O salário mínimo no Brasil passou a ser R$ 1.518,00 em 2025, valor R$ 106 superior ao de 2024, e correspondente a um reajuste de 7,5%.
Mas, com o dólar alto e a perspectiva de continuidade aumento dos preços dos alimentos Este ano, não deve haver aumento do poder de compra do brasileiro em relação ao preço da cesta básica, segundo estudo da consultoria LCA 4intelligence.
E o cenário não mudará em 2026, quando o poder de compra dos brasileiros permanecerá estagnado e abaixo dos níveis pré-pandemia.
Isto ajuda a explicar o O mau humor dos brasileiros com a economiamesmo num cenário de desemprego em mínimo histórico e aumento da renda, dizem os analistas.
Na última terça-feira (31/12), pesquisa Datafolha mostrou que 61% dos brasileiros acreditam que a economia do país está no caminho errado, ante 32% que consideram a trajetória econômica positiva e 6% que não souberam responder.
A situação também representa um desafio ao projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026, num cenário inflacionário que tem penalizado outros representantes nas urnas —em países como Estados Unidos, Reino Unido, Coréia do Sul, Portugal e Uruguaipartidos de oposição de diferentes ideologias chegaram ao poder ou conquistaram a maioria no Congresso no ano passado.
Quando solicitado a comentar a tendência de estagnação do poder de compra demonstrada pelo estudo, o Ministério das Finanças não respondeu até à publicação deste relatório.
‘Não voltaremos ao poder de compra pré-pandemia’
Para realizar o estudo, o economista Bruno Imaizumi, da LCA 4inteligência, utilizou a série histórica do valor da cesta básica da cidade de São Paulo produzida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o atual salário mínimo.
Em seguida, projectou as duas séries a partir da estimativa da LCA para a inflação alimentar das famílias em 2025 e 2026 e para o reajuste do salário mínimo pela nova regra.
Desde 2023, o salário mínimo é corrigido pela soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos 12 meses até novembro e pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores.
A diferença é que agora existe um teto de reajuste de 2,5% acima da inflação, para adequar o crescimento do salário mínimo aos limites de gastos públicos definidos pelo novo quadro fiscal.
Desde 1998, início da série histórica da cesta básica do Dieese em São Paulo, até 2010, houve ganho de poder de compra brasileiro, mostram os dados.
Passando de pouco mais de uma cesta básica por salário mínimo para 2,2 cestas básicas em janeiro de 2010.
No período entre 2010 e 2019, melhor momento para o poder de compra do brasileiro, o salário mínimo comprou em média 2,1 cestas básicas.
“O que o estudo mostra é que perdemos poder de compra a partir de 2020, quando a pandemia atingiu e os preços dos alimentos ficaram muito caros”, observa Imaizumi.
A partir de 2022, há o guerra entre Rússia e Ucrâniacom forte impacto no preço global dos grãos, além de um série de episódios climáticos cada vez mais extremos, que reduzem a oferta de alimentos, aumentando os preços em todo o mundo.
Com isso, o poder de compra do salário mínimo caiu para 1,5 cestas básicas em abril de 2022.
Desde então, recuperou ligeiramente, para 1,7 em novembro de 2024, mas sem regressar ao nível pré-pandemia.
“Os níveis de preços têm permanecido muito elevados e, olhando para as nossas projeções, que ampliam as métricas de poder de compra, vemos que não há recuperação [nos próximos dois anos]“, afirma o economista da LCA.
“Não voltaremos aos níveis [de poder de compra] pré-pandemia, então os brasileiros ainda se sentem prejudicados. Ele não pode comprar as mesmas coisas que comprava antes da pandemia porque os níveis de preços continuam demasiado elevados.”
Imaizumi observa que, mesmo considerando a antiga regra de cálculo do reajuste do salário mínimo, o cenário pouco mudaria.
“O que pode ajudar a alcançar uma recuperação um pouco mais forte do poder de compra é uma valorização do real“, avalia o economista.
“Para conseguir isso, o governo precisará mostrar que está comprometido com a questão do ajuste fiscal, porque a trajetória das contas públicas brasileiras no médio e longo prazo é preocupante, o que afeta as expectativas de investimento, consumo e crescimento no longo prazo no país “.
