Lisboa — Raramente os portugueses viram um sistema de segurança tão forte como o ontem montado para proteger o presidente da Ucrânia, Volodimyr Zelensky, que passou apenas seis horas em Portugal. Quem passasse pelo Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro, Luís Montenegro, ficaria espantado com a quantidade de atiradores de elite posicionados em pontos estratégicos do edifício, que fica numa zona bastante movimentada da capital portuguesa. . Um helicóptero fazia rondas incessantes, indicando a extensão da preocupação em evitar qualquer incidente envolvendo o líder ucraniano.
Zelensky chegou ao Palácio São Bento por volta das 15h (11h em Brasília) desta terça-feira. Durante quase duas horas, ele explicou a situação de seu país, invadido pela Rússia há mais de dois anos. Ele não poupou críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, e fez apelos enfáticos para que o mundo se envolvesse no movimento liderado pela Suíça, que tenta negociar um acordo para acabar com o conflito. O líder ucraniano apelou ao maior número possível de nações para que participem efetivamente na Cimeira da Paz marcada para 15 e 16 de junho, a fim de garantir que as demonstrações de solidariedade não permaneçam apenas retóricas. “Esse apoio precisa ser real e tão amplo quanto possível”, disse ele.
O Brasil indicou que não participará da reunião, pois não vê sentido em um debate sobre a paz sem envolver o outro lado, a Rússia. O primeiro-ministro português disse, no entanto, que está disposto a falar com representantes de países com os quais Portugal mantém relações profundas, especialmente aqueles que falam português. “Estamos empenhados em prestar o devido apoio político, financeiro e humanitário à Ucrânia, incluindo a sua reconstrução. Fizemos isso com a União Europeia, com a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), nas Nações Unidas e com os países com quem temos relações afetuosas. “, garantiu.
Portugal foi a terceira paragem de Zelensky na sua viagem a países europeus em busca de apoio financeiro. Com o governo português assinou um acordo de cooperação no valor de 126 milhões de euros (cerca de R$ 720 milhões), dos quais 100 milhões de euros (R$ 570 milhões) haviam sido prometidos pela gestão anterior, de António Costa. Esses recursos serão destinados à aquisição de equipamentos militares e à formação de pessoal técnico e de pilotos de caça F-16. O acordo terá validade de 10 anos e poderá ser renovado, o que exigirá, com o tempo, novas transferências de Portugal.
Adesão à UE
Montenegro afirmou que o seu país dará total apoio à Ucrânia, seja do ponto de vista financeiro ou humanitário, para garantir a liberdade, os direitos humanos e a democracia ao povo ucraniano. Destacou que o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia deverá começar em Junho e que está em curso a aproximação daquele país à NATO, o que tende a aumentar a tensão com a Rússia. “Temos apoiado a Ucrânia desde que o seu território foi invadido pelos russos de forma ilegal e inaceitável”, disse ele.
Na segunda-feira (27/5), Zelensky passou pela Espanha, que anunciou o maior pacote de apoio financeiro à Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia, no valor de 1,1 bilhão de euros (R$ 6,3 bilhões). Nesta terça-feira, antes de desembarcar em Portugal, o presidente ucraniano transitou pela Bélgica, onde recebeu apoio de mais de 900 milhões de euros (R$ 5,2 bilhões). “Este apoio será fundamental para necessidades de emergência, mas precisamos de muito mais, especialmente sistemas de defesa antiaérea e drones”, destacou. Ele também enfatizou que não há como o povo ucraniano se cansar da guerra, pois isso significaria dizer que não há justiça no mundo, que seria governado por “loucos como (Vladimir) Putin”.
Para Montenegro, é necessário condenar veementemente a invasão da Ucrânia pela Rússia, um ataque que não poupou civis, especialmente mulheres e crianças. Lembrou que, desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, Portugal recebeu mais de 60 mil pedidos de asilo de ucranianos, dos quais concedeu pouco mais de 50 mil. “Estamos a falar do segundo maior grupo de estrangeiros que vivem em Portugal em harmonia e integrados no país”, frisou. A maior comunidade estrangeira em Portugal é brasileira, com mais de 400 mil pessoas legalizadas.
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