Como incêndios descontrolados em Los Angeles podem se espalhar ainda mais com ventos ‘próximos a um furacão’

O cidade de Los Angeles está se preparando para mais destruição, com previsões de ventos fortes que podem alimentar chamas do incêndio florestal novamente nesta terça-feira (14/1).

Dois grandes incêndios continuam a atingir a cidade americana. O fogo em Paliçadaso maior deles queimou mais de 93 quilômetros quadrados e foi contido em apenas 14% de sua extensão na noite passada.

Pelo menos 24 pessoas morreram nos incêndios e outros 23 estão desaparecidos.

A prefeita da cidade, Karen Bass, diz que “preparativos urgentes” estão sendo feitos para ventos com força próxima de um furacão, que deverão chegar esta terça-feira e poderão provocar um “crescimento explosivo de incêndios”.

Enquanto isso, as forças policiais de Los Angeles estão lidando com casos de saques e incêndio criminoso. As autoridades anunciaram nesta segunda-feira (13/1) que nove pessoas foram presas como Propriedades vazias e danificadas pelo fogo permanecem vulneráveis.

Condições climáticas críticas são esperadas nas áreas afetadas pela incêndio na Califórniacom fortes ventos de Santa Ana com pico de terça a meados de quarta-feira.

O chamado Ventos de Santa Ana soprará de nordeste, a velocidades de 38 a 64 quilómetros por hora, com possibilidade de rajadas entre 88 e 10 quilómetros por hora.

Os ventos trarão ar muito seco com níveis de umidade de apenas 10% ou menos.

Em comparação com a semana passada, os ventos estão mais fracos, mas ainda fortes o suficiente para espalhar o fogo, especialmente no condado de Ventura.

Os ventos serão fortes o suficiente para permitir que os incêndios se espalhem rapidamente e, portanto, foram emitidos alertas de emergência para os condados de Ventura e Los Angeles.

A rara combinação de umidade extremamente baixa e ventos muito fortes sustentará condições climáticas de incêndio extremamente críticas durante grande parte da terça-feira.

O que são os ventos de Santa Ana?

A razão pela qual os bombeiros não conseguiram conter os incêndios são os chamados ventos de Santa Ana, que alimentaram e espalharam as chamas.

São ventos secos que removem a umidade da vegetação e facilitam o início de incêndios, segundo Simon King, apresentador de meteorologia da BBC.

Assim que o fogo começa, os ventos também ajudam a espalhar-se facilmente.

Os ventos de Santa Ana ocorrem quando uma grande área de alta pressão se instala no interior do oeste dos EUA em torno da Grande Bacia, uma área que inclui grande parte de Nevada, Utah, Idaho e sudeste do Oregon, explica Matt Taylor, meteorologista da BBC.

Essas regiões são geralmente desérticas, o que significa que os ventos secos fluem de leste a oeste e chegam à Califórnia sem umidade, de acordo com uma publicação do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS).

O NWS detalha que estes ventos fortes podem causar danos materiais significativos, mas também aumentam o risco de incêndios florestais devido à secura e à velocidade com que as chamas podem se espalhar.

Os ventos de Santa Ana ficam ainda mais secos à medida que descem das montanhas, continua Taylor.

Como um grande secador de cabelo, eles removem um pouco da umidade da vegetação.

Isso significa que o fogo pode se espalhar mais rapidamente, pois as plantas e as árvores queimam com mais facilidade.

Esses ventos ocorrem inúmeras vezes ao longo do ano.

“Os ventos de Santa Ana costumam acontecer nos meses mais frios, entre o final de setembro e maio, e duram apenas alguns dias. Mas em raras ocasiões podem durar até uma semana”, acrescenta o especialista.

Segundo Taylor, é a força dos ventos que ajuda os incêndios a se espalharem mais rapidamente.

Velocidades de vento de 95 a 130 km/h são comuns, mas rajadas de até 160 km/h podem ocorrer durante os piores eventos desse tipo.

Quando este tipo de intensidade continua por vários dias, pode tornar-se muito difícil para os serviços de emergência conter os incêndios, explica Taylor.

Rajadas de vento também aumentam a imprevisibilidade da propagação.

Ninguém sabe ao certo a origem do nome do fenômeno, mas acredita-se que ele seja inspirado no Canyon de Santa Ana, localizado em Orange County, no sul da Califórnia.