O bombardeio de Israel alvos no Iémen chegou ao aeroporto de Sanaa, capital do país, nesta quinta-feira (26/12).
Entre os passageiros do terminal estavam o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e membros da agência.
“Quando estávamos prestes a embarcar no nosso voo de Sanaa, há cerca de duas horas, o aeroporto foi alvo de uma bombardeio ar”, relatou Tedros logo após o ataque.
“Um dos tripulantes do nosso avião ficou ferido. Pelo menos duas pessoas foram mortas no aeroporto. A torre de controle de tráfego aéreo, a sala de embarque – a poucos metros de onde estávamos – e a pista foram danificadas”, acrescentou o Diretor da OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou ainda que a sua equipa terá de esperar que “os danos no aeroporto sejam reparados antes de podermos partir”.
“Meus colegas da ONU e da OMS e eu estamos seguros”, acrescentou.
O chefe da OMS afirmou que esteve no Iémen para negociar a libertação de funcionários detidos da ONU (Organização das Nações Unidas) e avaliar a situação humanitária no país.
Em Junho, a ONU confirmou que 13 membros da sua equipa foram detidos pelos rebeldes Houthi, que controlam grande parte do Iémen.
Os funcionários foram capturados em vários pontos do país, numa aparente operação coordenada.
As detenções ocorreram numa altura em que os Houthis enfrentavam dificuldades económicas crescentes e ataques aéreos conduzidos por uma coligação liderada pelos EUA.
Os Houthis têm como alvo navios comerciais no Mar Vermelho, provocando ataques aéreos retaliatórios por parte dos EUA e dos seus aliados.
Ataque israelense
O governo israelense afirmou ter atingido, além do aeroporto, usinas de energia e “infraestrutura militar” no Iêmen esta quinta-feira.
O exército israelense disse ter atingido “alvos militares” pertencente aos Houthis porque o grupo rebelde “atacou repetidamente” Israel.
As IDF (Forças de Defesa de Israel) acrescentaram que os alvos militares foram usados pelos Houthis para “contrabandear armas iranianas” para a região e permitir a entrada de autoridades iranianas.
Os Houthis são uma “parte central do eixo terrorista iraniano, e os seus ataques a navios e rotas marítimas internacionais continuam a desestabilizar a região e o mundo em geral”, afirma o comunicado.
O porta-voz Houthi, Mohammed Abdulsalam, descreveu os ataques de hoje como “um crime sionista contra todo o povo iemenita”, segundo a AFP.
Os ataques israelenses seguiram-se a vários ataques dos Houthis, incluindo um em Tel Aviv no sábado.
Quem são os Houthis
Os Houthis são um grupo político e religioso armado que se formou na década de 1990 e defende a minoria muçulmana xiita do Iémen, os Zaidis.
Declararam-se parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irão contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral, juntamente com grupos armados como o Hamas e o Hezbollah do Líbano.
No início dos anos 2000, os Houthis travaram uma série de rebeliões contra o presidente autoritário do Iémen, Ali Abdullah Saleh.
Durante a Revolta da Primavera Árabe de 2011, o Presidente Saleh foi forçado a ceder o poder ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, mas o seu governo enfrentou muitos problemas.
Os Houthis assumiram o controlo da província de Saada e da capital, Sanaa, depois de formarem uma aliança improvável com Saleh e as forças de segurança ainda leais a ele.
No entanto, a Arábia Saudita temia que os Houthis assumissem o controlo total do Iémen e o transformassem num satélite do Irão.
Os sauditas formaram uma coalizão de países árabes para intervir na guerra. Mas anos de ataques aéreos não conseguiram resolver o conflito.
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