa do anúncio do governo, o dólar disparou em 27 de novembro, atingindo R$ 5,91.
Isso porque muitos agentes de mercado veem o aumento da isenção como ineficaz no controle das contas públicas.
Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP) mostrou que o aumento dessa faixa de isenção deve aliviar principalmente o bolso da classe média (renda entre R$ 6.764 e R$ 35.673).
Para os mais pobres, a mudança não traz tantos impactos diretos, pois esse grupo já está isento do Imposto de Renda. No entanto, os autores do estudo da USP afirmam que os mais pobres poderão ser impactados se as perdas de receitas se refletirem em cortes nos gastos com programas de transferência de renda e serviços públicos.
Isso porque ampliar a faixa de isenção reduziria a receita para os cofres públicos em dezenas de bilhões de reais, embora o governo diga que haverá alguma compensação com o aumento da tributação para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês.
“Precisamos fazer as contas para saber se a remuneração proposta será suficiente”, afirma Alexandre Andrade, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI).
Alíquota de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil
Em entrevista coletiva, Haddad detalhou que a perda de arrecadação com a nova faixa de isenção de R$ 5 mil será de R$ 35 bilhões por ano. Segundo ele, o valor será compensado com cobrança de 10% sobre os rendimentos, incluindo dividendos, de quem recebe mais de R$ 50 mil por mês.
“E como isso será compensado? Pessoas que atualmente têm renda superior a R$ 50 mil por mês passarão a pagar o mínimo”, respondeu.
“Essa pessoa vai somar tudo o que recebeu de salário, aluguel, dividendos e juros, e calcular 10%. Se tiver renda anual de R$ 600 mil, terá que pagar R$ 60 mil de imposto de renda. ano, você precisará recolher o valor restante”, disse Haddad.
“Este é um conceito novo, de imposto de renda mínimo”, acrescentou.
O ministro informou ainda que haverá alteração nas “distorções relacionadas à saúde”.
“As despesas com saúde continuarão sendo integralmente dedutíveis. Mas a isenção do pagamento do imposto de renda por motivos de saúde será limitada a quem ganha até R$ 20 mil por mês”, anunciou Haddad.
Com esses dois reajustes do IR, o governo pretende compensar os R$ 35 bilhões que serão “perdidos” com a isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Lula já prometeu em diversas ocasiões ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda.
Em junho, o presidente escreveu na rede social Classe Média. Suba além do primeiro degrau, sem ser derrubado toda vez que subir um degrau.
Depois do aprovação da primeira etapa da reforma tributária no Congressofocada na estruturação dos impostos sobre o consumo, está prevista uma segunda etapa, mais focada nos impostos que impactam a renda.
A isenção já estava prevista nesta segunda fase, que poderá ver mais medidas anunciadas nos próximos meses.
Haddad anunciou outras iniciativas (veja mais abaixo), além de elogiar a redução do desemprego no país e o aumento do salário mínimo, com ganhos reais —que o ministro descreveu como um direito “esquecido pelo governo anterior”.
Ele anunciou medidas que afetará os militares e servidores públicos, além de alterações em emendas parlamentares e abonos salariais. Confira os detalhes abaixo.
Aposentadoria militar
Em seu discurso, Haddad disse que irá “promover mais igualdade” nas aposentadorias militares.
Na entrevista coletiva, o ministro agradeceu às Forças Armadas pelo “gesto de última hora a pedido do ministro da Defesa, Múcio Monteiro, e do presidente Lula”.
Ele disse que o conceito de morte fictícia — quando um militar for excluído ou expulso das forças armadas e for considerado morto (mesmo vivo), para receber uma pensão — será extinto.
“Esse era um resquício do passado que precisava ser superado”, diz Haddad.
Haverá também uma idade mínima para os militares se aposentarem ou ingressarem na reserva remunerada. Isto será feito progressivamente.
“Também vamos fixar 3,5% da remuneração dos militares para contribuir para o fundo de saúde até janeiro de 2026”, disse o ministro.
