O que se sabe sobre prisão de homem do Uzbequistão pelo assassinato de general em Moscou

As autoridades russas informaram nesta quarta-feira (18/12) que um homem de 29 anos foi preso pelo assassinato do tenente-general Igor Kirillov e seu assistente em Moscou.

O General de alto escalão das Forças Armadas Russas e seu assistente foram mortos em uma explosão em Moscouna terça-feira (17/12).

Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química (NBC), estava na entrada de um complexo residencial quando um dispositivo escondido em uma scooter explodiu, disse o Comitê de Investigação da Rússia.

O Comité de Investigação da Rússia (SK) disse que o suspeito – cuja identidade ainda não foi divulgada – admitiu ter sido recrutado pelos serviços secretos ucranianos. Contudo, a SK não apresentou elementos de prova que fundamentassem esta alegação.

SK informou que o homem detido – nascido em 1995 – é cidadão do Uzbequistão.

O comunicado acrescenta que é “suspeito de cometer um ato terrorista” e que durante o interrogatório “explicou que foi recrutado pelos serviços secretos ucranianos”.

A agência de segurança ucraniana SBU já havia assumido a responsabilidade pelo assassinato, disse uma fonte à BBC na terça-feira.

A fonte ucraniana disse que Kirillov, 54 anos, era “um alvo legítimo” e acusou o general de ter cometido crimes de guerra.

Na segunda-feira, um dia antes do assassinato, a Ucrânia acusou Kirillov à revelia, dizendo que ele era “responsável pelo uso massivo de armas químicas proibidas”. Moscou nega as acusações.

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) divulgou um vídeo do interrogatório do suspeito.

Nas imagens, um homem algemado e de cabelos escuros aparece falando diretamente para a câmera.

Ele é ouvido dizendo em russo que receberia uma recompensa de US$ 100 mil e um passaporte europeu em troca do assassinato de Kirillov.

O FSB acrescentou que, por instruções da Ucrânia, o detido chegou a Moscovo e recebeu um dispositivo explosivo caseiro.

Não está claro se a confissão do suspeito foi feita sob coação.

O dispositivo explosivo foi colocado na scooter estacionada perto da entrada do prédio residencial onde Kirillov morava, disse o SK.

Para monitorizar a cena, o suspeito alugou um carro, onde instalou uma câmara de vídeo que transmitiu em direto aos organizadores do ataque na cidade de Dnipro, na Ucrânia, acrescentou a comissão de investigação.

Quando Kirillov e seu assistente, Ilya Polikarpov, deixaram o prédio, o artefato explosivo foi ativado remotamente, segundo o comunicado.

Um porta-voz do Kremlin disse que o presidente russo, Vladimir Putin, “expressou profundas condolências” pela morte de Kirillov, conforme relatado pela agência de notícias estatal russa Tass.

Quem foi Kirílov

Kirillov é considerado a figura militar de mais alto escalão assassinada na Rússia desde que o Presidente Putin iniciou a invasão em grande escala da Ucrânia em Fevereiro de 2024.

Além de ter sido acusado pela Ucrânia, Kirillov já tinha sido sancionado pelo Reino Unido devido ao alegado uso de armas químicas na Ucrânia.

O serviço de segurança ucraniano SBU disse que a Rússia usou armas químicas mais de 4.800 vezes sob a liderança do general.

Moscovo nega as acusações e afirma ter destruído o último remanescente do seu vasto arsenal de armas químicas em 2017.

Imagens da cena do lado de fora do prédio de apartamentos Kirillov, no sudeste de Moscou, na terça-feira, mostraram a entrada fortemente danificada, com marcas de queimadura nas paredes e várias janelas quebradas. Também foi possível ver dois sacos para cadáveres na rua.

Na quarta-feira, o Itamaraty informou que o país levaria o assassinato de Kirillov à reunião do Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira (20/12).

As autoridades russas prometeram encontrar e punir os responsáveis ​​pelo crime.