O analista lembra que, em 2024, a inflação dos alimentos ficou bem acima do aumento da inflação em geral medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Isto deveu-se em grande parte ao excesso de chuvas, secas e incêndios que afetaram as colheitas não só no Brasil, mas também em outros grandes países produtores de petróleo. mercadorias agrícola.
Para 2025 e 2026, Imaizumi espera que o IPCA e a inflação dos alimentos tenham variações mais próximas.
“Mas os preços dos alimentos continuarão elevados”, prevê o economista.
“Por mais que tenhamos [em 2025] a perspectiva de uma colheita próxima do recorde de 2023, o real desvalorizado incentiva as exportações, o que reduz a oferta de produtos no mercado interno”.
Além disso, diz ele, o real desvalorizado também afeta o valor do mercadorias negociados em dólares no mercado internacional.
E as expectativas de inflação não ancoradas em meio a preocupações fiscais também acabam influenciando a inflação dos alimentos, lembra Imaizumi.
Efeito pêndulo
Para o economista, a persistência dos preços em patamares elevados após a pandemia pode ser um dos motivos que têm levado ao que se chama na análise política de “efeito pêndulo”, ou seja, a tendência de a oposição vencer nas últimas eleições em todo o país. mundo.
“O presidente de uma determinada ideologia é eleito, mas não consegue recuperar o poder de compra ou fazer a economia crescer de forma robusta e sustentável, por isso não consegue ser reeleito, mesmo com a máquina pública em funcionamento”, afirma.
Creomar de Souza, cientista político e diretor-executivo da consultoria de riscos políticos Dharma Politics, avalia que, caso se confirmem as projeções de estagnação do poder de compra na segunda metade do mandato de Lula, ele poderá sim enfrentar dificuldades nas eleições de 2026.
“Tem uma frase que diz: ‘Se a geladeira está cheia, o voto é do governo. Se estiver vazia, o voto é da oposição’. Então o maior desafio do governo Lula na situação atual é convencer as pessoas de que a economia está funcionando”, diz Souza.
“E isto não é apenas um desafio de comunicação. O desemprego está a cair, os salários estão a subir, mas as pessoas não estão a sentir isso no mercado. Essa é a questão.”
Souza ressalta, porém, que as causas do problema podem estar além da capacidade do governo de remediá-lo e destaca que a inflação influenciou recentemente as eleições nos Estados Unidos, vencidas por Donald Trump.
“Ou seja, é um problema global — os preços não voltaram ao que eram antes da pandemia aqui, na Europa, nos Estados Unidos, em todo o lado”, afirma o cientista político.
Souza observa ainda que a economia não é o único fator que ajuda a explicar a avaliação negativa que parte da população faz do governo Lula —no Datafolha mais recente, 35% dizem aprovar o governo petista, enquanto outros 34% desaprovam, e 29% afirmam que a gestão é regular.
O país continua profundamente fraturado politicamente, afirma o analista.
“Uma parte importante da sociedade que não gosta de Lula, se o governo conseguir fazer chover maná do céu, continuará a não gostar de Lula”, diz Souza.
“Isso cria dificuldades para o país como um todo, porque corrói o consenso. Há uma dificuldade em traduzir dados positivos na percepção de um grande número de eleitores”.
Diante desse dilema, o governo tem dois caminhos possíveis para o fim do mandato, na visão de Souza: tentar resolver o desafio fiscal que gerou uma crise de confiança nos mercados, impactando as expectativas cambiais e inflacionárias, ou “jogar fora mais lenha na caldeira” e acelerar gastos no final do mandato visando a reeleição — como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou e falhou.
“O dilema do governo Lula é conter as expectativas negativas, e isso envolve o governo ser mais homogêneo, ter mais consenso e ter sinais muito claros sobre o que quer fazer”, diz Souza.
Relembrando a crise de confiança durante o governo de Dilma Rousseff (PT), afirma que o passado recente mostra que não é uma boa ideia entrar em guerra contra as forças do mercado.
“O Congresso e as forças políticas em Brasília farejam muito rapidamente que algo está errado – fraqueza, falta de governança ou falta de consenso”, diz ele.
“À medida que esse cheiro for sentido, as forças políticas vão tentar aproveitar ao máximo, então para cada medida que o governo precisar aprovar o preço vai ficar mais caro. desprovidos de recursos para fazer outras perguntas importantes.”
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