A transferência de pensões ainda será encerrada.
Salário mínimo
Haddad afirmou que o valor do salário mínimo continuará subindo acima da inflação —mas dentro das regras do quadro fiscal.
Na prática, isso significa que haverá um limite de até 2,5% ao ano, acima dos índices de inflação.
“Com as novas regras propostas, o salário mínimo continuará a subir acima da inflação, de forma sustentável e dentro da nova regra fiscal”, detalhou o ministro.
“Isso dará conforto para o planejamento elaborar o orçamento com previsibilidade, para manter as despesas no patamar atual ou até mesmo ampliar a capacidade de investimento do Estado”, afirmou.
Benefício de Pagamento Contínuo
Haddad também mencionou a existência de “uma indústria de liminares concedidas” sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Esse benefício garante um salário mínimo mensal aos maiores de 65 anos ou às pessoas com deficiência de qualquer idade.
Os beneficiários não precisam ter contribuído para o INSS, mas também não ganham 13º salário e não deixam pensão por morte.
O ministro destacou uma série de problemas com o BPC, que precisarão ser ajustados. A ideia, segundo ele, é “dar clareza sobre quem tem direito ao benefício”.
As formas como esses ajustes serão feitos na prática não foram detalhadas.
Ajustes em programas sociais
Em entrevista coletiva, Haddad anunciou que todos os beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, precisarão passar por coleta de biometria e recadastramento.
Segundo ele, esse processo será antecipado “pelo que foi constatado nos últimos meses”.
“Precisaremos liberar os cadastros em um prazo melhor. Todos terão que passar pela biometria e os prazos de recadastramento serão encurtados por lei”, afirmou.
Com isso, o governo pretende excluir pessoas que recebem benefícios, mas não se enquadram nos critérios dos programas sociais.
“Essa é uma incompatibilidade que precisa ser corrigida”, disse Haddad.
Bônus salarial
“Para atender as famílias que mais precisam, o abono salarial será garantido a quem ganha até R$ 2.640”, disse Haddad.
Segundo o comunicado, esse valor será corrigido pela inflação nos próximos anos e se tornará permanente quando corresponder a um salário mínimo e meio.
Segundo Haddad, o subsídio “perdeu a razão de ser diante de vários programas sociais que são superiores”.

Procure supersalários de servidores
Haddad também prometeu combater “privilégios incompatíveis com o princípio da igualdade”.
“Vamos corrigir os excessos e garantir que todos os agentes públicos estejam sujeitos ao teto constitucional”, assegurou.
Na conferência de imprensa, reforçou o compromisso de “retomar o debate sobre os supersalários”.
“Vamos pensar em uma lei complementar para regulamentar esse dispositivo constitucional e dar segurança jurídica”, disse Haddad.
“Há uma abertura no Senado Federal para retomar essa discussão.”
Fundeb e ovo de ninho
Na entrevista coletiva, Haddad também mencionou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
“Queremos que parte desses recursos beneficie os estudantes. Reservaremos 20% da contribuição da União para garantir a expansão das escolas de tempo integral”, disse.
O ministro anunciou ainda que o Programa Pé-de-Meia, que garante poupança aos alunos do ensino secundário, passará a integrar o orçamento do Ministério da Educação a partir de 2026.
Benefícios fiscais futuros
Conforme mencionado anteriormente, o ministro estima que as medidas anunciadas gerarão uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
“Para garantir os resultados que esperamos, em caso de défice primário, será proibida a criação, ampliação ou prorrogação de benefícios fiscais”, afirmou.
Emendas parlamentares
Haddad disse ainda que, em conjunto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, as regras orçamentárias foram aprimoradas.
Segundo o ministro, a quantidade de emendas parlamentares crescerá “abaixo do limite das regras fiscais”.
“Além disso, 50% das emendas das comissões do Congresso irão necessariamente para a saúde pública, reforçando o SUS [Sistema Único de Saúde]”, concluiu.
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