O TikTok ficou offline nos Estados Unidos, horas antes de entrar em vigor uma nova lei que proíbe a plataforma no país, onde tem mais de 170 milhões de usuários.
A medida ocorre depois que a Suprema Corte dos EUA decidiu, na sexta-feira (17/11), manter lei que determinava a interrupção da rede social chinesa caso a operação americana não fosse vendida para uma empresa local.
A ByteDance, empresa dona do aplicativo, sempre disse que não tem intenção de vender sua operação no país.
A legislação foi aprovada no Congresso dos EUA sob o argumento de “proteger a segurança nacional” e impedir que uma empresa de outro país colete grandes volumes de dados de dezenas de milhões de americanos,
Mas é possível que a proibição do TikTok dure apenas um dia. O presidente eleito Donald Trump afirmou neste sábado (18/1) que “provavelmente” daria à rede social 90 dias para encontrar uma solução.
Trump, que toma posse e retorna à Casa Branca na segunda-feira (20/1), disse em entrevistas a emissoras americanas que um anúncio sobre o assunto provavelmente será feito logo após sua posse.
“Bem, eu tenho o direito, como você sabe, sou eu quem tomará as decisões”, disse ele à ABC. “Provavelmente, vou estendê-lo por 90 dias […] Farei isso até descobrirmos algo.”
Especulou-se que, com a entrada em vigor da proibição neste domingo, o aplicativo não deixaria de funcionar instantaneamente no país, mas não poderia ser mais atualizado — o que faria com que o serviço se tornasse obsoleto com o tempo.
O TikTok parecia, no entanto, preparado para ações muito mais decisivas, dizendo que será forçado a “ficar offline” a menos que o presidente dos EUA, Joe Biden, suspenda a aplicação da lei.
O atual governo americano havia dito, porém, que a decisão cabia à nova administração.
Na mensagem mostrada aos usuários que tentaram abrir o TikTok nos Estados Unidos neste domingo (20/1), a plataforma informa sobre a indisponibilidade devido a uma lei no país e afirma que Donald Trump indicou que trabalharia em uma solução para o impasse.
Disputa legal
Os juízes da Suprema Corte dos EUA apoiaram uma decisão de primeira instância que considerou constitucional a lei que restringe o acesso ao TikTok caso o aplicativo não fosse vendido no país.
A decisão estabelece que as proteções à liberdade de expressão contidas na Primeira Emenda da Constituição americana, argumento utilizado no recurso da ByteDance, não impedem o banimento do TikTok.
A opinião do Tribunal foi limitada – os juízes reconheceram a pressão do tempo para emitir a decisão – e evitou outras questões complexas, como se as preocupações sobre a influência chinesa no algoritmo do TikTok justificavam a sua proibição.
A decisão da Suprema Corte na sexta-feira esgotou o último recurso legal que a TikTok tinha para impedir que a proibição entrasse em vigor.
Trump já havia sinalizado que gostaria de encontrar uma solução política para o caso.
Na sexta-feira, ele disse que conversou com Presidente chinês Xi Jinping e discutiu o TikTok, entre outros assuntos.
O CEO da TikTok, Shou Zi Chew, é esperado entre os executivos de tecnologia na posse de Trump na segunda-feira.
Autoridades de segurança nacional dos EUA alertaram que espiões chineses poderiam usar a coleta de dados do aplicativo para rastrear funcionários e prestadores de serviços federais americanos, algo que a TikTok sempre negou.
O Departamento de Justiça afirmou que a decisão da Suprema Corte permite ao departamento “impedir que o governo chinês use o TikTok como arma para minar a segurança nacional dos Estados Unidos”.
“Os regimes autoritários não deveriam ter acesso irrestrito aos dados sensíveis de milhões de americanos”, afirma o procurador-geral Merrick Garland.
Na sexta-feira, a embaixada chinesa em Washington acusou os EUA de reprimir injustamente o TikTok: “A China tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente os seus direitos e interesses legítimos”, disse um porta-voz.
O TikTok negou em diversas ocasiões qualquer influência do Partido Comunista Chinês na rede social.
RedNote: uma alternativa?
O TikTok afirma ter 170 milhões de usuários nos EUA que, em média, passaram 51 minutos por dia no aplicativo em 2024.
Banir o TikTok cria uma grande oportunidade para seus grandes rivais tecnológicos, diz Jasmine Enberg, analista da Insider Intelligence.
“Os Instagram Reels da Meta e os Shorts do YouTube do Google são as alternativas mais naturais para usuários, criadores e anunciantes deslocados”, diz ela.
Mas é outra plataforma de propriedade chinesa que chamou a atenção: Xiaohongshu – conhecida como RedNote entre os usuários dos EUA – que tem crescido rapidamente nos EUA e no Reino Unido.
No aplicativo, que é muito popular na China e em Taiwan, alguns americanos estão usando o termo “refugiados do TikTok”.
RedNote tem cerca de 300 milhões de usuários mensais e é uma combinação de TikTok e Instagram – e um dos poucos aplicativos disponíveis na China e fora dela.
A TikTok, embora propriedade da empresa chinesa ByteDance, tem sede em Singapura e afirma ser operada de forma independente. A versão chinesa do TikTok é outro aplicativo chamado Douyin.
RedNote é de uma empresa chinesa com sede em Xangai.
Portanto, os temores de Washington em relação ao TikTok também se estendem ao RedNote.
À medida que o imbróglio continua, novos usuários americanos no RedNote referem-se a si mesmos como “espiões chineses” – continuando um tendências do TikTok, onde as pessoas se despediam do seu “espião chinês pessoal” que supostamente os observava ao longo dos anos.
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